sexta-feira, 13 de maio de 2011

Duas anti-sugestões

O Senhor Professor Campos e Cunha sugeriu aqui no Público, em 29 de Abril, que os trabalhadores laborassem mais meia hora por dia pois este procedimento aumentava a produtividade e teria efeitos quase imediatos no PIB. E acena que será preferível esta sugestão ao um despedimento ou baixa de salário e não conseguir fazer face às despesas familiares.

Depois diz que uma solução alternativa seria mexer a sério no código do trabalho, criando-se um terceiro contrato de trabalho que ficaria entre a flexibilidade dos contratos a prazo e a rigidez dos permanentes.

Parece preocupado com cortes salariais na remuneração dos trabalhadores, na possível necessidade de aumentar a idade da reforma, no desemprego… Claro que só fala dos trabalhadores. Não se refere aos ordenados e prémios escandalosos de directores, gestores e administradores. Só cá em baixo é que é preciso cortar. Saberá o Senhor Professor que um trabalhador tem limites como qualquer outro ser humano e que ao fim de um dia em frente a um equipamento ou carregando ou fabricando ou montando peças ou atendendo público ou trabalhando com um computador poderá entrar em situação de perigo e ter acidentes? Saberá porque certas profissões têm de ter horários mais reduzidos para evitar acidentes? É que mais meia hora poderá fazer toda a diferença.

Pode ser que um dia nos encontraremos e eu possa explicar ao Senhor Professor como se deve respeitar quem trabalha e precisa do salário para constituir família e o País ter mão de obra para os Senhores Empresários terem os seus lucros e evitarmos ser comandados por estrangeiros.


Maria Clotilde Moreira / Algés



Artigo publicado hoje nas Cartas à Directora do Jornal Público


3 comentários:

Isabel Magalhães disse...

Clotilde;

Muito bem! Gostei!

Rui Freitas disse...

Amiga Clotilde, subscrevo inteiramente. Nós, os portugueses trabalhadores e sérios, sabemos fazer sacrifícios e fazêmo-los; olá se fazemos! Apenas pecisamos ter a certeza de que os mesmos são necessários ao País e ao futuro dos filhos e netos (quem os tem) e que quem governa o País não desbaratará o "nosso suor", oferecendo-o a quem o não merece.

Clotilde Moreira disse...

Obrigada Rui pelo seu apoio.
Clotilde