quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Debates (?!)



Da Vida Real

CM 09h00



Alguém acredita que a população em geral vá ligar coisa alguma a um tempo de antena ‘travestido’ de debate?

Os Partidos, ao que é noticiado, apresentaram as regras dos debates entre os vários líderes aos Media. Vejamos o que nos espera (ou desespera): assim, na véspera dos ditos debates, os Media propõem os temas. Cada um dos Líderes disserta durante dois minutos com direito a réplica de um minuto, sobre um conjunto de temas previamente escolhidos e acordados entre todos. Não se podem interromper. Tudo muito preparadinho, muito certinho, muito posto por ordem.

Mas será que podemos chamar a estas intervenções, tão espartilhadas, debates? Não serão meros ‘tempos de antena’? Onde fica o contraditório, o inesperado, o ser posto à prova sem conhecer previamente os temas? Onde fica a genuinidade, o confronto com o conhecimento (ou com a falta dele)? Não será isto, também, uma confissão de medos? Mas quem se propõe governar não pode ter medos destes e não é bom sinal aceitar os espartilhos que quem quer que seja queira impor.

Numa altura tão grave em que é preciso fazer tanto e explicar tanto, ‘debates’ combinados? Alguém acredita que a população em geral vá ligar coisa alguma a um tempo de antena ‘travestido’ de debate? Dois minutos para cada um se pronunciar, quando há soluções que terão de ser escalpelizadas, com verdade, clareza e seriedade? Pense-se na nossa oportunidade em África e no nosso posicionamento na Europa, na necessidade de criar Agricultura e Indústria, na Educação, na Justiça, na Saúde, só para citar algumas questões que me parecem prioritárias. Discutem-se todos estes temas em dois minutos, os que verdadeiramente interessam aos Cidadãos?

Obviamente que não. Vamos ter trocas de galhardetes que é o que menos importa, o superficial a vencer o substancial, é no que tudo isto vai acabar. Empobrecimento nosso.

Cada vez apertamos mais os meios de intervenção democráticos de participação livre, entre eles, a informação (tentativa totalitária do Primeiro-Ministro, como o é a Justiça).

Porquê tantas condições para debates que se transformam em meros tempos de antena onde, claro, nada é imprevisível?! Há algo mais importante do que informar livre e incondicionadamente?

Merecíamos isto? Merecem os Portugueses que os Candidatos a Líder só falem do que aceitam e combinam entre eles? Que desolador. Os ‘debates’ agora também se transformam em ‘batota’ eleitoral discursiva.

Isto tudo cansa que se farta ou desinteressa que se farta.


Paula Teixeira da Cruz, Advogada

5 comentários:

Anónimo disse...

Pfffff...

Um de Oeiras disse...

Poracria de debate.Não sei como é que o Paulinho foi na treta da conversa de estar a comparar o que o Sócrates Estaline fez com o que tinha sido feito até 2004. O Senhor José Sócartes tinha é de falar do que vai fazer.E isso eu não sei. Só sei é que a malta foi tramada nestes últimos 4 anos e meio. O resto são tretas.

AFS disse...

Alguém acredita que a população em geral vá ligar coisa alguma a um tempo de antena ‘travestido’ de debate?

Debate de ontem liderou audiências, com 15,2 de rating e 40% de share. Foi mais visto que as inenarrável linha de montagem de novelas da TVI.

Quanto ao resto, concordo. Mas para chegar a essas conclusões até o Zé da esquina...

Anónimo disse...

Eu vejo é o AXN. Estes debates poucos dizem coisas novas.É só passado. Hoje há a Aldeia da Roupa Branca na RTP2

Isabel Magalhães disse...

AFS;

"Debate de ontem liderou audiências, com 15,2 de rating e 40% de share."

Nós somos um povo de crentes. Talvez os telespectadores - ainda - acreditassem que ía ser mesmo um debate. ;)