domingo, 1 de agosto de 2010

Uma carnifina



Uma carnifina

0h30

Que o Ministério da Educação queira acabar com os ‘chumbos’, não admira. Toda a filosofia do ensino português, nos últimos longos anos, apontava para essa utopia igualitária: o fim da exigência pedagógica e o enterro de qualquer noção de excelência intelectual.

O que admira é a reacção da Confederação Nacional das Associações de Pais, que aplaude a medida e considera a pretensão da dra. Isabel Alçada "a maior revolução na educação desde o 25 de Abril".

Engraçado. Se alguém estivesse a preparar um crime destes sobre a formação académica de um filho meu, a única atitude sensata seria a náusea, a revolta, eventualmente a emigração.

As nossas associações de pais, pelo contrário, sentem orgulho e até gratidão. Porque imaginam que esta simpática fraude irá depositar nas mãos dos filhos o diploma de fantasia com que eles enfrentarão o mundo real.

Não é difícil imaginar a carnificina do arranjo. Difícil é contemplar o sorriso dos pais de hoje pelos filhos analfabetos e imprestáveis que terão amanhã.


João Pereira Coutinho, Colunista

3 comentários:

Helder Sá disse...

É simplesmente uma pouca vergonha e falta de decoro!

Pedro Coimbra disse...

O que terá a dizer o Presidente da República, um dos mais famosos chumbos na história do ensino em Portugal?

Isabel Magalhães disse...

Ontem vi na 'tele' uma entrevista em que a sra ministra (que - aparentemente - escreve bastante melhor do que fala) tentou explicar que não disse o que disse, ou que disse o que não queria dizer, ou que foi mal interpretada, ou... sei lá!
Sei que mencionou a Finlandia mas ter-se-á esquecido que em Portugal as turmas têm quase o dobro dos alunos, são turmas multiculturais com elevada percentagem de alunos que não dominam a língua do país, com alunos que não respeitam o professor (qual Lei, qual quê! o que impera é a falta de educação vigente e o exemplo - mau exemplo - de muitos dos progenitores), com um enorme fosso entre as crianças porque desde Guterres - o tal que tinha 'paixão pela educação' - o que se fez foi criar cada vez mais pobres e gente mal educada, além de terem retirado autoridade aos professores e aos auxiliares de acção educativa que são cada vez em menor número.
Portugal é um país de faz-de-conta. E não é só no ensino!