sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Os vigilantes



Os vigilantes

A Voz da Razão


Portugal tem traços de primitivismo. Existem vários. Ligar a televisão e ver políticos a fazer ‘opinião’ é um deles.

0h30
Por: João Pereiira Coutinho, colunista


Outro é considerar que um jornalista que se constitui assistente num processo judicial de interesse público é um perigo para a ‘qualidade da democracia’ (deixa-me rir). Ponto prévio: não conheço José António Cerejo de lado algum. Mas o jornalista do ‘Público’, que tem acompanhado o caso Freeport, representa bem o que eu espero de um jornalista a sério: coragem, independência e uma disponibilidade total para vigiar o poder de forma implacável.

Exactamente como sucede em latitudes menos primárias: em Inglaterra, nos Estados Unidos e até no Brasil. Isto, pelos vistos, não cai bem na tradição nativa, para a qual o jornalista perfeito é o bedel perfeito: uma criatura sem autonomia, sempre pronta para se lambuzar no poder e, não raras vezes, disponível para dormir com ele. Lá fora, o jornalismo vigia; entre nós, vigia-se o jornalismo que vigia. E perante um Cerejo à solta, não faltam logo vozes que o preferiam calado, obediente e de volta ao serralho.

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