terça-feira, 26 de abril de 2011

Recordações de Abril

Recordo o telefone a acordar-nos antes das sete: liguem a TV. E foi um desvario entre ficar em casa, levar a filha à escola, ouvir as notícias e mais telefonemas. Depois acompanhar tanta coisa nova e viver cantando a Esperança.

As multidões podiam, enfim, gritar a alegria que ia começar; batiam-se palmas às fardas, beijavam-se os Amigos que chegavam de longe. E as cantigas foram o pão das nossas almas. Muitos continuaram nos seus postos de trabalho mas apoiando os que de perto foram ajudar a Revolução a tomar corpo, a organizar-se, a estabilizar.

Vieram os partidos e vieram as eleições livres! Muitas outras se seguiram em que o Povo, muito Povo foi escolhendo miragens de promessas – quase sempre pouco cumpridas – promessas renovadas e adiadas, embaladoras com desculpas "não nos deixam fazer, mas continuem connosco que agora é que é?" E o Povo levantando-se tem obrigado que se cumpra alguma coisa. Porém continua muito longe o pão que esta liberdade nos poderá dar.

Apesar de tudo valeu a pena. Tem valido a pena mesmo neste momento em que parece que estamos num buraco; valeu a pena o Abril de 1974 porque Vos posso dizer: continuem - como diz o Poeta - "… agora ninguém mais cerra as portas que Abril abriu!"

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