domingo, 3 de setembro de 2006

visita guiada O Palácio Marquês de Pombal e A Capela de Nossa Senhora das Mercês


Tal como tinha sido anunciado, sábado último realizou-se a visita guiada que a Associação Cultural de Oeiras ESPAÇO e MEMÓRIA tinha programado.
A mesma decorreu no PALÁCIO MARQUÊS DE POMBAL, grandioso e incontornável ex-libris da Vila de Oeiras, incluindo uma passagem pela exuberante e magnificamente decorada Capela do palácio, a CAPELA DE NA. SRA. DAS MERCÊS.


Na CAPELA, que terá sido terminada cerca de 1762, o Sr. Gomes dos Santos, nosso cicerone, abordou a história da edificação da mesma, integrada no corpo nascente do palácio, com acesso tanto pelo interior como pelo exterior, não deixando de lado os aspectos artísticos e simbólicos nela representados, fazendo o correspondente enquadramento histórico e artístico.

Na mesma são de salientar, principalmente, três magníficas telas da autoria de André Gonçalves, e os impressionantes e integrais revestimentos em estuque das paredes e abóbadas, da autoria da oficina de João Grossi, estucador milanês muito estimado pelo Marquês de Pombal, e responsável pela sólida implantação desta arte em Portugal. É notável o púlpito sobrepujado por um belo baldaquino, peças também revestidas a estuque. Tem ainda lindíssimos silhares de azulejo historiado com cenas religiosas.


Sobre o PALÁCIO propriamente dito, o nosso anfitrião foi o inefável e incansável Prof. José Meco, que nos conduziu através dos diversos corredores e salas, colocando a tónica do seu discurso, quer nos magníficos estuques que recobrem os tectos de várias dependências, quer na azulejaria que reveste grande parte das paredes. Não sem antes ter feito uma introdução bastante esclarecedora sobre as origens e história do Palácio. Nomeadamente o seu desenvolvimento arquitectónico, e enquadramento em estruturas e espaços pré-existentes.

Ficámos assim a saber que existia no local um primitivo palácio, mais pequeno, pertença da família Carvalho, herdado pelo Marquês, que o fez ampliar contratando para o efeito o seu arquitecto de eleição, o húngaro Carlos Mardel. Daquele primitivo palácio subsistem ainda vestígios, nomeadamente na barroca porta de entrada que encima a escadaria, que do pátio dá acesso ao interior do Palácio.

Saliento a importante e interessantíssima Sala da Concórdia, a qual apresenta no tecto um revestimento esplêndido de estuque pintado a imitar madeira, com uma tela ao centro, possivelmente de Joana do Salitre, na qual estão representados o Marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Melo, e os seus dois irmãos, Francisco Xavier de Mendonça Furtado e Paulo de Carvalho e Mendonça, que com ele contribuíram para o engrandecimento das propriedades da família.

De salientar também é a magnífica varanda do corpo voltado a Sul, sobranceira à Rua Desembargador Faria (antiga Estrada da Torre) da qual se disfrutava certamente uma vista maravilhosa, ao longo do vale, pela Ribeira da Lage, até à desembocadura desta na Praia de Sto. Amaro. Esta varanda está revestida com belos azulejos.

A visita culminou com uma passagem pelos magníficos terraços para ver e rever o Jardim de Buxo, o Terraço das Araucárias, a Fonte de Embrechados e as esplendorosas escadarias exteriores com os seus excelentes revestimentos em azulejo.

Nota: A belíssima Sala de Jantar ficou de fora desta visita, por estar inacessível. É nela que se encontra a biblioteca do I.N.A. O Palácio continua ocupado por serviços do I.N.A. - Instituto Nacional de Administração - e é uma pena, pois muitos dos revestimentos das paredes não podem ser vistos em toda a sua beleza e grandiosidade, devido a estarem ocultos por mobiliário do mais diverso teor, nomeadamente quadros e écrans, nas salas usadas para formação, estantes, sofás, mesas e cadeiras, etc. Para quando a saída definitiva do I.N.A. das instalações - o Palácio é hoje propriedade da Câmara Municipal de Oeiras, que em boa hora o adquiriu - para que o mesmo possa ser devidamente intervencionado e reabilitado para mais nobres e dignas funções culturais? Por exemplo a instalação de um museu?

imagens: © cv comunicação visual 2006

11 comentários:

Isabel Magalhães disse...

Também subscrevo que é de lamentar que o Palácio albergue as instalações do INA. Deveria estar aberto ao público como Palácio/Museu por se tratar de parte importantíssima do património monumental e artístico não só de Oeiras mas do país.
E receio que o uso diário por parte de uma grande empresa contribua para danificar de forma irreparável espólio e construção.
A visita guiada que fiz já tem uma dezena de anos mas imagino a acção causada nas paredes pelos cabos necessários à informática e reforço de instalação eléctrica.
Se - e espero que sim - o palácio for devolvido à sua função de património os trabalhos de restauro serão elevadíssimos certamente.

Unknown disse...

.

Olá Isabel,

Até que enfim que alguém comenta este post que tanto trabalho me deu a compor !
Foi preciso mais de um ano até aparecer UM comentário... mas apareceu ! :)))

A situação do INA mantém-se.
Sei que estão à espera de encontrar um local para se transferirem e deixarem definitivamente o Palácio (é o que está acordado com a CMO, actual proprietário), mas até lá...

Bjs,

.

Isabel Magalhães disse...

J.A.:

À época do post o meu portátil andava a viajar por terras de 'nuestros hermanos' e eu não tinha acesso net/blog.

Depois... bem, depois, a vida passa a correr e nunca me tinha dado para rever matéria. :)


Aquele abraço.
I.

walkingaroundbymm disse...

Hoje fiz uma visita ao palácio e jardins do marquês do qual ainda irei fazer um post no meu blog do passeios.
Este seu post está excelente e servirá também como inspiração e tenciono colocar um link para aqui, se não se importar claro :)
é de lamentar não ser possível a visita a todo o palácio, vimos a biblioteca mas as cozinhas não estão acessíveis....
marg

Isabel Magalhães disse...

marg;

Os links são bem-vindos. Tudo o que é para divulgar o concelho de Oeiras - e o País - é bem-vindo.

Quando visitei o Palácio, integrada numa visita promovida pela Real de Lisboa, tb não me lembro de ter visto as cozinhas.

Pode ser que um dia seja possível a visita mais alargada.

Unknown disse...

Cara Marg,

No que me diz respeito como autor do post, disponha dele à vontade.

Como a CMO já adquiriu o edifício e o INA está em vistas de sair, estamos a aguardar o que o futuro reserva.
Mas estamos muito apreensivos, pois o projecto mais falado nos corredores é o de um hotel de luxo, que inviabilizará quaisquer visitas e porá em risco muito do património arquitectónico e decorativo do Palácio.
A ver vamos...

Cumprimentos,
José António Baptista

Isabel Magalhães disse...

Se o projecto do Hotel se vier a concretizar espero que mantenham a Capela.

Não quer dizer que não haja outras preocupações mas lembrei-me da capela...

Em Cáceres, o Mélia está num palácio seiscentista e a restauração, conservação e adptação foi um sucesso. Poderíamos aprender com eles.

Unknown disse...

I.,

A ver vamos.
A Capela é o menos preocupante.
O que acontecerá, p.ex., aos magníficos tectos estucados que decoram todas as salas do palácio?
Não os podem remover. Também não podem deitar paredes abaixo para subdividir os salões e tapar os tectos.
Enfim, como digo, temos que esperar.

J.

Isabel Magalhães disse...

J;

A Capela não sei se é menos se é mais... é parte de um todo. Aliás, mencionei que há outras preocupações.

A ver vamos...


I.

walkingaroundbymm disse...

e que tal criar um movimento de apoio a este nosso património, será que podemos lutar um bocadinho por ele e depois se não der resultado então dizer que fizémos o que podíamos e pelo menos não ficámos de braços cruzados a ver acontecer....
Oeiras está lamentavelmente esquecida a nível cultural e turístico. Temos cantos e recantos magníficos mas pouca divulgação sobre os mesmos.
Existem estas visitas a este, ao lagar de azeite e à quinta real de caxias, mas nem sequer existe visita em inglês/espanhol/francês...
A agenda 30 dias lá vai tendo alguma programação cultural, mas será suficiente?
marg

zaltruista disse...

Meus senhores.
a informação por vós postada foi-me muito útil para uma investigação que estou a fazer do palácio. Poderão V. excias por favor dizer-me se à data de hoje o INA ainda se encontra aí instalado?
Já agora, conhecem algum autor/artista Plástico/figura proeminente do panorama cultural/artístico português nascido no municipio de Oeiras (vivo ou morto)?
Muito obrigado