segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O preço do asfalto

Opinião





00h00m

1. O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, tinha sido absolutamente claro: só avançavam as auto-estradas já adjudicadas. As outras ficavam para ocasião mais abonada. E ficavam auto-estradas por fazer da mesma forma que os funcionários públicos ficavam com os salários congelados. Acontece que, uns dias depois, em pezinhos de lã, lá veio o ministro das Obras Públicas corrigir o discurso para uma versão diferente e "ligeiramente" mais cara. Segundo António Mendonça, além das auto-estradas já adjudicadas, o Orçamento do Estado ainda tem fôlego para algumas das que estão em fase final de concurso. Nem por acaso, um desses pacotes é o das Auto-Estradas do Centro. Uma obra que vai custar entre 1418 e 1701 milhões de euros, consoante a obra seja entregue à Mota-Engil ou à Soares da Costa. Na verdade, seria uma injustiça deixar de fora este projecto por questões administrativas de pormenor. A obra só não está ainda adjudicada porque o concurso tinha sido anulado, à conta do preço excessivo que os consórcios pretendiam cobrar ao Estado. Há uns meses, imagine-se, a Mota-Engil subiu a sua proposta de 535 milhões para 1100 milhões. Um preço inaceitável. Felizmente houve bom senso e promoveu-se um novo concurso. Agora só vai custar 1418 ou 1701 milhões… [Só para o caso de algum leitor notar alguma incongruência, os números são mesmo estes]

2. Se querem saber a verdade sobre Portugal, estejam atentos ao que dizem os ministros espanhóis. Querem exemplos? Em Novembro passado, enquanto o nosso ministro das Obras Públicas, António Mendonça, andava a conhecer os cantos à casa, apareceu por cá o ministro do Fomento espanhol, José Blanco López, comunicando que, ao contrário do que nos prometia o Governo, a construção da linha de TGV entre Porto e Vigo já tinha sido adiada de 2013 para 2015. Isto porque "nuestros hermanos" prezam muito os acordos internacionais, mas preocupam-se em primeiro lugar com os interesses do seu país. Era pegar ou largar. Por estes dias, foi a vez do ministro do Interior espanhol, Alfredo Perez Rubalcaba, nos elucidar sobre o que anda a ETA a fazer em terras lusas. Enquanto, do lado de cá, Rui Pereira protagonizava um ruidoso silêncio, o ministro espanhol explicava--nos que os terroristas não só se refugiaram em Portugal, como passaram a usar o nosso país como centro de operações. Ou seja, o chefe das nossas "secretas" - que em Janeiro rejeitava como "especulativa" qualquer teoria que olhasse para os etarras em Portugal como mais do que simples turistas - anda a apanhar bonés. E com ele o nosso ministro da Administração Interna. A julgar pelas informações que chegam de Espanha, a ETA não só construiu uma "fábrica de morte" em Óbidos, como deverá ter mais algumas bases em território luso. Resumindo, e para voltar ao princípio, o que nos vale são os ministros espanhóis para saber a verdade sobre Portugal.

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