segunda-feira, 9 de abril de 2007

Resíduos Sólidos Urbanos

Poucos portugueses fazem reciclagem. Os mais novos têm maior facilidade em alterar os seus hábitos, mas a população adulta ainda não o faz em larga maioria. Os humanos são "animais de hábitos enraizados" no que toca ao ambiente que têm em casa.

O preço não é um obstáculo (caixas de 2.5€ no IKEA com 22 litros de capacidade) e até há mesmo freguesias (Linda-a-Velha) que oferecem os "baldes ecológicos".

A falta de ilhas ecológicas cada vez é menos um problema. Os materiais recicláveis são facilmente acomodáveis em caixotes e transportados para um local mais distante de casa. As freguesias têm feito um esforço em equipar todos os pontos de colecta de RSU com ecopontos - já vão em 25000 espalhados por todo o país.

Há cerca de 2 meses - por ter mudado os meus hábitos - comecei a fazer reciclagem selectiva com 4 caixas de 22 l que adquiri por 10€ no IKEA. As caixas são transparentes, empilháveis e fáceis de transportar. Os resultados foram:
  1. maior contribuição para o bairro onde vivo do volume de resíduos sólidos urbanos (RSU) reciclados - vidro, papel, plástico, óleos usados. A quantidade de plástico e de papel que reciclava era abismal, em muito superior ao lixo não-reciclável.
  2. maior atenção pessoal em questões que afectam o ambiente, tais como o consumo desenfreado. Isto acaba por contribuir para um ambiente sustentável e até poupo nos meus gastos.
  3. menor tempo perdido com um menor número de idas à "ilha ecológica" - Em vez do "saquinho de plástico" para o lixo, passei a ter 4 recipientes com uma capacidade total de 88 litros. Convém que esta capacidade seja maior para famílias com filhos.
Embora possa parecer irrelevante estar a abordar este assunto, na prática se toda a gente fizesse reciclagem, 80% dos produtos de consumo poderiam ser utilizados para outros fins. Além de tornar esses produtos mais baratos - por serem reintroduzidos no canal de comercialização - a poupança energética que se obtém em evitar a transformação das matérias primas no produto final é significativa.

Deitar para o lixo resíduos que podem vir a ser reciclados é contribuir para o problema de falta de capacidade dos aterros sanitários. É que aquilo - o lixo - vai ter que ficar em algum lado, e mesmo que fosse incinerado, a emissão de dioxinas com a sua queima seria prejudicial para a saúde pública.

Só com o envolvimento de cada cidadão, onde cada um implementa a "sua" política ambiental - sim porque a definição de políticas não é uma coisa exclusiva das elites - é que se pode combater este problema ambiental.

Se não o fizermos, maior número de aterros sanitários serão precisos, com os conflitos sociais que isso acarreta. Ninguém quer gramar o "cheiro" de um aterro ao pé da sua casa - que o digam os habitantes ao pé de Trajouce, que ficou selado "só" 6 anos depois de ter começado a receber os RSU de Cascais, Sintra, Oeiras e Mafra.

A título informativo, é a Tratolixo, uma EIM, que trata da gestão dos RSU em Oeiras e nos restantes concelhos, Mafra, Cascais e Sintra. A empresa COLEU faz a recolha e transporte de resíduos sólidos urbanos, com especial incidência nos resíduos recicláveis. O aumento da reciclagem têm sido muito positivo mas ainda é insuficiente.

Também sei que a nível político, falar do lixo "parece mal". Contudo, os resultados práticos que se podem obter a longo prazo superam as expectativas iniciais. Que o diga o actual primeiro-ministro, que começou como o "homem dos aterros sanitários" e que "acabou com as lixeiras em Portugal".

Parece mentira, não é?

6 comentários:

Filipa disse...

Os resíduos, nome de lixo, são o grande quebra-cabeças a médio e longo prazo. Separar em casa é algo de uma simplicidade atroz.
A minha luta é sempre em separar no momento da compra, de trazer, de adquirir, de receber: isso é me custa.
Assim, o que ocupa também os meus pensamentos é o primeiro dos 3 R's. Reduzir.

Isabel Magalhães disse...

Caro DC;

Muito pertinente, principalmente agora que algumas das nossas freguesias se candidataram ao prémio da freguesia ecológica.

Quanto à separação feita por escalões etários não sei bem se é assim - não tenho dados para contrapor - mas acho que não tem a ver com idade mas sim com estar minimamente atento ao problema.

No meu dia a dia continuo a ver jovens e menos jovens que - alegremente - acham que 'beata' não é lixo e a atiram para o chão, e mais o pacote vazio dos cigarros, e mais os papeis que voam das janelas dos carros - apesar de já ser passível de coima, segundo o novo regulamento - e mais tudo o que o 'bom' cidadão português entende que pode deitar na via pública.

Um abraço.
I.

Rui Freitas disse...

Amigo "Direct Current", duas ou três achegas:
Não são as Freguesias (Juntas) que "equipam todos os pontos de colecta de RSU com ecopontos"; são os Municípios!
Ainda eu presidia à Junta de Paço de Arcos e já a Tratolixo oferecia às populações (através das Juntas, isso sim...), "caixas eco-pontos" caseiros de separação para reciclagem: Como a procura foi muita, passei a pedir muitoas mais. Sabe o resultado? Penso que ainda lá devem existir muitas, pois as pessoas deinteressaram-se, pura e simplesmente, de as ir buscar gratuitamente. E sabe ainda porquê? Porque os eco-pontos não existem ainda em quantidade/proximidade das residências que "justifiquem" a "maçada" que dão ao cidadão!
É verdade que são os mais jovens que estão mais motivados para a separação, reciclagem e preservação do Ambiente. Assim lhes ensinam nos estabelecimentos de ensino... e ainda bem!
Quanto à prática, vai alguma distância, se me permite a opinião!
Tal como os eco-pontos ainda não chegam para motivar os cidadãos, também os estabelecimentos de restauração se queixam da escassez de vidrões; e são eles quem mais deles necessita. Embora ainda haja quem despeje literalmente restos de comida directamento nos vulgares contentores...
Acho que há que repensar um pouco tudo isto.

E disse...

Há em Vila Fria um centro de triagem de RSUs. Mais dedicado a recolha ponto a ponto de estabelecimentos comerciais (e outros).

Ora isto quer dizer que um ecoponto pode não ser a solução para estabelecimentos comerciais tipo Oeirasparque. Ou outras lojas/restaurantes.

Acho que o papel destes estabelecimentos consiste em montar um centro de triagem no local em contentores feitos à medida das suas necessidades (um oleão, por exemplo, no caso de restaurantes) e a sua recolha ser feita a pedido, porta a porta, por centros como os de Vila Fria.

Rui, e quanto ao orçamento de uma freguesia? Achas que pode adquirir vários ecopontos para colocar na sua freguesia?

E disse...

Outra coisa curiosa, a COLEU foi fundada em 1993, não exerceu qq actividade até 2000, altura em que foi extinta depois de uma auditoria do Tribunal de Contas. Foi reactivada em 2003. O papel da COLEU foi desempenhado por quem?

Isabel Magalhães disse...

A Junta de Freguesia de Linda-a-Velha vai começar a distribuição dos 'baldes ecológicos' pelas casas comerciais.