30 Março 2012 | 01:16
Camilo Lourenço - camilolourenco@gmail.com
A situação no PS é curiosa: aumenta a contestação interna à implementação do memorando assinado com a troika.
A situação no PS é curiosa: aumenta a
contestação interna à implementação do memorando assinado com a troika. O
último episódio desta contestação (o desafio à ordem de abstenção na
votação da nova lei laboral, expressa no "post" do porta-voz João
Assunção Ribeiro, no Facebook,
sugerindo que gostaria de votar contra a medida), é a prova de que as
tensões estão ao rubro... e podem fazer estragos. Sendo que o estrago
maior pode ser a percepção, no exterior, de que Portugal perdeu o amplo
consenso político em torno do programa de ajustamento.
Compreende-se a frustração do porta-voz do PS: o partido está manietado na sua afirmação política por um acordo que foi obrigado a assinar pela troika, sob pena de Portugal não conseguir a ajuda de que precisava (ninguém, no BCE, FMI e Comissão Europeia, queria uma repetição da Grécia...). Mas é só o PS? Boa parte do receituário da troika não "joga" com o ideário tradicional social-democrata. O que leva a outro raciocínio: se o PS tivesse ganho as eleições, poderia desviar-se um milímetro do acordo? Claro que não! O que conduz a uma conclusão: PS, PSD e até o CDS estão todos manietados por aquilo que assinaram. A diferença é que PSD e CDS foram parar ao Governo e, por isso, não podem deixar de executar o que nos foi imposto. Caso contrário... a "massa" não entra. Como não entraria se o PS tivesse ganho as eleições e não cumprisse o acordado. O que sugere uma pergunta final: o que faria João Assunção Ribeiro e os próceres de Sócrates no grupo parlamentar se um primeiro-ministro PS estivesse a fazer o que PSD e CDS estão a fazer? Provavelmente amouxavam. Digo eu...
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