domingo, 7 de janeiro de 2007

reminiscência

.


Em 03 de Julho de 2004 publiquei AQUI um texto sob o título "os mortos", no qual eu dava conta de alguns nomes e alcunhas de algumas pessoas que conheci e que desapareceram, tragadas na voragem da morte. Algumas eram Oeirenses de gema. Outras eram-no porque o destino as conduziu até esta terra, a este porto de abrigo, onde viveram alegrias e tristezas, amores e desamores, encontros e desencontros, até se esfumarem na morte.
Eis o texto que então publiquei:

"(...) Ao longo destes 35 anos muitos são aqueles que nunca lerão as minhas memórias de Oeiras. Todos fazem parte delas, de uma forma ou de outra, por boas ou por más razões, ou por razões assim-assim. Todos pertencem a essa memória remota ou próxima. Vários conheci como amigos do meu irmão. Pertenciam à geração com menos meia dúzia de anos que eu. Outros, menos, pertenciam à minha geração. Acompanhei muitos em festas de 'garagem', que aconteciam em sótãos porque viviamos em prédios. Também alguns acompanhei a pubs e a discotecas, ou em mergulhos 'tudo nu' à meia-noite na praia da Torre.
Da maioria deles eu nem sabia o nome. E nisso era correspondido. Para eles eu era o 'irmão do J.', o que era mais que suficiente para me identificarem. É tão bom não necessitar de B.I.!
Todos eles estiveram aqui, ali ou acolá, num qualquer lugar, neste, naquele ou num qualquer dia outro. Todos riram, todos ficaram sérios, todos choraram, todos morreram. Fosse por acidente, suicídio ou doença, álcool ou droga, ou a explosiva mistura de tudo isso, a temível gadanha abateu-se sobre eles e cerceou-lhes o fio da vida. Uns mais cedo, ainda adolescentes, outros mais tarde, jovens adultos. Todos tinham o futuro à espera deles. Mas a única coisa que encontraram foi a frieza gelada do presente permanentemente feito passado, na iniludível transmutação em pó.
Para que saibais, quero deixar aqui registados alguns nomes que ainda lembro, deles e delas, sabendo que estou a esquecer vários outros (a ordem é meramente alfabética): CALITA, CIGANO, FUFU, GUIDA, ILÍDIO, LITRI, MARÇAL, NUNO, QUIM MARIA, RAFAEL, RUI, TERESA, TONINHO.

Mors ultima ratio."


Mas "A roda não pára", como diz a canção. E porque a roda não pára, mais alguns nomes que vou recordando se vão acrescentando a estes. Três deles para grande tristeza das famílias que os perderam nesta última quadra natalícia, da qual ainda nos chegam os ecos.
É indiferente se eram boas ou más pessoas. Não se trata de fazer aqui nenhum elogio fúnebre a pessoas excepcionais. Apenas de uma memória, de um requiem, que todos os seres humanos merecem ter. Eram munícipes de Oeiras e com eles me encontrei nas encruzilhadas do imprevisto.
Quero então acrescentar à lista, que se vai inexoravelmente alongando: GARRETE, LUÍS, PEDRO, PEDRO MANUEL, PESCADINHA, ZÉ, ZÉ MANEL.

Descansem Em Paz !!

imagem: © josé antónio 2006 CLIQUE PARA AMPLIAR
.

2 comentários:

Isabel Magalhães disse...

Amigo J.A.;

TODOS vamos perdendo 'afectos' pelo caminho...


até ao dia em que alguém nos perderá a nós!


Deixo-te um abraço.

Unknown disse...

Cara Amiga Isabel (e pintora 'in blue' da minha eleição :) ),

Afectos e 'desafectos'... todos passam e todos participam da nossa vida naqueles momentos em que nos cruzamos.

Fica um forte abraço e uma beijoka