domingo, 30 de dezembro de 2012

Os convidados da mesa de Natal dos portugueses


Apesar de Pacheco Pereira não ser fã do FB, este seu texto merece ser amplamente divulgado, inclusivé no FB.

José Pacheco Pereira no Público


Os convidados da mesa de Natal dos portugueses.
«[...] O desdém pela “classe média” vem deste moralismo punitivo sobre os portugueses que melhoraram a sua condição desde o 25 de Abril [...] O ataque à classe média é um remake do ódio à “burguesia”, quer na versão esquerdista, quer na visão direitista, a que tinha, por exemplo, O Independente, que adorava a “velha riqueza” e escarnecia dos que tinham “peúgas brancas”, ou, como Macário Correia, tinham pais pobres e isso “via-se”. Como sempre acontece, os melhores intérpretes desta sanha são eles próprios típicos membros e representantes dos grupos que escarnecem, falsos senhoritos com pretensões monárquicas, pequeno-burgueses que acham que, como falam ao telefone com Ricardo Salgado, estão noutro escalão social, gente que gostava mesmo de ir a Marbella, mas hoje faz de conta que nunca fez nada disso. Os caminhos do Senhor são de facto tortuosos.

A mensagem do “Pedro e da Laura” no Facebook, um casal que resolveu falar-nos no Natal com uma proximidade forçada que incomoda, é um exemplo típico deste marxismo vulgar da “infraestrutura”. [...] A todos eles o “Pedro e a Laura” aconselham que não tenham “pesar”, por estarem falidos, ou desempregados, ou endividados, ou terem perdido a casa, ou não terem dinheiro para a renda, ou terem que dizer ao filho que não há dinheiro para continuar a estudar, ou que já não podem mais ajudar os pais reformados, ou por estarem tão zangados com a vida que todos à volta pagam um preço elevado em violência verbal e não só. [...]

Não, “Pedro e Laura”, na mesa de Natal de muitos portugueses o que preocupa não é a falta de rabanadas, nem brinquedos, nem pessoas, mas sim o facto de lá estar sentado o medo, a indignidade, a vergonha e o desespero, coisas que não vêm em estatística nenhuma. E isso não garante futuro nenhum que valha a pena viver, nem aos pais, nem aos filhos, nem aos netos.»

4 comentários:

Clotilde Moreira disse...

Li o Pacheco Pereira no Público e concordo com ele.

Isabel Magalhães disse...

Impossível não concordar com o JPP...


O dinheiro-velho também começou por ser dinheiro-novo. (Esta é para o PP).

Anónimo disse...

De facto o texto é particularmente incisivo, pena que esta dimensão crítica, (im)parcial, (a)partidária não tenha sido uma constante sua...ainda assim no momento concordo a 100%

Anónimo disse...

De facto este texto de Pacheco Pereira é particularmente incisivo, apenas tenho pena que esta sua vertente crítica,(im)parcial e (a)partidária não seja uma constante fazendo vislumbrar algumas vendettas pessoais...ainda assim no momento e neste texto de acordo a 100%