Tenho pena que muito do tempo dispendido numa Assembleia de Freguesia seja gasto pelos seus membros em picardias, desfeitas e desconsiderações resolvidas, muitas vezes, com mais intervenções em defesa da honra, atrasando-se a discussão dos pontos que levam os Fregueses a estar presentes. E às vezes até começam bem e com vivacidade mas depois lá vem um membro emperrar porque a risca da passadeira está torta ou não gosta da cor do antiderrapante ou o pilarete está mal colocado. O Executivo esclarece e o Eleito responde, o Presidente lá vai moderando.
Gostava de ver estes eleitos exporem realmente soluções bem estudadas, para os verdadeiros problemas da sua Freguesia e deixarem-se de ripópós só para se ouvirem. Até as actas ficariam mais leves e claras, mas fáceis de serem consultadas e entendidas.
Também as Assembleias Municipais enfermam destes defeitos. Cada partido tem a sua estratégia verificando-se, naqueles com maior número de presenças, que uns tantos praticamente nunca intervêm estando reservado aos “porta-vozes” as intervenções, os ataques, os pedidos de esclarecimentos e, claro, a defesa da honra.
Este comportamento deve ser a razão porque as Assembleias, tanto Municipais como de Freguesia, têm tão pouca assistência e mesmo os presentes raramente resistem até ao fim. Não seria de aplicar testes de cidadania a todos aqueles que quisessem ser autarcas para determinar o seu grau de disponibilidade de não serem o EU mas sim a voz clara, precisa e concisa do Povo?
Maria Clotilde Moreira / Algés
(Artigo publicado no Correio dos Leitores, JO, 12 de Outubro 2010)
4 comentários:
Quem é merecedora de ter uma coluna de opinião em qualquer um dos jornais locais é a Clotilde Moreira.
Sabemos que foca assuntos pertinentes e de cidadania, escreve de forma clara, concisa e é sempre ELEGANTE.
Isabel,
Obrigada pelas suas palavras.
Clotilde
E quando elas se prolongam até à uma e duas da manhã, como algumas em que participei... como "bombo da festa"? Só faltava discutir "o sexo dos anjos", no mais... enrolavam, enrolavam e o essencial ficava por discutir. Bom, hoje, algumas que conheço, são bem rápidas... porque não interessa explicar nada!
Clotilde;
O meu comentário é objectivo; não é apenas fruto da nossa amizade.
Ah! Esqueci-me de mencionar que não pretendi reduzi-la à imprensa local porque a sei assidua noutros jornais de maior dimensão que lhe publicam os artigos.
Enviar um comentário