PALÁCIO MARQUÊS DE POMBAL
Sob a condução esclarecida e deveras pedagógica do Arq. Rodrigo Dias, a visita guiada de sábado último, do programa de verão da Associação Cultural de Oeiras ESPAÇO e MEMÓRIA, que decorreu de manhã, transportou os participantes num agradável passeio de sonho pelos fascinantes Jardins do Palácio do Marquês de Pombal e pelo aprazível Parque Municipal de Oeiras.
O nosso cicerone esclareceu-nos sobre a estrutura e organização do espaço ao tempo do Marquês e as posteriores alterações que foram ocorrendo ao longo do tempo e à medida que a área considerada ia sendo alienada.
Muitas pessoas pensam que a área actual do jardim é a área original. Nada mais longe da verdade. Esta corresponde grosso modo a cerca de talvez 10% do total da imensa quinta de recreio do Marquês de Pombal, a qual se prolongava por terrenos actualmente na posse da Estação Agronómica Nacional, até à conhecida Casa da Pesca e Cascata da Taveira, na vertente poente do vale da Ribeira da Lage, e até à Fonte e Cascata do Oiro e ao Pombal, na vertente oposta do vale. Toda esta vasta área constituía um conjunto perfeitamente integrado, em parte ajardinado e dotado de estruturas de lazer, em parte plantado e semeado com objectivos produtivos.
O que hoje encontramos na parte próxima ao Palácio, apesar de belo e aprazível, representa uma distância imensa relativamente ao que era ao tempo do Marquês. Se existiam diversos elementos que hoje ainda podemos apreciar e usufruir, como o Terraço das Araucárias, a Cascata dos Poetas, o Parque das Merendas, as pontes, outros espaços desapareceram ou foram profunda e irremediavelmente alterados, como o Horto Ajardinado, o Terreiro de Jogos, o canal navegável na ribeira, a rua dos Loureiros, que se prolongava, estupendamente arborizada, até à Casa da Pesca e pela qual se passeavam os convidados de charrete, etc.
Um ALERTA deve aqui ficar no que concerne à zona e equipamentos na área da responsabilidade da Estação Agronómica Nacional. Aqueles espaços foram parte integrante e estrutural da quinta de recreio e combinavam magnificamente com a função desta, simultaneamente de lazer e produção agrícola. Apesar de ter sido já apresentado um projecto que visava reconstituir os percursos da quinta, que poderia incluir passeios de charrete como eram efectuados ao tempo do Marquês, o projecto foi simplesmente 'chumbado' pelas entidades responsáveis. E todo aquele espaço, um património único, corre o risco de um destes dias, ao acordarmos de manhã, o encontrarmos urbanizado, opado de alcatrão, cimento e betão! Só um exemplo: É lamentável o estado decrépito e de degradação da Casa da Pesca e da Cascata da Taveira. A delapidação dos magníficos painéis de azulejo, existentes no local, é uma demonstração da incúria a que está sujeito o nosso património.
PARQUE MUNICIPAL
Razões de ordem pessoal impediram-nos de participar na subsequente visita ao Parque Municipal, pelo que nada podemos dizer sobre a mesma. Contudo temos informações seguras de que as espectativas dos visitantes não foram defraudadas.
imagem: © cv comunicação visual
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