sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O ESCÂNDALO DO IMI


  • O ESCÂNDALO DO IMI

    Uma das medidas deste novo “pacote” de austeridade que mais me repugnou prende-se com a inqualificável abolição da cláusula de salvaguarda que limita o aumento do imposto ao máximo de €75.
    Ora, as taxas máximas do IMI subiram uma décima para 0,5 (prédios avaliados) e 0,7 (não avaliados), o que representa, à partida, agravamentos de 25% e de 17%, respectivamente. Entretanto estão em avaliação até ao final do ano cerca de 5,3 milhões de fogos. Estas medidas provocarão aumentos brutais do imposto (três, quatro vezes ou mesmo mais sobre o valor pago no antecedente)!
    Apesar de anunciado um regime especial de protecção às famílias de mais baixos recursos, a verdade é que a maioria dos proprietários vai ser confrontado com valores simplesmente insuportáveis e imorais.
    Trata-se de uma receita municipal, mas creio este “brinde” às autarquias não passa de um presente envenenado. De facto, o Governo prepara-se para reduzir a seu favor pelo menos o valor correspondente ao aumento potencial do imposto em cada Município, retendo para o efeito outras prestações devidas pela administração central às Câmaras. E suspeito que o saldo não será neutro pois o Governo tenderá a subtrair o equivalente à subida potencial do IMI em cada Município e é evidente que o valor efectivamente cobrado será muito inferior face ao previsível aumento generalizado dos incumprimentos. As famílias preocupam-se prioritariamente, como se compreende, com as contas da alimentação, do ensino, da farmácia, da energia, da água, deixando para as calendas o IMI.
    Perante esta situação escandalosa fica a exigência, se o Governo não recuar, de que a maioria na Assembleia da República reponha a cláusula de salvaguarda e alargue o regime especial de protecção às famílias de mais baixos recursos. Por seu lado, as Câmaras devem repudiar a taxa máximo e aplicar a taxa antes em vigor ou mesmo inferior a esta, se possível, em ordem a atenuar a monstruosidade da carga fiscal sobre os seus residentes. É o mínimo que se espera daqueles representantes dos cidadãos!
     
    Via FB

2 comentários:

Helder Marques de Sá disse...

Já referi neste espaço que as famílias, incluíndo as monoparentais, têm feito um esforço enorme para pagar a renda (ao senhorio ou ao banco), a água, a electricidade, o gás e outros bens de 1.ª necessidade. Se o IMI avançat tal como está, as famílias vão entrar em incumprimento forçado, é o Governo de Passos Coelho que as levará a incumprir. Podem ser responsabilizadas? Fica aqui a chamada de atenção para os srs. juízes, as pessoas não devem ser despejadas das suas casas por incumprimento, por serem vítimas de um "assalto à mão armada". Vamos aguardar.

Isabel Magalhães disse...

O Estado tem sempre "a faca e o queijo na mão". Se o contribuinte não pagar perde um bem de vários milhares de €uros por conta de uma dívida infinitamente menor.

A par com as famílias monoparentais, há que não esquecer os seniores (titulares únicos) que ainda não se viram livres da hipoteca da fracção onde habitam e têm vindo a receber cada vez menos pensão além do corte de um subsídio.

Como é que um reformado/pensionista que recebe 600 ou 700 €uros mensais pode fazer face às despesas básicas acrescidas da hipoteca e dos impostos? O IMI proposto por este governo vai deixar muitos idosos sem tecto. Vendem a fracção, pagam a importância em dívida e vão viver para onde?

Não esquecer também todos os impostos municipais mensais constantes da factura dos SMAS e o imposto anual de conservação de esgotos.