Em tom informal, na agradável e acolhedora esplanada da Casa das Queijadas de Oeiras, e como tem sido apanágio de todas as conferências promovidas pela Associação Cultural de Oeiras ESPAÇO e MEMÓRIA, a Dra. ANA GASPAR, professora na Universidade Autónoma, proferiu uma conferência subordinada ao título "A GREVE DOS TECELÕES DE OEIRAS", plena de interesse a diversos níveis. A conferêncista realizou um profundo trabalho de investigação, que culminou na edição de um livro com o mesmo título, há 15 anos, editado pela Câmara Municipal de Oeiras. E foi na sequência desse trabalho de investigação que fez a sua comunicação, perante uma vasta audiência pasmada ante os desconhecidos elementos históricos dum passado recente da Vila de Oeiras, simpática e graciosamente fornecidos pela investigadora.
A referida greve ocorreu em 1871, na importante FÁBRICA DE LANIFÍCIOS DE S. PEDRO DO AREEIRO, propriedade do seu fundador, JOSÉ DIOGO DA SILVA. Esta estava cita na Rua de São Pedro do Areeiro, próximo à ribeira da Lage. Para situar quem não a esteja a reconhecer, nesta rua, até há poucos anos funcionou o tribunal de Oeiras numa modesta vivenda.
Os edifícios que constituíam a fábrica, dois pavilhões, e que compunham o complexo industrial, ainda subsistem no local, entretanto transformados em habitações.
Assim como sobrevive também, se bem que de forma precária e desabitada, a Qta. de São Pedro, com entrada pelo n.º 10 da Rua da Torre. Quem não se lembra da icónica torre do relógio em frente ao portão do Liceu de Oeiras? Para os que o frequentaram, é claro. Torre esta que era simultaneamente cisterna. No edifício contíguo habitava o dono da fábrica com a sua família.
A dimensão desta empresa pode ser avaliada pelo facto de que chegou a empregar cerca de 600 operários e operárias. De citar que empregava inúmeras crianças que, apesar de o serem, não o eram para trabalhar, e laboravam tal como os adultos, frequentemente 14 e 16 horas por dia.
A greve movimentou grande número de operários e operárias, alguns dos quais foram despedidos na sequência daquela luta em que reclamavam melhores condições de trabalho. A mesma foi bastante divulgada nalguma da mais relevante imprensa da época e, pasme-se, durou cerca de mês e meio! A sua importância e dimensão pode ser considerada se tivermos em conta que os protestos e a greve dos operários conduziram a que a própria Vila de Oeiras tivesse sido ocupada por tropas vindas de Lisboa, que tomaram a povoação de assalto e a ocuparam.
Foi indubitavelmente um excelente momento para aprender e recordar a história.
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Programação dos próximos eventos:
SÁBADO, 26 Ago, 09:30 - visita guiada - Jardins do Palácio do Marquês e Parque Municipal, conduzida pelo Arq. Rodrigues Dias. A concentração será no largo do Pelourinho.
SEGUNDA, 28 Ago, 21:30 - conferência - A Arquitectura de Veraneio de Oeiras, pela dra. Alexandra Antunes, na esplanada da Casa das Queijadas de Oeiras.
Ambos os eventos são de entrada livre.
fotos: © cv comunicação visual 2006
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