sábado, 5 de fevereiro de 2011

Matar os sonhos é crime

Apesar de alguma perturbação dos anos setenta muitos dos nossos Jovens estudaram e arranjaram emprego e, com sonhos de independência, casaram e tiveram filhos. Muitos portugueses viram começar a concretizarem-se os ideais de uma sociedade mais justa. E os discursos e comportamento dos governantes iam no sentido de uma consolidação das novas directrizes. Havia quem desconfiasse e chamasse a atenção para a morte do nosso aparelho produtivo mas lá de fora só vinham bons incentivos à política portuguesa.

E, de repente, o descalabro. Os avós ainda novos foram despedidos ou reformados à pressa e os pais na rua porque tudo está a fechar. Deram-se uns subsídios que agora irão desaparecer. Até as pensões dos que trabalharam uma longa vida estão em risco. Do que se vai viver? E os nossos Jovens? Até as escolas estão a deixar de ser um lugar seguro com a falta de professores, de pessoal não docente, com as remodelações inesperadas dos currículos.

O mercado de trabalho está um caos: salários baixos, horários desumanos, mobilidade incompreensível que impossibilitam mesmo os mais afoitos a constituir família. As dívidas a crescerem, famílias a retornarem à casa dos avós e o futuro sem amanhãs. Povo sem sonhos não pode construir um País e matar os sonhos aos Portugueses é crime.


Maria Clotilde Moreira / Algés


Artigo publicado hoje nas Cartas à Directora do jornal Público

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