Em teoria, não me oponho às últimas loucuras do BE e do PS, a serem apresentadas na próxima semana. Permitir que um homem passe a mulher (nos documentos) conservando, porém, o respectivo pénis? É compreensível: todos nós guardamos certos ‘souvenirs’ de hotéis, mesmo que não tencionemos lá voltar. Por pura nostalgia.
O problema é que os projectos de ambos, ao acentuarem a divisão fatal entre ‘sexo’ e ‘género’, abrem a porta para qualquer delírio da ‘subjectividade’. Hoje, são homens que se sentem mulheres e mulheres que se sentem homens.
Mas nada garante que, nesta recusa da ‘natureza’ e na afirmação de uma ‘identidade’ alternativa, não apareçam por aí variações bizarras: homens que se imaginam cães; mulheres que se imaginam periquitos; e até, por incrível que pareça, homens que se imaginam mulheres que se imaginam homens.
Todos os seres humanos têm direito a viver as suas fantasias? Sem dúvida. Mas nenhum tem o direito de exigir dos outros o respeito ou o reconhecimento dessas fantasias. Que o meu vizinho goste de ladrar não é motivo suficiente para eu lhe oferecer um osso.
João Pereira Coutinho, Colunista
5 comentários:
Adoro estas derivas populistas/demagógicas destes comentadores-de-tudo-e-mais-alguma-coisa. Eu próprio aspiro a esse posto, mas ainda ninguém se decidiu pagar-me...
Não tenho opinião formada sobre o assunto em questão, mas estas tiradas de "homens que se imaginam cães, mulheres que se imaginam periquitos" são elucidativas do nível intelectual(óide) de quem as escreve.
Excelente artigo. Por mais que custe a engolir a alguns intelectualoides, génios auto-proclamados, que ditam a linha do pensamento politicamente correcto em vigor.
(Correcção do comentário anterior:)
Excelente opinião de alguém com "opiniões irrelevantes nem sempre fundamentadas" ;)
Mas respeito, sou um democrata!
Se pensam que já viram tudo no Portugal do Sócrates... pensem melhor! ;)
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