quinta-feira, 22 de março de 2012

O estampanço de Arménio Carlos



Arménio Carlos tinha pressa. Mal chegou à liderança da CGTP, quis mostrar serviço. De discurso rápido e fácil, pensou que conseguia uma mobilização maciça do proletariado ("whatever that means").
Arménio Carlos tinha pressa. Mal chegou à liderança da CGTP, quis mostrar serviço. De discurso rápido e fácil, pensou que conseguia uma mobilização maciça do proletariado ("whatever that means").

O resultado, como se viu, foi um fiasco. Não só a greve não foi geral, como os transportes públicos (a arma que permite que as greves se transformem em gerais) não o ajudaram: ontem, durante um directo para a Al-Jazeera, quando o repórter Barnaby Philips me questionou sobre o sucesso da greve, não resisti a apontar-lhe vários autocarros da Carris que circulavam mesmo por trás dele...

Arménio Carlos esqueceu-se de dois "pormaiores": 1 - Chegou à liderança da CGTP no meio da mais profunda crise económica da democracia. E se há altura em que os sindicatos portugueses são irrelevantes é... nas crises económicas (Arménio quase admitiu isso ontem, quando reconheceu ser difícil mobilizar trabalhadores numa conjuntura como a actual). 2 - Não percebeu que a preocupação dos portugueses, nas crises, não é... deixar de trabalhar; é não perder o emprego, ainda que para isso tenham de sacrificar alguns direitos.

Que um qualquer analista não perceba esta qualidade do povo português (a de preferir menos regalias, mantendo o emprego) é desculpável. Que um sindicalista como Arménio Carlos a ignore, não augura nada de bom para o seu futuro. Até porque as coisas vão ficar piores. Primeiro porque a UGT, naquela que foi uma das decisões mais responsáveis de João Proença, tirou o tapete à CGTP na concertação social. Segundo porque o Governo vai privatizar os transportes públicos. Ora sem greves nos transportes públicos não há greves gerais. "Bad luck", Arménio.

camilolourenco@gmail.com

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