Por Felícia Cabrita e Ana Paula Azevedo
José Paulo Bernardo Pinto de Sousa, primo do primeiro-ministro, prestou declarações hoje de manhã e negou ser ele o ‘Bernardo’ e o ‘Gordo’ referidos nos emails de administradores da Freeport
O primo de José Sócrates foi ouvido hoje de manhã pela equipa de investigadores coordenada pelos procuradores Paes Faria e Vítor Magalhães. José Paulo Bernardo Pinto de Sousa, que tem estado ausente de Portugal (nomeadamente no Brasil e em Angola) compareceu no DCIAP (Departamento Central de Investigação e Acção Penal) depois de as autoridades o terem notificado na semana passada, na sua residência.
O primo do primeiro-ministro foi confrontado com as fotos divulgadas pela TVI na sexta-feira passada – em que aparece com José Sócrates –, mas indicou tratar-se do seu irmão António Pinto de Sousa, que se encontra em Angola, na província de Benguela (onde gere os negócios da família, nomeadamente salinas). José Paulo foi também confrontado com elementos constantes no processo (nomeadamente, nomes constantes em emails trocados entre administradores da Freeport PLC e Charles Smith, consultor do outlet), com a empresa Mecaso e uma offshore a que esta está ligada – a Sante Services Company, sediada em Gibraltar.
‘Conforme combinado com Bernardo’
José Paulo Bernardo Pinto de Sousa é primo de José Sócrates pelo lado paterno. Em 2006, Alan Perkins – um funcionário da Freeport PLC enviado de Inglaterra para investigar o rombo financeiro que o empreendimento de Alcochete provocara na empresa em Londres – filmou, durante duas horas e meia, uma conversa com Charles Smith. Na gravação em DVD, estes dois consultores da Freeport em Portugal referem várias vezes, como seu ' homem de mão', um primo de José Sócrates.
Inicialmente pensou-se que seria o primo que se encontra na China, Hugo Monteiro (filho de Júlio Monteiro, que revelou ao SOL ter posto o consultor Charles Smith em contacto com Sócrates), pois este chegou a enviar um emall ao Freeport em que invocava o parentesco com o primeiro-ministro para conseguir obter um contrato com o outlet.
Mas, segundo o SOL entretanto apurou, Charles Smith enviou um email a Manuel Pedro, a 18 de Maio de 2002, pedindo-lhe que contactasse, «conforme combinado com Bernardo», os administradores da Freeport PLC para que fossem transferidas 80 mil libras para pagar a 'Pinóquio' (um nome de código usado para designar outra figura-chave no processo, ainda não identificada).
Em Janeiro deste ano, no seguimento de uma investigação do SOL às empresas em que participa Maria Adelaide Monteiro (mãe do primeiro-ministro, que desde o início da investigação faz parte da lista de suspeitos), apareceu a empresa Mecaso. Esta sociedade já estava referenciada noutro inquérito, em que se investigam indícios de tráfico de influências, corrupção, financiamento a partidos e branqueamento de capitais, por uma rede de pessoas ligadas à Câmara Municipal da Amadora e a empresas de construção civil. No âmbito deste processo e em buscas efectuadas pela PJ, em 2004, a empresas e a vários serviços da Câmara da Amadora foi apreendido um computador com uma listagem de empresas que teriam recebido 'luvas'. Aí aparece a Mecaso, da qual são sócios José Paulo Bernardo Pinto de Sousa, o pai deste (António Pinto de Sousa), o irmão e a mãe de José Sócrates.
Há alguns meses, em entrevista ao SOL, António Pinto de Sousa afirmou que a Mecaso é uma empresa «que nunca teve vida nenhuma». Mas, segundo o SOL apurou, continua a ser esta empresa a pagar um ordenado à mulher de Bernardo Pinto de Sousa.
felicia.cabrita@sol.pt e paula.azevedo@sol.pt
José Paulo Bernardo Pinto de Sousa, primo do primeiro-ministro, prestou declarações hoje de manhã e negou ser ele o ‘Bernardo’ e o ‘Gordo’ referidos nos emails de administradores da Freeport
O primo de José Sócrates foi ouvido hoje de manhã pela equipa de investigadores coordenada pelos procuradores Paes Faria e Vítor Magalhães. José Paulo Bernardo Pinto de Sousa, que tem estado ausente de Portugal (nomeadamente no Brasil e em Angola) compareceu no DCIAP (Departamento Central de Investigação e Acção Penal) depois de as autoridades o terem notificado na semana passada, na sua residência.
O primo do primeiro-ministro foi confrontado com as fotos divulgadas pela TVI na sexta-feira passada – em que aparece com José Sócrates –, mas indicou tratar-se do seu irmão António Pinto de Sousa, que se encontra em Angola, na província de Benguela (onde gere os negócios da família, nomeadamente salinas). José Paulo foi também confrontado com elementos constantes no processo (nomeadamente, nomes constantes em emails trocados entre administradores da Freeport PLC e Charles Smith, consultor do outlet), com a empresa Mecaso e uma offshore a que esta está ligada – a Sante Services Company, sediada em Gibraltar.
‘Conforme combinado com Bernardo’
José Paulo Bernardo Pinto de Sousa é primo de José Sócrates pelo lado paterno. Em 2006, Alan Perkins – um funcionário da Freeport PLC enviado de Inglaterra para investigar o rombo financeiro que o empreendimento de Alcochete provocara na empresa em Londres – filmou, durante duas horas e meia, uma conversa com Charles Smith. Na gravação em DVD, estes dois consultores da Freeport em Portugal referem várias vezes, como seu ' homem de mão', um primo de José Sócrates.
Inicialmente pensou-se que seria o primo que se encontra na China, Hugo Monteiro (filho de Júlio Monteiro, que revelou ao SOL ter posto o consultor Charles Smith em contacto com Sócrates), pois este chegou a enviar um emall ao Freeport em que invocava o parentesco com o primeiro-ministro para conseguir obter um contrato com o outlet.
Mas, segundo o SOL entretanto apurou, Charles Smith enviou um email a Manuel Pedro, a 18 de Maio de 2002, pedindo-lhe que contactasse, «conforme combinado com Bernardo», os administradores da Freeport PLC para que fossem transferidas 80 mil libras para pagar a 'Pinóquio' (um nome de código usado para designar outra figura-chave no processo, ainda não identificada).
Em Janeiro deste ano, no seguimento de uma investigação do SOL às empresas em que participa Maria Adelaide Monteiro (mãe do primeiro-ministro, que desde o início da investigação faz parte da lista de suspeitos), apareceu a empresa Mecaso. Esta sociedade já estava referenciada noutro inquérito, em que se investigam indícios de tráfico de influências, corrupção, financiamento a partidos e branqueamento de capitais, por uma rede de pessoas ligadas à Câmara Municipal da Amadora e a empresas de construção civil. No âmbito deste processo e em buscas efectuadas pela PJ, em 2004, a empresas e a vários serviços da Câmara da Amadora foi apreendido um computador com uma listagem de empresas que teriam recebido 'luvas'. Aí aparece a Mecaso, da qual são sócios José Paulo Bernardo Pinto de Sousa, o pai deste (António Pinto de Sousa), o irmão e a mãe de José Sócrates.
Há alguns meses, em entrevista ao SOL, António Pinto de Sousa afirmou que a Mecaso é uma empresa «que nunca teve vida nenhuma». Mas, segundo o SOL apurou, continua a ser esta empresa a pagar um ordenado à mulher de Bernardo Pinto de Sousa.
felicia.cabrita@sol.pt e paula.azevedo@sol.pt
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