sábado, 2 de julho de 2011

Pelo andar da carruagem



Pelo andar da carruagem

Ontem

Há um provérbio popular que, devidamente adaptado, se pode aplicar com proveito a governos: "Pelo andar da política fiscal se vê quem vai lá dentro". Porque, sendo a política fiscal um instrumento de redistribuição da riqueza e do rendimento, ela espelha, mais do que nenhuma outra, o rosto de uma governação.

Como se propõe um governo obter recursos?; como se propõe redistribui-los?, são questões cujas respostas dizem quase tudo o que quisermos saber sobre esse governo mas tivermos vergonha de perguntar.

Com o corte de 50% dos subsídios de Natal, o novo Governo tenciona obter 800 milhões de euros, saídos (na verdade nem lá chegarão a entrar) dos bolsos de trabalhadores e reformados.

E para onde irá tanto dinheiro? Com mais 800 milhões poupados em "acomodações" na despesa do Estado que "o senhor ministro das Finanças detalhará nas próximas semanas" (preparemo-nos para o pior, designadamente para mais cortes nos apoios sociais e na saúde), servirá para compensar os 1 600 milhões que o Estado deixará de cobrar com a redução de 4% da TSU das empresas. O que é o mesmo que dizer que 50% dos subsídios de Natal dos trabalhadores e reformados, mais as "acomodações" ainda a anunciar, irão parar às contas bancárias dos empresários. Será reconfortante ver passar um Ferrari (pelo menos em regiões deprimidas como a do Vale do Ave) e imaginar que talvez uma porca de um daqueles pneus seja o nosso subsídio de Natal.

1 comentário:

Anónimo disse...

PPCoelho disse que se aumentasse os impostos optaria por aqueles que incidem sobre o consumo e preservaria os que incidem sobre os rendimentos. Fez exactamente o contrário faltando à verdade e transformando o subsidio de Natal de milhões de portugueses em imposto.

PPCoelho chumbou o PEC IV argumentando que não havia crise internacional, nem crise financeira e que os portugueses não podiam aceitar mais um rol de sacrificios como os que aquele plano impunha, tudo era fruto da má governação de Sócrates. Desde que Sócrates saiu os juros da divida soberana portuguesa subiram 60% e as medidas que estão a ser aplicadas aos portugueses estão à vista.

PPCoelho começa a ser desmascarado. Mentiu e provou-se que o chumbo do PEC4 foi apenas uma estratégia para chegar ao poder, mesmo sabendo que isso implicaria a vinda do FMI da qual ele é o primeiro responsável.

PPCoelho, agora já vê que a crise internacional e dos mercados existe e que não é fácil lidar com ela.
Bem vindo à realidade!

Pedro Correia