segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

mobilidade

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Hoje venho falar dum caso quase paradigmático das questões que aqui se têm levantado sobre a mobilidade, as barreiras arquitectónicas e a facilidade de circulação para os peões, com particular incidência naqueles que têm problemas de mobilidade pelas mais diversas razões, como os deficientes e os idosos. A estes acho justo acrescentar-se, num plano paralelo, as crianças e adolescentes púberes, na medida em que estes, pela sua natureza juvenil e irrequieta, tendem a circular de forma irreflectida, correndo uns atrás dos outros pelos passeios, na ida para a escola ou no regresso a casa, e a falta de passeios com corredores onde a circulação seja fácil e desimpedida, 'empurra-os' para a via pública, potenciando a ocorrência de atropelamentos.

Passemos então ao caso de hoje: Em primeiro lugar refiro que a obra não tem muitos anos. Trata-se em concreto da arborização da Rua Cidade do Mindelo, uma via paralela à Estrada Marginal, frente à Bateria do Areeiro, na Freguesia de Oeiras e São Julião da Barra. A citada rua está no enfiamento da Rua São Pedro do Areeiro e dá acesso à rotunda próximo do Inatel. Faço notar que é uma via com muito trânsito.

As dificuldades à circulação dos peões estão no passeio do lado direito (para quem sobe a partir da rotunda). O passeio está cheio de caldeiras com árvores jovens, Casuarinas, que se situam exactamente a meio do mesmo, não deixando quase espaço para circular. A rua já tem uns anos — lembro-me dela já existir há uns 14 anos, e antes existia ali um caminho municipal —, mas o porte das árvores indicia que foram lá colocadas há pouco tempo.

Quando é imperioso arborizar para proporcionar algumas sombras, tão necessárias no Verão, para arrefecer a atmosfera e purificá-la, e o passeio é estreito, que remédio. Se não há alternativa, colocam-se as caldeiras no meio do passeio e espera-se que quem tem dificuldades consiga encontrar um solução que lhe permita usar a via, ou procurar outra. Agora se existe uma alternativa, o simples bom senso dita que deve ser implementada. Ao que sei a Lei das Acessibilidades implica que os passeios tenham um corredor mínimo de 1,2 m., se não estou em erro, desimpedido de obstáculos, para um passeio com 2,4 m., ficando o restante para árvores, candeeiros e outras estruturas. É claro que numa rua antiga, onde já não há espaço, pouco ou nada pode ser feito neste sentido. A lei aplica-se aos arruamentos novos. Se aquele arruamento não o é, pelo menos as árvores são-no. A primeira versão da lei saiu em 1997, e as árvores foram lá colocadas há pouco tempo. Seguramente há menos de 9 anos. Não consegui confirmar mas parece-me que o foram já este ano. E não se percebe porque é que foram lá colocadas, na medida em que o citado passeio está separado da Estrada Marginal por uma faixa de terreno semi-arborizada, com cerca de 200 a 250 m de extensão e 10 ou 12 de largura onde nada existe a não ser algumas velhas árvores e muito mato rasteiro.

Esta faixa é uma barreira importante naquele local para separar a zona residencial da Marginal, daí a importância de a manter, mas porque é que, ao invés de colocarem as Casuarinas no passeio, obstruindo a passagem, não adoptaram uma solução, p.ex., como aquela que foi adoptada um pouco mais à frente, junto à Feitoria e à Torre, em que o separador está relvado e cheio de palmeiras, as quais parecem ser, aliás, um dos fetiche desta edilidade? O passeio que ladeia esta faixa separadora não tem obstáculos. E se as caldeiras já lá estavam, isso não era impedimento. As mesmas são apenas aberturas na calçada que podem ser facilmente calcetadas para regularizar o piso.


Passo à apresentação das fotografias:


A Rua Cidade do Mindelo vista da Rotunda. O acesso à Estrada Marginal (Lx) e ao Inatel faz-se por uma passagem inferior do lado direito da foto. Como se pode observar o passeio do lado esquerdo também não é alternativa, pelos candeeiros que lá estão.


Aqui pode melhor apreciar-se o passeio com as ditas caldeiras e respectivas árvores, a faixa separadora semi-arborizada, e divisa-se ainda um pouco da Estrada Marginal, à direita.


Nesta imagem duma das caldeiras pode observar-se como é ridiculamente exíguo o espaço para passar, mesmo para alguém sem problemas. Sobretudo se os carros estacionarem mesmo encostados ao passeio. Nota-se ainda que a faixa separadora está sustentada por um murete de razoável altura que, também ele, estreita a passagem. Este ponto é aproximadamente em frente à entrada para o Inatel, para quem circula na Marginal no sentido de Lisboa.


A situação mais caricata de tudo isto é que a poucos metros da caldeira da foto anterior, existe uma passadeira para peões com lancis rebaixados, num claro convite à circulação, p.ex., em cadeira de rodas. Certamente para a pessoa chegar ao outro lado e voltar para trás, após perceber que por ali chega a um beco sem saída...


Conclusão: Quem projectou a colocação daquelas árvores ali, não tem o mínimo respeito, já não digo pela lei, mas pelos cidadãos. Toda aquela situação é no mínimo caricata e demonstra falta de bom senso. É certo que a rua já lá estava. Mas acredito que era possível uma solução melhor.

CLIQUE NAS FOTOS PARA AMPLIAR

Todas as imagens: 15 DEZ 2006, entre as 15:07 e as 15:16.

imagens: © comunicação visual 2006
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8 comentários:

Isabel Magalhães disse...

Amigo J.A.Baptista;

Bom post com o adequado apoio fotográfico.

Só falta fazer o fwd para respectivo vereador do pelouro da CMO.

Um abraço.
IM.

Unknown disse...

Cara Isabel

Vou tentar saber 'a quem de direito' para fazer esse envio.

Suspeito é que, a exemplo de outros casos (a), é para 'dar com os burrinhos na água'...

(a) Refiro-me a um mail que enviei ao vereador do trânsito a relatar um caso de semáforos avariados, numa passadeira de peões. Levava fotos a documentar. Foi no tempo da Teresa e ainda estou à espera da resposta... (os semáforos apareceram reparados ca. de 6 meses depois)

[]

Isabel Magalhães disse...

J.A.;

Podes enviar para vários vereadores... :)

ambiente, trânsito, obras públicas... e para o presidente da junta de freguesia.

Alguém há-de responder. Se não responder... vais insistindo.

a) Seis meses nem é mau. Há mais de seis anos que aqui falta uma papeleira num canteiro perto do 'Bunker do Gás'. Falei 'n' vezes com o actual presidente da junta que conhece bem o local, e me garantiu - e eu acredito - ter enviado e-mails nesse sentido a quem de direito.

Alguém levou para casa 'por engano' o contentor de plástico da dita papeleira e há uns quantos distraídos que continuam lá a depositar o lixo. Refiro que se vê muito bem que a papeleira não existe, está lá apenas uma armação de ferro com umas ripas de madeira.

E depois é a 'saga nacional' - a empresa que trata dos jardins não está vocacionada para apanhar lixo. os da limpeza urbana não limpam canteiros.

abraço. festivo. alegremente.

Unknown disse...

Olá Isabel

Obrigado pelas muito úteis dicas.

Vou tratar disso.
Mas não só. Quero implicar os moradores da zona no assunto.
Afinal, eles são os primeiros interessados.

Depois dou notícias.

ass.: josé antónio 'não-gosto-de-peru-o-porco-é-o-melhor-amigo-do-homem'.

[]

Anónimo disse...

Sr. Bento:

Não é bem assim mas quase... agora só uma correcçaozinha: a culpa quase nunca é dos técnicos da CMO mas das chefias que não decidem nada. Então para se remover uma árvore, ninguém quer assinar esse despacho, vá-se lá saber porquê.

Os técnicos fazem o que podem. Eu sei porque sou um deles...

Micas10 disse...

Os passeios para os peões são "serviços públicos" geralmente menosprezados.

A responsabilidade deve ser partilhada igualmente quer pelos trabalhadores quer pelas chefias dos municipios.

Quem pode sacudir a água do capote quando há um atropelamento ou alguém torçe um pé nas pedrinhas soltas da calçada muito portuguesa mas pouco eficiente ?

Unknown disse...

Cara micas10

Tem toda a razão.
Mas de facto suspeito que nos exemplos que dá, a 'culpa morre solteira'.

Se um peão for atropelado por circular no alcatrão devido a não o poder fazer no passeio, quem paga é o automobilista, na melhor das hipóteses (se a culpa deste for demonstrada).

Na verdade acho que em tais casos as autarquias devem ser implicadas como tendo contribuído para o acidente por incúria. E isto poderia ser feito pela própria companhia de seguros da viatura. Mas desconheço qualquer caso concreto.

Obrigado pela visita e pelo seu comentário. Volte sempre.

[]

Isabel Magalhães disse...

Cara Micas 10;

Tenho reparado na sua participação no O.L.

Não gostaria de nos dar o prazer da sua colaboração como pessoa interessada na parte social, e não só, do nosso concelho?

Para o caso de me querer contactar pode fazê-lo para o meu e-mail:

isabelmagalhaes@netcabo.pt

Antecipadamente grata.
IM.