Lisboa
16º

Hoje, 11h43m
Sem rodeios
O mau exemplo
Em
 2007, quando o País começou a conhecer o imbróglio da licenciatura de 
José Sócrates, fiz questão – era então líder do PSD – de fazer uma 
declaração pública sobre o assunto, recriminando tamanha trapalhada, 
contradição e falta de transparência.
Recordo-me
 bem de que foram poucos os que, nessa ocasião, falaram sobre o assunto.
 No que me diz respeito, cheguei mesmo a ser criticado por algumas 
pessoas do meu próprio partido que optaram por se vergar ao poder de 
Sócrates e sancionar o seu obsceno comportamento. Agora que o Correio da
 Manhã deu a conhecer detalhes inqualificáveis sobre o caso, através das
 escutas divulgadas, já praticamente ninguém deve ter uma discordância 
em relação ao que então afirmei: este homem é um mau exemplo, e os maus 
exemplos contaminam a sociedade. Denunciá-lo não é uma questão política 
ou partidária. É um imperativo de higiene e decoro.
No
 que à educação diz respeito, em vez de dar aos jovens o exemplo de que 
tirar um curso superior é uma questão séria, que exige rigor, 
disciplina, esforço e mérito, a imagem que o ex-primeiro-ministro passou
 para a juventude foi o da habilidade, do truque, do chico-espertismo, 
da mera preocupação com o título académico. Em relação à vida política, o
 exemplo que irradiou para a sociedade foi ainda pior: foi o exemplo de 
quem usa o poder para pressionar, enganar, ocultar e manipular, através 
de métodos que são indignos de quem dirige um país e de quem serve o 
interesse público.
Não gosto de ser alarmista e de
 cultivar falsos moralismos. A verdade, porém, é que começa a ser tempo 
de sermos mais exigentes em relação à democracia que temos e aos 
políticos que elegemos. A crise que vivemos não é apenas económica, 
financeira e social. É também uma crise de valores. Cumpre-nos 
contribuir para os reintroduzir na vida colectiva obrigando, desde logo,
 a construir uma cultura do exemplo. O bom exemplo tem mais força do que
 as melhores leis que se aprovam e do que os discursos mais brilhantes 
que se fazem. Ao contrário, os maus exemplos envenenam a sociedade, 
contaminam a política e ameaçam a democracia. Afinal, a política não 
pode ser a arte do vale-tudo e palco de actuação de gente mesquinha e 
sem escrúpulos. 
5 comentários:
O Dr. Marques Mendes tem razão em tudo isto que aqui diz, mas também não deu um exemplo de grande lealdade quando, pouco antes de 2007, mordeu a mão a quem lhe tinha dado de comer...
Está-se mesmo a ver de onde vem este comentário...
«O País está primeiro que o partido!» já dizia Sá Carneiro.
Caro anónimo das 11:22, eu sou o anónimo das 09:24.
Não sou desse partido nem do movimento independente que se formou em Oeiras depois da barraca que o Dr. Marques Mendes deu, para que saiba.
Sou imparcial e honesto e acredito que as pessoas são inocentes até serem condenadas. Dizer que quem tem processos em tribunal não pode ser candidato por um partido é hipocrisia total e só serviu para o doutorzinho correr com quem não gostava do partido, com a desculpa de ser muito cumpridor e santinho...
E olhe, deve ter sido por causa de comentários desses do Sá Carneiro que lhe limparam o sebo...
Já agora se Marques Mendes é tão honesto porque é que aceitou (contra a Lei) ser Presidente da Assembleia Municipal de Oeiras e Presidente da Universidade Atlântica (nomeado por Isaltino/C.M.O.) ao mesmo tempo.
oimNão sabia que era ilegal?
Já que o anónimo [7 de Março de 2012 22:28] é tão peremptório a afirmar e cito "porque é que aceitou (contra a Lei)", porque é que não nos elucida e publica a legislação de onde tirou tão doutos conhecimentos?
Afinal andamos cá todos a aprender uns com os outros e essa partilha nem custa dinheiro.
Ficamos a aguardar a gentileza.
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