sábado, 18 de agosto de 2007

... não lembra ao Diabo...


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"Há coisas que não lembram ao Diabo",
diz o povo do profundo seio da sua insofismável e incomensurável sabedoria.

Pois... Há coisas. Que não lembram ao Diabo efectivamente, e é certo, porque o Mafarrico, o Cornudo, o Mefistofeles, o Belzebu, o patas de bode, o 'trombalazana boizanas' pode ser Diabo... mas não é estúpido nem ignorante! Se o fosse, já teria desaparecido há milénios, com tantos esconjuros e exorcismos que se fazem para o erradicar da face da madrecita Terra.
Mas ele é um espertalhaço e resiste. Escusam de lhe amarrar a perna, que ele simplesmente sorri e sempre arranja uma maneira de se libertar das grilhetas com que o tentam manietar.

As coisas até podem passar pela alembradura do sacaninha. Mas passam depressa, não se detêm nem se demoram. Ele sabe bem que será sempre indiciado como o suspeito 'número um' por essas ocorrências. Gato escaldado de água fria tem medo. E assim, nem se atreve... apenas pensa com os seus botões - o Diabo tem botões? - "Para que é que eu me vou estar a ralar e a arriscar o coiro, se vai de certeza haver um parvalhão dum humano que vai fazer exactamente este disparate que fugazmente me passou pela moleirinha?"

É, e o Diabo nada faz. Há sempre quem faça por ele:



A fotografia mostra um 'curioso' remendo - chamo-lhe 'curioso' porque nem sei como adjectivá-lo - no maravilhoso revestimento de azulejos do prédio onde as nossas doces memórias situam o desaparecido Café Central no Largo 5 de Outubro em Oeiras.
Para mais facilmente identificarem o prédio, aqui está ele:



Confesso que perante isto fico sem palavras.
Mais valia terem deixado o 'buraco' e não terem feito nada.

Digo eu, que gosto de dizer coisas...


imagens: © josé antónio / comunicação visual 2007 - CLIQUE PARA AMPLIAR
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4 comentários:

Anónimo disse...

Está muito admirado? Mas ao menos neste caso não lhe levaram a parede. Aqui em Algés levaram metade de um banco de ajulejos duma vivenda da Rua Manuel Arriaga, 14, que foi doada à Misericórdia e apesar de haver gente a falar do caso...

Clotilde Moreira

Isabel Magalhães disse...

Caro J.A.;

Um 'belo' trabalho de 'patchwork', sem dúvida!



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Falta de cultura, falta de sensibilidade, falta de interesse, são razões mais do que suficientes para entregar um trabalho destes a um qualquer 'trolha', e se calhar o homem até ficou satisfeito com a obra...

E depois, isto deve ser apenas uma morte anunciada. Qualquer dia erguer-se-á, no local, um condomínio, aberto ou fechado, que vai rentabilizar o espaço e gerar mais impostos para a autarquia.

Enfim!

Unknown disse...

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Cara Sra. Clotilde Moreira,

Levaram METADE dos azulejos?...

Não foi - até ver - o caso deste belo edifício. Mas foi o caso da Galilé de entrada do Palácio do Egipto, onde faltam muitos, para referir apenas um caso.

Aqui para nós, se os quisermos encontrar, eles andam por aí espalhados em lojas de antiquários e bancas de velharias - em qualquer feira perto de si...

Post scriptum: Confesso que por vezes tenho uma certa relutância e um certo pudor em divulgar o património que temos, não se dê o caso de estar a dar 'ideias' a alguém...

Cumprimentos,

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Unknown disse...

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Olá Isabel,

As vicissitudes pelas quais aquele edifício já passou...
E que continuam, porque se começam a perceber sinais de alguma degradação, nomeadamente na cobertura.
Não vai ser necessário demoli-lo porque acho que vai cair por si.
E claro que isso vai ser uma alegria para 'certas' pessoas...

P.s.: Não tenho a certeza mas acho que pelo menos o piso inferior do edifício está ocupado - pertence? - à AXA.

bjs,

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