segunda-feira, 5 de março de 2012

O mau exemplo


Lisboa
16º 

Hoje, 11h43m


Sem rodeios

O mau exemplo

 

 

Em 2007, quando o País começou a conhecer o imbróglio da licenciatura de José Sócrates, fiz questão – era então líder do PSD – de fazer uma declaração pública sobre o assunto, recriminando tamanha trapalhada, contradição e falta de transparência.


Por: Luís Marques Mendes, Ex-Líder do PSD


Recordo-me bem de que foram poucos os que, nessa ocasião, falaram sobre o assunto. No que me diz respeito, cheguei mesmo a ser criticado por algumas pessoas do meu próprio partido que optaram por se vergar ao poder de Sócrates e sancionar o seu obsceno comportamento. Agora que o Correio da Manhã deu a conhecer detalhes inqualificáveis sobre o caso, através das escutas divulgadas, já praticamente ninguém deve ter uma discordância em relação ao que então afirmei: este homem é um mau exemplo, e os maus exemplos contaminam a sociedade. Denunciá-lo não é uma questão política ou partidária. É um imperativo de higiene e decoro.


No que à educação diz respeito, em vez de dar aos jovens o exemplo de que tirar um curso superior é uma questão séria, que exige rigor, disciplina, esforço e mérito, a imagem que o ex-primeiro-ministro passou para a juventude foi o da habilidade, do truque, do chico-espertismo, da mera preocupação com o título académico. Em relação à vida política, o exemplo que irradiou para a sociedade foi ainda pior: foi o exemplo de quem usa o poder para pressionar, enganar, ocultar e manipular, através de métodos que são indignos de quem dirige um país e de quem serve o interesse público.


Não gosto de ser alarmista e de cultivar falsos moralismos. A verdade, porém, é que começa a ser tempo de sermos mais exigentes em relação à democracia que temos e aos políticos que elegemos. A crise que vivemos não é apenas económica, financeira e social. É também uma crise de valores. Cumpre-nos contribuir para os reintroduzir na vida colectiva obrigando, desde logo, a construir uma cultura do exemplo. O bom exemplo tem mais força do que as melhores leis que se aprovam e do que os discursos mais brilhantes que se fazem. Ao contrário, os maus exemplos envenenam a sociedade, contaminam a política e ameaçam a democracia. Afinal, a política não pode ser a arte do vale-tudo e palco de actuação de gente mesquinha e sem escrúpulos. 


5 comentários:

Anónimo disse...

O Dr. Marques Mendes tem razão em tudo isto que aqui diz, mas também não deu um exemplo de grande lealdade quando, pouco antes de 2007, mordeu a mão a quem lhe tinha dado de comer...

Anónimo disse...

Está-se mesmo a ver de onde vem este comentário...

«O País está primeiro que o partido!» já dizia Sá Carneiro.

Anónimo disse...

Caro anónimo das 11:22, eu sou o anónimo das 09:24.

Não sou desse partido nem do movimento independente que se formou em Oeiras depois da barraca que o Dr. Marques Mendes deu, para que saiba.

Sou imparcial e honesto e acredito que as pessoas são inocentes até serem condenadas. Dizer que quem tem processos em tribunal não pode ser candidato por um partido é hipocrisia total e só serviu para o doutorzinho correr com quem não gostava do partido, com a desculpa de ser muito cumpridor e santinho...

E olhe, deve ter sido por causa de comentários desses do Sá Carneiro que lhe limparam o sebo...

Anónimo disse...

Já agora se Marques Mendes é tão honesto porque é que aceitou (contra a Lei) ser Presidente da Assembleia Municipal de Oeiras e Presidente da Universidade Atlântica (nomeado por Isaltino/C.M.O.) ao mesmo tempo.
oimNão sabia que era ilegal?

Isabel Magalhães disse...

Já que o anónimo [7 de Março de 2012 22:28] é tão peremptório a afirmar e cito "porque é que aceitou (contra a Lei)", porque é que não nos elucida e publica a legislação de onde tirou tão doutos conhecimentos?

Afinal andamos cá todos a aprender uns com os outros e essa partilha nem custa dinheiro.

Ficamos a aguardar a gentileza.