Não
vou dizer que expulsando o que é natural nos cardeais ele volta a
galope: acredito que o que disse o novo cardeal português, Manuel de
Castro, foi só dele. E não vou retirar ao cardeal a legitimidade de se
pronunciar sobre educação dos filhos lá porque não os faz: admito que um
olhar de fora possa ser mais atento. Portanto, com o tal cardeal não
generalizo, nem o excluo do direito de opinião. Dito isto, engalinhei
por ele ter dito que "a mulher deve poder ficar em casa ou, se trabalhar
fora, num horário reduzido, de maneira que possa aplicar-se naquilo em
que a sua função é essencial, que é a educação dos filhos". Na verdade,
não engalinhei, senti a crista encrespar-se! Senti a minha função
essencial de pai educador diminuída. Que é isso de que cabe mais e
melhor a elas educar?! Parir, de acordo; mas a educar peço meças.
Acordei noites para sussurrar acalmias a choros. Admoestei muito cedo a
falta de dizer bom-dia a vizinhos. Mergulhei junto para acabar com
medos. Forcei-me a decorar poemas só para a acompanhar. Soube fazê-la
sentir que ela estava comigo, mesmo quando estávamos longe um do
outro... É certo que não fiquei em casa nem trabalhei menos para a
educar, não pude, é a vida. Mas apliquei-me na minha função essencial de
pai educador. E a prova é que dei à minha filha ensinamento útil: "És
cidadã a parte inteira, mas, nunca esqueças, nada está garantido para
sempre." Preveni-a contra si, cardeal.
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