Foi retirado há alguns anos do mercado norte-americano um fármaco contra a Artrite que causava problemas cardíacos, o Vioxx. A MERCK- SHARP-DOHME pagou a 27 mil queixosos norte-americanos, no último mês, a indemnização de 4.85 mil milhões de dólares pelos prejuízos pessoais, o que foi considerado uma vitória para a companhia já que corria o risco de vir chegar a pagar 50 mil milhões de dólares.
O Vioxx representava em Portugal seis por cento de todos os anti-inflamatórios comercializados, disse em Setembro de 2006, em conferência de imprensa realizada em Lisboa por ocasião do anúncio da saída definitiva do medicamento do mercado, o director geral da Merck, Sharp & Dohme portuguesa, José Almeida Bastos. Em Portugal, os médicos faziam por mês 50 mil prescrições deste produto, cujo valor de mercado atingia 18 milhões de euros por ano.
O fármaco foi retirado do mercado nacional. Não houve nenhuns queixosos porque não sabiam a quem se dirigir ou ignoravam a possibilidade de processar a M.S.D. . De um comunicado actual vindo do representante da companhia, "esta matéria já não tinha relevância no mercado nacional".
Parafraseando Luís Filipe Scolari:
E o BURRO sou EU? E o BURRO sou EU?
4 comentários:
DC;
Por falta de tempo não deixei aqui a minha 'simplória' ideia sobre o assunto.
Além da razão que defendes, o desconhecimento... a quem?... onde?... como?... tb me parece que se poderá juntar a falta de verba para contratar advogados e a descrença, à partida, de que as grandes multinacionais dos fármacos venham a ser multadas.
Claro que mais poderia dizer mas este é mesmo um 'simplório' pensamento. :)
I.
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Há um aspecto fulcral nesta questão.
A saber, a cultura, a tradição.
Na cultura portuguesa não existe uma tradição de exigir indemnização. Nem mesmo sequer um simples hábito de reclamar direitos.
A cultura portuguesa pauta-se pelo 'comer e calar'.
Estamos perante duas culturas muito distintas, praticamente sem nada a ver uma com a outra.
Nos States existe a tradição de TUDO aproveitar para obter benefícios financeiros, em cash, em Portugal não. E lá, os advogados são muitas vezes os primeiros a tomar a iniciativa, na mira dos lucros astronómicos que podem obter com estas batalhas judiciais
Reparece-se que entre nós nem em casos gritantes de injustiça, como a de pessoas presas preventivamente, privadas da liberdade durante anos e sujeitas às piores sevícias, elas são ressarcidas do tempo que estiveram sem poder circular, trabalhar, estar com a família, VIVER enfim.
Vão a julgamento, são inocentadas... adeusinho bye bye e desculpe qualquer coisinha...
Não admira que se faça do português gato-sapato, CAPACHO...
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É a cultura que define o que um Povo está disposto a aceitar ou não. Os norte-americanos, entre muitas coisas, não estão dispostos a terem os seus direitos reprimidos. Não têm medo de recorrer à Justiça para se defenderem das grandes corporações ou mesmo do Estado.
Os portugueses não são assim e em geral acabam por se deixar ultrapassar pelos acontecimentos, ou então é a própria Justiça que os deixa mal. Penso que este assunto deveria ter sido tomado pelo Ministério Público e investigar se houve algumas mortes ou danos físicos relacionadas com o medicamento.
O Zé disse-o praticamente tudo...
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