Do Cais do Sodré até ao Rato, fomos falando com  as pessoas. A maioria compreende a posição dos grevistas. Muitos não dão  a cara. Quase todos os que falaram não vão fazer greve - o bolso e o  país não estão para isso, dizem
   
 Teresa, 20 anos, estudante universitária
  lll Percebe as razões dos trabalhadores que decidem fazer greve, 
mas não acha bem que o façam neste momento. Haveria outras formas de 
protesto “num momento em que a greve vai afectar todos os cidadãos, mais
 que o governo”. Acha que a forma de protesto deveria ter sido mais bem 
pensada, pois “a greve geral pára o país quando é urgente produzir mais 
para sair da crise”. 
  Lembra que os estudantes ficam impossibilitados de ir às aulas, 
especialmente se moram longe e estão dependentes dos transportes 
públicos. 
  Quanto às políticas do governo, “tinham de acontecer”, pois caso 
contrário “continuaríamos no buraco”. “Podemos não concordar com tudo, 
mas havia que fazer alguma coisa”, salienta. 
  Estamos ainda no princípio e “não podemos pensar apenas 
individualmente, pois a greve faz perder dinheiro ao país”, acrescenta. 
   Filipe, 33 anos, gestor
    lll Reconhece que a greve é um direito adquirido, mas considera 
que havia de se encontrar um meio-termo, pois “cada um puxa a brasa à 
sua sardinha”. A greve deveria servir para defender aquilo que interessa
 a quem protesta, mas “sem prejudicar as pessoas que não são favoráveis e
 não aderem”. 
    Lembra que no sector privado “é mais complicado, as pessoas são 
penalizadas pela greve”. Não esconde que as políticas do governo não 
merecem todas o seu apoio, mas “ouvimos tanto na televisão, todos os 
dias, que às tantas já não sabemos como avaliar”. 
    Considera também que este executivo aplica medidas económicas que
 têm um efeito imediato, mas cujas consequências exigirão outras medidas
 semelhantes dentro de algum tempo. Algumas destas medidas preocupam-no,
 “em particular no sector da saúde, em que as pessoas em situação de 
necessidade se encontram sem cuidados essenciais”, sublinha. 
(...)
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