quarta-feira, 23 de agosto de 2006

visita guiada ao Forte e Farol do Bugio


Fazendo juz à nossa herança de marinheiros, sábado último lá nos fizemos ao mar!
Como programara a Associação Cultural de Oeiras ESPAÇO e MEMÓRIA, pela manhã, com saída do Porto de Recreio de Oeiras, 3 levas de passageiros, em aparentemente frágeis semi-rígidos, pilotados por experientes e simpáticos skypers da Nautic Diver, enfrentaram as vagas e foram conduzidas em 3 grupos de pessoas até àquele lugar de sonho e fantasia que habita o onírico e o espírito de todos os que se passeiam ou apenas e tão só deambulam pelo litoral do nosso Concelho ou veraneiam nas nossas praias ou ainda, os mais afortunados, que navegam pelas águas, ora doces e macias, ora amargas e ásperas, do nosso reino das Tágides, o Tejo.

Refiro-me, é claro, ao fascinante e superlativo FORTE E FAROL DO BUGIO (ou de São Lourenço da Cabeça Seca), edificado num manto rochoso a cerca de 1,29 milhas náuticas para SE do Porto de Abrigo de Oeiras que, nos seus tempos de glória, combinava tronante fogo artilheiro com o Forte de São Julião da Barra, para defender a Barra do Tejo e proteger o acesso ao porto de Lisboa de investidas inimigas, o que sucedeu diversas vezes.

Fomos integrados no segundo grupo e a visita excedeu em muito as nossas expectativas.
No local, o Dr. Joaquim Boiça e o Dr. José Meco aguardavam-nos para serem os nossos cicerones e nos darem as explicações necessárias e transmitirem os seus imensos e profundos conhecimentos sobre a história do complexo.

Não nos decepcionou a visita na medida em que era um sonho que alimentávamos há muitos anos, nem nos decepcionaram as completíssimas informações que os nossos guias nos transmitiram.

Desagradou-nos, isso sim, não podemos deixar de o dizer, e nisto sabemo-nos secundados por TODOS, guias e visitantes, o estado calamitoso e deplorável de avançada degradação do interior dos diversos espaços, a pedir um URGENTE restauro, na medida em que o tempo não perdoa e não podemos esquecer que a edificação está localizada num sítio onde luta diariamente e com ardente tenacidade contra o mar bravio e a intempérie.
Para que essa luta seja profícua e aquele fantástico monumento não desapareça irremediavelmente, tragado pelo esquecimento, e pelo mar, há que reabilitá-lo.

Nomeadamente restaurando a CAPELA de São Lourenço do Bugio, seu santo patrono, toda ela revestida a madeira pintada a imitar mármore, com um magnífico altar de embutidos em mármore, peça singela mas maravilhosa, logo particularmente frágil.
São muitas as dependências a pedir intervenção. Como a dependência onde estão os tanques onde era armazenado o azeite que fazia funcionar o farol, e cujo travejamento do tecto, também de madeira, ameaça ruir a qualquer momento.

Quem vê o Bugio aqui de longe, mesmo que com o auxílio de um bom par de binóculos, só vê pedras, e não imagina o que lá existe dentro. Estruturas diversas com várias funções, construídas em razão das múltiplas funções do Bugio, nomeadamente de praça-forte, com guarnição, armada até aos dentes, e poderosa artilharia e de farol, com faroleiros que mantiveram a luz acesa sem falhar durante noites infindas e intermináveis e à custa de sacrifícios humanos tremendos. Honra seja feita a estes bravos!

Seja como for, salvo que está, para já, o edifício, com a última intervenção na sua sapata, que impediu que o Bugio fosse inevitavelmente demolido e tragado pelo mar furioso, urge intervir agora no seu interior, num restauro que lhe devolva a magnificência do passado, quando era habitado, e que nos orgulhe de o ter como património, único no arrojo arquitectónico, e nos dê a ânsia prazenteira de o mostrar ao mundo.

Para aqueles que estiverem interessados em conhecer mais em pormenor o Bugio, construímos uma página com algumas fotografias, que pode ser encontrada AQUI: FORTE DO BUGIO.

foto: © cv comunicação visual 2006

5 comentários:

Isabel Magalhães disse...

Amigo J.A.;

É com alegria que vejo teres já feito o relato da visita. Eu fui na primeira leva do semi-rígido, (grupos de 12 pessoas).

Em relação à verdadeira dimensão do Forte, disse-nos o Prof Boiça que chegou a albergar 150 praças da Armada e um faroleiro (civil). Algures no séc XX viveram lá permanentemente 3 faroleiros e as respectivas famílias.

Outra curiosidade que registei, a iluminação do Farol consumia 12 litros de azeite/dia.

A parte degradada, - as madeiras da capela, casa dos tanques, casa dos faroleiros e outras dependências - está sob a protecção (ó que protecção) do IPPAR. A parte que foi restaurada petence à Marinha.

Obrigada pela partilha do teu ponto de vista que coincide com o meu.

Unknown disse...

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Olá Isabel,

Fiz, mas esta é a do ano passado.
A deste ano - de hoje - foi idêntica.
Apenas tivemos um dia pior, pois o ano passado tivemos sol, o que tornou o passeio mais agradável.

Sei que adoraste a visita. Outra coisa não seria de esperar.
Como ouvi a um sujeito cá da terra: "Quem não vai ao Bugio não é verdadeiramente de Oeiras"... :)))

Bjs,

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Isabel Magalhães disse...

Adorei sim. Foi um dia especial, a primeira vez que desembarquei no Forte, embora já lá tenha passado - à vela - várias vezes.

Isabel Magalhães disse...

ihihih! ihihih!

Só agora reparei que esta é a viagem de 2006.

Estar ao computador com um olho num filme da TV dá mau resultado. :)))

Unknown disse...

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EHEH...

Pois, isso assim não dá muito jeito.
Já perdi esses hábitos. Vantagens de ter o computador no scriptorium e a tv na sala.

Na outra casa onde morei não tinha scriptorium. A sala comum servia para tudo e eu conseguia fazer isso. Estava ao computador a desenhar e pelo rabo do olho ia vendo os filmes na televisão.

Agora, só se pusesse uma placa de tv no computador. Mas não me parece... :)

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