Conclui-se aqui a publicação de uma série de artigos sobre o Palácio dos Arcos, publicados no Jornal Costa do Sol, da autoria do Dr. Jorge Miranda. Foi com agrado que demos conta aos nossos visitantes da perspectiva de um historiador e grande conhecedor da História Local do nosso Concelho.
"PONTOS DE VISTA
CONTROVERSA UTILIZAÇÃO - VI
Com este conjunto de reflexões que temos vindo a publicar, quisemos chamar a atenção dos munícipes para a aprovada intenção da Câmara de Oeiras de converter o conjunto do Palácio dos Arcos, em Paço de Arcos, em hotel de charme. Esta utilização, pelas suas implicações no contexto da preservação do património, é, como o afirmámos no título destas notas, controversa. De facto, mesmo sem nos encontrarmos na posse da totalidade dos elementos da equação, pomos sérias reservas quanto à bondade da solução.
Com a concretização desta hipótese, a subversão do edifício e do espírito do testador – o conde de Arrochela – parece-nos um facto inquestionável que merecia cuidada ponderação. Ao contrário do que se disse, não será assim que se logrará contribuir para “recuperação e revitalização do centro histórico da localidade” nem se “atenderá à preservação do património”. Estas premissas passarão antes pela utilização cultural do conjunto, reservando ao mínimo as intervenções sobre as suas estruturas, de forma a evitar a sua descaracterização, e exaltando e valorizando as suas cargas simbólica, histórica e patrimonial.
Concordamos que se tem de encontrar uma solução que ponha cobro à progressiva degradação do imóvel. Mas não pode ser a qualquer preço. Terá de ser o erário municipal a suportar “os custos elevadíssimos para a sua manutenção”. Não podemos esquecer que o Município, ao aceitar o legado nas condições estabelecidas, conformou-se com as inerentes responsabilidades.
Parece-nos uma (boa) inevitabilidade a instalação da casa-museu e inquestionável a necessidade da preservação do todo. No entanto, para animar o espaço e dar-lhe alguma rendibilidade económica, admitimos que pudesse albergar, em simultâneo e em articulação equilibrada, uma vertente hoteleira, do tipo “clube britânico” de convívio. Esta solução potenciaria o desfrute da deslumbrante paisagem, impediria a agressão às estruturas do imóvel e garantiria o equilíbrio do conjunto, sem quebra da harmonia da paisagem.
A Câmara de Oeiras ao constituir-se proprietária deste nobre complexo assumiu uma enorme responsabilidade cultural que não pode declinar nem malbaratar.
Jorge Miranda
(jorge.o.miranda@gmail.com)
Nota: O blog Oeiras Local teve a amabilidade de transcrever estas notas e recebemos alguns e-mails de apoio ao que íamos expondo. Agradecemos a atenção. – J.M."
Com os agradecimentos do Oeiras Local ao excelente Jornal Regional e ao autor dos artigos.
"PONTOS DE VISTA
CONTROVERSA UTILIZAÇÃO - VI
Com este conjunto de reflexões que temos vindo a publicar, quisemos chamar a atenção dos munícipes para a aprovada intenção da Câmara de Oeiras de converter o conjunto do Palácio dos Arcos, em Paço de Arcos, em hotel de charme. Esta utilização, pelas suas implicações no contexto da preservação do património, é, como o afirmámos no título destas notas, controversa. De facto, mesmo sem nos encontrarmos na posse da totalidade dos elementos da equação, pomos sérias reservas quanto à bondade da solução.
Com a concretização desta hipótese, a subversão do edifício e do espírito do testador – o conde de Arrochela – parece-nos um facto inquestionável que merecia cuidada ponderação. Ao contrário do que se disse, não será assim que se logrará contribuir para “recuperação e revitalização do centro histórico da localidade” nem se “atenderá à preservação do património”. Estas premissas passarão antes pela utilização cultural do conjunto, reservando ao mínimo as intervenções sobre as suas estruturas, de forma a evitar a sua descaracterização, e exaltando e valorizando as suas cargas simbólica, histórica e patrimonial.
Concordamos que se tem de encontrar uma solução que ponha cobro à progressiva degradação do imóvel. Mas não pode ser a qualquer preço. Terá de ser o erário municipal a suportar “os custos elevadíssimos para a sua manutenção”. Não podemos esquecer que o Município, ao aceitar o legado nas condições estabelecidas, conformou-se com as inerentes responsabilidades.
Parece-nos uma (boa) inevitabilidade a instalação da casa-museu e inquestionável a necessidade da preservação do todo. No entanto, para animar o espaço e dar-lhe alguma rendibilidade económica, admitimos que pudesse albergar, em simultâneo e em articulação equilibrada, uma vertente hoteleira, do tipo “clube britânico” de convívio. Esta solução potenciaria o desfrute da deslumbrante paisagem, impediria a agressão às estruturas do imóvel e garantiria o equilíbrio do conjunto, sem quebra da harmonia da paisagem.
A Câmara de Oeiras ao constituir-se proprietária deste nobre complexo assumiu uma enorme responsabilidade cultural que não pode declinar nem malbaratar.
Jorge Miranda
(jorge.o.miranda@gmail.com)
Nota: O blog Oeiras Local teve a amabilidade de transcrever estas notas e recebemos alguns e-mails de apoio ao que íamos expondo. Agradecemos a atenção. – J.M."
2 comentários:
Caro Amigo Jorge Miranda;
O 'Oeiras Local' é que agradece, reconhecidamente, a cedência dos artigos.
Pela forma clara e serena como o assunto foi sendo exposto ao longo de seis semanas ficámos mais esclarecidos e alertados...
Espera-se, - e deseja-se - que este assunto tenha o desfecho que melhor sirva o concelho de Oeiras, o Património, os munícipes e o País que não pode, nem deve, malbaratar um edifício de que há registo documental datado de 1437.
Agradecemos também ao Fernando Lopes pela sua participação e empenho.
Isabel,
Muitas vezes, os municipios aceitam estes legados, para depois lhes darem outros destinos, e Oeiras não é excepção (temos disso referências recentes).
Veja mesmo o que sucedeu à antiga Fábrica da Pólvora de Barcarena, apenas 1/100 daquela área toda, teve aproveitamento público, tudo o resto são negócios imobiliários, e pior, nenhum natural da freguesia de Barcarema deteve a oportunidade de dentro daqueles espaços de luxo (moradias e apratamentos entre 150.000 e 800.000 Euros), poder obter uma habitação social, ou de outra índole.
Aqulo que não foi demolido, são as edificações que se situam situa dentro da zona de cheias (onde não se pode edificar) é património construido e arqueologia industrial.
Vejamos o que irá acontecer com a Quinta da Nossa Senhora da Conceição (classificada como património desde o regime de Oliveira Salazar), e que pertenceu à família Sinel de Cordes.
Pergunto: não farão dali a CMO mais um condominio privado...?
Joaquim Sena
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