sábado, 14 de abril de 2007

Público * 12 Abril 2007 * pg. 41

“FACTOS E ESTRATÉGIAS" por Constança Cunha e Sá

(...)
Quem havia de dizer que, ainda há dois meses, se assinalavam os dois anos de Governo com hagiografias do primeiro-ministro que o apresentavam como um politico autoritário e determinado, especializado na arte da propaganda e no cálculo preciso das suas intervenções.
(...)
aparece, de repente, enfiado numa estratégia suicida, incapaz de perceber os sinais do país e a lógica da informação, sem conseguir travar a sua arrogância e a sua teimosia de sempre. O estado de graça de um político acaba invariavelmente assim, quando as qualidades do passado se transformam, de um dia para o outro, nos grandes defeitos do presente.
(...)
Curiosamente, não parece ocorrer a ninguém que o “silêncio” do primeiro-ministro seja apenas fruto do impasse criado pela revelação de alguns factos que dificilmente se conseguem explicar. (...) o primeiro-ministro pode apresentar-se na qualidade de vítima. Falar de campanhas obscuras. Apresentar diplomas. Juntar certificados. Remeter para a Universidade Independente. Desculpar-se com os “lapsos” da Assembleia da República. Desvalorizar as alterações do seu curriculum oficial. Descrever o MBA que não completou. Referir a pós-graduação que não possui.O que não pode é apagar os factos que vieram a público nas últimas semanas:
- o facto do seu plano de equivalências não estar sequer assinado;
- o facto de ter feito quatro cadeiras com um único professor que, na altura, era adjunto do Governo a que pertencia;
- o facto de ter passado no exame de Inglês Técnico sem que o regente da cadeira lhe tenha posto, alguma vez, os olhos em cima;
- o facto de se dar como engenheiro civil quando a sua licenciatura nunca foi reconhecida pela Ordem dos Engenheiros;
- o facto de não se lembrar do nome de nenhum dos seus dois professores;
Ou seja, o facto indesmentível do seu currículo académico não revelar a exigência e o rigor que o seu Governo gosta de exigir a todos os portugueses – revelando simultaneamente a imensa fragilidade politica de um primeiro-ministro provinciano que tinha na modernidade e na qualificação a sua imagem de marca.
(...)
Só que este caso, na sua aparente menoridade, revela três factos que, em qualquer democracia, se podem tornar fatais. Antes de mais, mostra que a licenciatura do primeiro-ministro está longe de obedecer aos padrões de uma licenciatura normal. Em segundo lugar, prova que o primeiro-ministro se apresentou com títulos académicos que não possuía. E por último, confirma as fragilidades de uma comunicação social, que, apesar do esforço feito nos últimos dias, tem dificuldade em resistir à necessidade de controlo que se detecta no poder socialista.”

6 comentários:

E disse...

Portugal no seu melhor!!!

Anónimo disse...

Revista SÁBADO desta semana

A DISSERTAÇÃO DE FINAL DE CURSO DO PRIMEIRO-MINISTRO NÃO CONSTA DA BIBLIOTECA DA UNIVERSIDADE INDEPENDENTE - TENDO MAIS DE 16 VALORES DEVERIA ESTAR LÁ. A SÁBADO CONFIRMOU-O NO LOCAL , ONDE ENCONTROU A TESE DE ARMANDO VARA

A Universidade Independente devia conservar na sua biblioteca os trabalhos finais dos alunos com notas iguais ou superiores a 16 valores. Apesar desta norma interna da UnI, a dissertação final de uma das cinco cadeiras feitas por José Sócrates não está lá - nem a dos seus colegas de curso na altura

Logo na entrada da pequena sala da biblioteca, localizada no 3º andar, estáuma estante onde se encontram os melhores trabalhos finais dos diversos cursos da Independente. Ao lado HÁ UM DOSSIER COM OS TÍTULOS DAS DISSERTAÇÕES (...) O TRABALHO FINAL DA CADEIRA DE PROJECTO E DISSERTAÇÃO DE JOSÉ SÓCRATES NÃO ESTÁ LÁ

(pags 60 e 61)
observateur

Anónimo disse...

10:55 (JPP)
LENDO
VENDO
OUVINDO
ÁTOMOS E BITS
de 13 de Abril de 2007


Os pecados veniais de 1993 (ano da biografia parlamentar) ou de 1995-6 (ano da Independente) preocupam-me pouco. O "jovem" Sócrates (que já não era tão jovem como isso, mas dou o desconto porque nas carreiras políticas das "jotas" envelhece-se devagar) pode sempre dizer que confundiu o "uso social" dos títulos académicos com a sua veracidade. Passons, não é grave, nem nada de especial, até porque sem méritos não se chega a Primeiro-ministro.

O curso pode ter sido de plástico, mas em muitas universidades portuguesas e não só nas privadas, é essa a oferta existente. A troca de favores, que agora parece ser, para os que querem encerrar o assunto, a única dúvida aceitável (com a ajuda inestimável do BE dixit ), só pode ser provada por um inquérito comparativo com outros estudantes em idênticas circunstâncias. Ora, isto é difícil sem uma comissão habilitada e com poderes para inquirir, e a amostra será sempre tão pequena que os resultados serão precários. Se Sócrates teve a vida "facilitada" pela Independente? É natural que sim, porque é sempre boa publicidade ter um deputado como estudante. Mas, para isto Sócrates não tinha que dar nada em troca a não ser "existir" e inscrever-se naquela universidade. Não me parece que sobre isto tenha especiais responsabilidades, e não há a mínima indicação de que terá havido qualquer troca de favores.

Mas não é o Sócrates de 1993 ou de 1996 que me preocupa, é o Sócrates de 2007 revelado pela sua atitude face ao que se está a passar. Preocupa-me o "método", a ocultação da verdade pela confusão lançada com explicações e afirmações contraditórias, as pressões para que o assunto não fosse tratado na comunicação social, a mistura de arrogância e falsa indignação, o "silêncio" que fala ao telefone, a derradeira tentativa de encerrar o assunto quase manu militari usando todos os meios e todas a influências, incluindo insultos e ameaças e tentando criar um vazio de credibilidade sobre quem continua a achar-se pouco esclarecido. Isto preocupa-me até porque é o "método" da OTA, e será o "método" para qualquer coisa que irrite, acosse ou ameace o Primeiro-ministro do alto do seu poder. Não é o carácter que tem que ser julgado, é a qualidade da governação que pode ser afectada por um estilo de tratar as coisas em que se usa o poder, todo o poder, para esconder as fragilidades.

*

Há, no entanto, em tudo o que veio a público, um único documento que me preocupa muito mais do que qualquer outro e esse tem que ser cabalmente esclarecido e até agora não o foi. É este, em duas versões do mesmo documento:



Não é um cheque, nem uma escritura, nem um documento legal, mas é o único documento que conhecemos assinado por José Sócrates e tudo nele é obscuro. E todos os dias mais obscuro fica, como se vê hoje no Jornal de Notícias:

"No Parlamento também ninguém sabe explicar quando e como foram feitas as alterações, porque "decorreram 15 anos e é impossível indagar", respondeu ao JN o gabinete da secretária-geral. Adelina Sá Carvalho diz, no entanto, que, "em regra, as correcções são feitas no original", acrescentando que "nenhum dos documentos [dos dois encontrados no Parlamentol] é um original". Não há, portanto, nenhuma explicação para o facto de, em regra, as alterações serem feitas no original de "um registo biográfico que é enviado, por cópia, aos serviços que dele carecem" - como diz a secretária-geral - e existir uma cópia no Arquivo Histórico sem as correcções e outra corrigida na Divisão de Apoio ao Plenário. O gabinete do primeiro- -ministro voltou a garantir ao JN que "foi feita uma clarificação do registo inicial", salientando que em nenhuma das cópias existentes é referido "pelo deputado ter, àquela data, uma licenciatura em Engenharia Civil". O gabinete de Sócrates garante igualmente que as correcções foram feitas "naquela altura", ficando na dúvida apenas quanto ao dia, por já terem passado 15 anos. Sem o original, existem apenas duas cópias que dizem coisas diferentes."

Convinha lembrar à responsável da Assembleia da República as palavras de Mariano Gago sobre a responsabilidade dos "donos" da Universidade Independente pela preservação e integralidade do seu arquivo e que se aplicam como uma luva à Assembleia da República. Convinha que não se esquecesse de que talvez não lhe fique bem ser tão peremptória sobre a impossibilidade de "indagar". Convinha também lembrar ao senhor Procurador Geral da República que, aqui sim, há razões para inquirir.

Leitor de Oeiras

Anónimo disse...

O deputado Adérito Campos do PSD viu a sua carreira política arruinada nos anos 90 devido a ter invocado que era licenciado sem o ser.
O actual Primeiro-Ministro já invocou falsamente ser engenheiro civil, inventou que tinha uma pós-graduação (que para mais nem existe...) e tem dois certificados de licenciatura contraditórios: um deles a desmetir o que ele disse na RTP, o outro a certificar conclusão de licenciatura ao Domingo...

Anónimo disse...

Que Sócrates mentia (e mente) estamos todos carecas de saber... O que não podemos deixar acontecer é que tudo fique na mesma. O grave disto é o branqueamento que do caso se quer fazer. Trata-se de um Primeiro-Ministro! José Sócrates, O Senhor "Moral", o Senhor "Rigor", afinal é praticante do mais parolo simplex (método simplório) de obtenção de qualificações académicas. O facilitismo, o amiguismo, o compadrio, o atalhar para a todo o custo obter uma qualificação académica. E pior...fazer-se passar por aquilo que não é!
Meus amigos, isto já não é uma mera questão de política é um caso de política que mexe com muitos interesses. Razão tem Marques Mendes ao pretender que isto seja investigado. Mas na minha opinião a investigação deve ser feita pelos órgãos de polícia criminal. Pese embora a relutânncia (muito estranha) do Senhor Procurador Geral da República em iniciar uma investigação.
Vivemos onde? Na República das Bananas?
E as pressões sobre a comunicação social?
Quanto mais tempo teremos que pactuar com o mitómano Socrático e o seu gang?

Para reflexão!

Unknown disse...

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Pela boca morre o peixe... e guardado está o pedaço para quem o há-de comer...

cumps

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