domingo, 30 de dezembro de 2007

Correio dos Leitores


Pois é: estão quase a acabar estes dias em que pensamos o ano inteiro. É tempo de fim, é tempo de principio.
Mas é sempre tempo de olharmos para n/ Terra e listarmos as coisas que não estão bem, porque as BOAS são obrigação de todos fazermos, não precisam de inaugurações.
Junto um texto que saiu no Público em 15/12 e no Destak em 17/12.

PARA TODOS AQUELE GRANDE ABRAÇO PARA 2008

Maria Clotilde Moreira


HÁ FOME EM OEIRAS!


As muitas propagandas divulgadas na imprensa, em conferências e encontros estratégicos fazem-nos supor – e para aqueles mais crédulos, fazem-nos acreditar – que este Município de Oeiras é uma terra só de grandes progressos, concretização de grandes projectos, com oportunidades excelentes e gentes bem colocadas na vida.

Informam, também, que o problema de habitação degradada e realojamentos está praticamente resolvido, que os bairros sociais são exemplos, que estão a apostar na revitalização dos centros históricos com oferta de habitação e oportunidades a jovens.

Mas olhando para os mapas escolares do 1º ciclo verificamos que existem escolas neste Município com altos índices de crianças subsidiadas nas suas refeições, chegando mesmo a cerca de 80% das crianças que as frequentam, como em Carnaxide/Portela. E atrevemo-nos a pensar que, para muitas delas, as refeições escolares serão o seu único sustento.

Claro que estas escolas não ficam nas megas construções; servem a população de zonas sociais débeis, bairros longe de tudo, com transpores deficientes (falta de carreiras, horários praticados e custo dos bilhetes), impossibilitando mesmo a muitas mulheres a procura de empregos complementares aos magros proventos do agregado familiar.


13 comentários:

Isabel Magalhães disse...

Amiga Clotilde;

Obrigada pelo seu contributo.

Votos de um Feliz 2008.


[]

I.

Unknown disse...

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Cara Clotilde,

Parabéns por um texto que toca uma questão desconhecida de muitos, que pensam que é uma coisa que só acontece lá no alto da serra, nas aldeias perdidas, como as televisões às veze mostram.

Não é, e é um problema que vive paredes-meias connosco.

Destaco: "... atrevemo-nos a pensar que, para muitas delas, as refeições escolares serão o seu único sustento."

Não é atrevimento ! É a triste realidade !
Do meu contacto com muitos professores, imensos a leccionar no nosso concelho, muitos são os casos que tenho ouvido relatar de crianças que chegam a desmaiar nas aulas, pasme-se, por MÁ NUTRIÇÃO.
Muitos alunos chegam pela manhã à escola sem terem tomado pequeno-almoço e o almoço no refeitório é a única refeição que têm durante todo o dia.
Claro que as consequências se fazem sentir e escuso-me de as relatar.

FELIZ 2008 !! com melhor nutrição !

bjs

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Anónimo disse...

Pra além de concordar inteiramente com o post e com o que lhe foi comentado, devo acrescentar que o encerramento de alguma escolas básicas no nosso concelho, agravam ainda mais o flagelo da fome.
É que as crianças, para além de andarem mal nutridas, ainda têm que fazer longos percursos para chegar à escola mais próxima.
Será que as nossas entidades nunca perceberam que se há menos meninos nas escolas oficiais, é porque os horários delas são absolutamente incompativeis com os horários dos empregos dos pais? Era tão bom que as politicas se deixassem de politiquices e se dedicassem a causas nobres...
Feliz 2008

Isabel Magalhães disse...

É sabido que há centenas de famílias carenciadas no Concelho de Oeiras. As paróquias, algumas juntas de freguesia, e a Misericordia de Oeiras fazem esforços nesse sentido. A Misericordia serve refeições, tem um banco alimentar e actua junto dos sem abrigo. Há ainda o banco de Voluntariado de Linda-a-Velha que promove várias acções de ajuda.

Rui Freitas disse...

Pois é, Amiga Isabel,
Em Paço de Arcos, também existia apoio a algumas dessas entidades. Eu escrevi... HAVIA!
O Projecto "Mãos Dadas para a Vida", por exemplo, nasceu em Algés e cresceu aqui.
Há dois anos que nem o "cabaz de Natal" chega a certos lares... pela mão da Junta!
É pena, mas é a realidade!

Anónimo disse...

Meus amigos! Obrigada pelas v/ palavras. Eu ando a matutar - por exemplo - nesta carta educativa que anda a ser propagandeada para escolas de "excelência" junto das novas construções. Fecham as escolas de proximidade - por exemplo Cruz Quebrada - e atiram com as crianças lá para o "cú de judas". Não seria bom que o 1º ciclo tivesse escolas mais pequenas e apenas... apenas agradáveis. Mas dizem que é para o bem das crianças. Tenho dúvidas.
Que o novo ano traga luz a certas cabecinhas.
Clotilde

Anónimo disse...

Ora, como diz o Isaltino: Oeiras mais à frente...

Anónimo disse...

Os amigos falam de freguesias que são «previlegiadas» comparadas com outras do concelho de Oeiras.

Existe muita miséria neste concelho, quem nem é o pior do país.

Graças às políticas sociais que foram seguidas nos últimos 20 anos, as populações naturais do concelho de Oeiras vivem cada dia mais, com pobreza, sem habitações recuperadas e sem perspectivas de melhores empregos e salários.

Isto está bom, é para os que vem de fora, sejam nacionais e estrangeiros.
A população nativa, que se lixe.

Nem casa dispõem para viver com dignidade, são forçadas a ter de viver em habitações degradadas com mais de 100 ou 300 anos, muitas sem água e sem casas de banho, ainda.

Isto é o concelho de Oeiras, em todas as suas freguesias, de Algés a Barcarena. Para o IOMAF ou o PS e PSD, o importanter é construir e construir cada dia mais, as estradas são as mesmas de há 250 anos. Os empregos não existem, e a pobreza é crescente.

Unknown disse...

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Caro anónimo (01 Janeiro, 2008 11:11),

Completamente de acordo.

Mas aqui para nós, o problema não está na 'idade' das habitações.
Há no país exemplos de recuperação imobiliária e urbanística de casas e bairros centenários muito bem conseguida.

As casas são antigas, mas foram recuperadas de forma a garantir a qualidade de vida dos seua habitantes, dentro dum espírito de modernidade e mantendo o traço/herança da ancestralidade.
O Alentejo está cheio de exemplos destes.

A questão passa por um projecto que não existe em Oeiras.
O que por aqui se faz é simplesmente 'estar nas tintas' para os moradores, esperar que eles morram, esperar que as casas caiam e depois... oh abre, que lá vem mais uma selva de betão !

E "quem se lixa é o mexilhão!"

É triste. Muito.

Abraço

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Isabel Magalhães disse...

Por exclusão de partes [01 Janeiro, 2008 11:11] sobra quem? PCP, BE, CDS?

Claro que não temos 'tradição' de recuperação das zonas antigas mas dizer que nada se fez no sector da habitação é para quê? Para nos fazer rir? Para algum 'alien' que não conheça o planeta Terra e venha de visita ao 'Oeiras Local'?

Então, os milhares de barracas erradicadas, não contam? As famílias que habitavam essas barracas não foram deixadas sem tecto; passaram a habitar bairros sociais feitos com qualidade de construção e até cuidados de estética.

As mesmas estradas desde há 250anos? Já percebi, o comentador é que é extra Terra. Nem deu pela construção da marginal, (já do tempo do estado novo) da A5 e de toda a rede viária.

Pode-se tecer acusações várias ao actual PCMO, não se pode é esquecer que foi pioneiro em muita coisa. A erradicação de barracas e a habitação jovem são exemplos.

O concelho de Oeiras não será o paraíso. Há pobreza, há falta de emprego, - o Só Crates não cumpriu a promessa feita aos portugueses dos tais 150.000 mil empregos - há criminalidade, falta de policiamento, falta de creches, há escolas degradadas, há crianças que vão fazer maiores distâncias para ir às aulas, não sei se há um verdadeiro programa de apoio domiciliário a idosos, há quem receba indevidamente o subsídio de reinserção social, há problemas de mobilidade e acessibilidade, mas continuamos a ser um dos melhores concelhos do país, com maior rendimento per capita, maior número de licenciados e Carnaxide e Linda-a-Velha são as freguesias, do país, com maior número de viaturas por condutor, - 2,54 - segundo ouvi na Assembleia Extraordinária da Freguesia de Linda-a-Velha em Novembro p.p.

Unknown disse...

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Cara Isabel,

"... com maior número de viaturas por condutor, - 2,54 - segundo ouvi ..."

Sem pretender tirar-te a razão, concordo com muito do que dizes, cuidado com as estatísticas.
Elas são apenas índices de referência que nos permitem fazer comparações.
Outros factores - que não estão lá - têm que ser considerados.

Neste caso, p.ex.
Hoje em dia ter carro não é sinónimo de poder de compra e qualidade de vida, como quando eramos garotos, em que só tinha carro quem tinha mesmo bastante dinheiro.

Hoje qualquer 'bicho do mato' compra um carro facilmente.
Arranjam-se carros em 2ª - 3ª, 4ª, 5ª... - mão por 100, 200 ou 300 contos...
Claro que a maior parte deles estão a cair de podres e estão bons é para a sucata. Mas mexem e servem para a rapaziada não andar a pé...
Além disso, comprar um carro novo a prestações, com as facilidades dadas pelos bancos, está ao alcance de muita gente - que em calhando anda a comer mal enquanto paga o popó, mas são opções...

bjs

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Isabel Magalhães disse...

J;

100% de acordo. E embora esses números valham o que valem outros concelhos há com uma percentagem menor.


Estatística - Se tu comeres uma galinha e eu não comer nenhuma, comemos meia galinha cada um! :)))

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I.

Unknown disse...

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As coxas pra mim !
As coxas pra mim !

Ah ah ah...

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