"O BPN é o maior escândalo financeiro da história de Portugal. Nunca antes houve um roubo desta dimensão, "tapado" por uma nacionalização que já custou 2400 milhões de euros delapidados algures entre gestores de fortunas privadas em Gibraltar, empresas do Brasil, offshores de Porto Rico, um oportuno banco de Cabo Verde e a voracidade de uma parte da classe política portuguesa que se aproveitou desta vergonha criada por figuras importantes daquilo que foi o cavaquismo na sua fase executiva. É confrangedor olhar para este "negócio" que agora, a mando do entendimento com os credores internacionais, o Governo fecha com o BIC angolano de Isabel dos Santos e Américo Amorim e dirigido no terreno por Mira Amaral, antigo ministro de Cavaco Silva. Os números dizem tudo: o Estado português queria inicialmente 180 milhões de euros e o BIC acaba por pagar 40 milhões (menos que a cláusula de rescisão de qualquer futebolista razoável) por uma estrutura financeira que nos últimos dias teve de ser capitalizada em mais 550 milhões para que alguém ousasse fazer o favor de aliviar o Ministério das Finanças deste pesadelo. Para além disso, o Governo pagará as despesas do despedimento de um pouco mais de metade dos actuais 1580 trabalhadores, o que permitirá aos novos donos reduzirem em 30% os actuais 213 balcões do BPN. O BPN não foi vendido, foi "despachado", como era inevitável que o fosse, numa operação que parece decalcada de uma "transferência" futebolística e que, como aquelas, tem uma cláusula que visa poder defender o presidente perante os sócios: se o BPN vier a dar um lucro de 60 milhões nos próximos cinco anos, o Estado português arrecadará ainda mais 20 por cento desta verba... Em termos financeiros e políticos, este escândalo há muito que está percebido. Ele é o exemplo máximo da promiscuidade dos decisores políticos e económicos portugueses nos últimos 20 anos e o emblema maior deste terceiro auxílio financeiro internacional em 35 anos de democracia. Justifica plenamente a pergunta que muitos portugueses fazem: se isto é assim à vista de todos, o que não irá por aí?" (João Marcelino)
3 comentários:
Eu também fiz esta pergunta quando ouvi as noticias na TSF.
Clotilde
E os 2 (ou 5) mil milhões que a Caixa lá meteu? Quem paga? Nós!!!!!!
FL
"O BPN é o maior escândalo financeiro da história de Portugal. Nunca antes houve um roubo desta dimensão, "tapado" por uma nacionalização que já custou 2400 milhões de euros delapidados algures entre gestores de fortunas privadas em Gibraltar, empresas do Brasil, offshores de Porto Rico, um oportuno banco de Cabo Verde e a voracidade de uma parte da classe política portuguesa que se aproveitou desta vergonha criada por figuras importantes daquilo que foi o cavaquismo na sua fase executiva. É confrangedor olhar para este "negócio" que agora, a mando do entendimento com os credores internacionais, o Governo fecha com o BIC angolano de Isabel dos Santos e Américo Amorim e dirigido no terreno por Mira Amaral, antigo ministro de Cavaco Silva. Os números dizem tudo: o Estado português queria inicialmente 180 milhões de euros e o BIC acaba por pagar 40 milhões (menos que a cláusula de rescisão de qualquer futebolista razoável) por uma estrutura financeira que nos últimos dias teve de ser capitalizada em mais 550 milhões para que alguém ousasse fazer o favor de aliviar o Ministério das Finanças deste pesadelo. Para além disso, o Governo pagará as despesas do despedimento de um pouco mais de metade dos actuais 1580 trabalhadores, o que permitirá aos novos donos reduzirem em 30% os actuais 213 balcões do BPN. O BPN não foi vendido, foi "despachado", como era inevitável que o fosse, numa operação que parece decalcada de uma "transferência" futebolística e que, como aquelas, tem uma cláusula que visa poder defender o presidente perante os sócios: se o BPN vier a dar um lucro de 60 milhões nos próximos cinco anos, o Estado português arrecadará ainda mais 20 por cento desta verba... Em termos financeiros e políticos, este escândalo há muito que está percebido. Ele é o exemplo máximo da promiscuidade dos decisores políticos e económicos portugueses nos últimos 20 anos e o emblema maior deste terceiro auxílio financeiro internacional em 35 anos de democracia. Justifica plenamente a pergunta que muitos portugueses fazem: se isto é assim à vista de todos, o que não irá por aí?" (João Marcelino)
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