Passos vai viajar sempre em económica. Acho muito bem. Nesta altura, todos os pequenos gestos contribuem para o arregimentar de vontades. Sim, não é aquele dinheiro que tapa o buraco financeiro, mas aquele dinheiro ajuda a tapar o abismo moral que existe entre os políticos e o resto da população. O simbolismo conta, e muito, numa comunidade política.
Agora espera-se que esta atitude seja o mote para a governação, nomeadamente para a forma como Passos tem de lidar com o aparelho do PSD. Ou seja, espera-se que Passos Coelho coloque o PSD na turística, espera-se que Passos não governe para os boys do PSD, espera-se que Passos não deixe os boys laranja à solta pelo país, espera-se que os assessores deste governo sejam os melhores e não os yes man do costume. Neste sentido, o facto de este governo contar apenas com 4 ministros do PSD é um ótimo sinal (o aparelho do PSD tinha razões para estar nervoso com a formação do governo). Mas isto é apenas um sinal. Durante os próximos anos, é preciso controlar as pequenas coisas, essas pequenas coisas que se transformam num exército de pequenas coisas em redor do Orçamento de Estado. Um exemplo: no ano passado, um grupo de deputados do PSD (José Luís Arnaut entre eles) pretendia criar um "Centro para a Promoção e Valorização dos Bordados de Tibaldinho", que, claro, seria alimentado pelo Orçamento de Estado (ver coluna de José Manuel Fernandes, Público, 1 de Outubro 2010). Não sei se este valoroso projecto foi para a frente (espero que não), mas este é o exemplo perfeito das redes clientelares que os boys (rosa e laranja) criaram no país. Passos tem de meter este PSD clientelar na classe turística. Os luxos da classe executiva têm de ser retirados a esta gente. Ainda há muitos governos civis para extinguir.
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