terça-feira, 17 de novembro de 2009

"Ética republicana"

Opinião






JN 00h11m

Mário Soares considera que tudo o que tem vindo a público relacionado com a investigação criminal do caso "Face Oculta" não passa, enquanto questão política, de um "problema comezinho".

Tenho por aí um dicionário de sinónimos e, por via das dúvidas (as palavras têm ultimamente o péssimo hábito mudar de sentido de um dia para o outro), fui ver se "comezinho" continuaria ainda a significar o mesmo. Pelos vistos, continua: significa "banal", "corriqueiro", "trivial", "usual", "vulgar". É difícil, pois, não estar de acordo com Mário Soares. Um assunto que envolva, como o presente caso, corrupção, tráfico de influências, manipulação de concursos públicos envolvendo trocas de dinheiro e de favores entre gestores de nomeação política e empresários "amigos", e até alegações, sustentadas no despacho de um juiz, de crime de atentado ao Estado de Direito, tornou-se de facto hoje, em Portugal, coisa politicamente "comezinha", "trivial" e "vulgar". Custa a crer é que alguém como Mário Soares, que tão repetidamente convoca a "ética republicana", reconheça isso sem o mínimo sobressalto ético ou republicano.

3 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Não gosto nada de concordar com Mário Soares.
Mas, neste caso, tenho que concordar.
Apetec-me repetir a frase que Artur Jorge tornou célebre - "tudo absolutamente normal"!

Anónimo disse...

Mario Soares não quiz referir-se ao caso de corrupção, quiz referir-se à pseudo-envolvencia do Primeiro Ministro, e isso dá um significado diferente.
Veja-se que hoje mesmo, já não se fala de Sócrates nos jornais, sobre este caso, o que não é nada normal, nem comezinho.
Bater em Soares e Socrates sim, mas assim, não

oeiraslocal disse...

A ética anda pelas ruas da amargura.