quarta-feira, 30 de abril de 2008

DISSERTAÇÃO SOBRE OS LIVROS

Actualmente, ouve-se entoar em muitos lados o de profundis pelos livros e pela leitura. A electrónica e as formas de comunicação que lhe estão associadas vão tragando cada vez mais espaços; parece quase impossível que daqui a dez ou vinte anos alguém faça um gesto tão arcaico como abrir um livro. Eu não acredito que isto venha a suceder, porque os livros são indispensáveis. Os livros servem para compreendermos e para nos compreendermos, criam um universo comum a pessoas que vivem muito longe umas das outras. Se eu e tu lemos, por exemplo, Moby Dick, há mil e um assuntos que podemos discutir: as personagens, a intriga, as antipatias e as simpatias, os aspectos emocionantes e os aspectos enfadonhos.

Pensando bem, ler não é mais do que criar um pequeno jardim no interior da nossa memória. Cada livro vai trazendo alguns elementos, um canteiro, um carreiro, um banco onde podemos descansar quando estamos cansados. Ano após ano, leitura após leitura, o jardim vai-se transformando em parque e, nesse parque podemos vir a encontrar mais alguém. Pode descobrir-se uma amizade, pode, ­- porque não? - encontrar-se o amor, ou mesmo apenas um pouco de alívio num dia particularmente sombrio e tristonho. Ler não é um dever, nem um cálice amargo que tem de ser bebido até ao fundo, esperando receber-se sabe-se lá que benefícios. Ler é criar um pequeno tesouro pessoal de recordações e emoções, um tesouro que não será igual ao de ninguém mais, mas que poderemos partilhar com outras pessoas.

Susana Tamaro escreveu estas frases no seu livro “QUERIDA MATHILDA”. Achei curioso trazê-las a este blog.


3 comentários:

Isabel Magalhães disse...

Eu, assumidamente leitora compulsiva, confesso que nunca li nada da escritora Susana Tamaro mas subscrevo tudo o que ela diz sobre a leitura.

Também não sei como será daqui a 20 anos mas poderá haver livros em MP3...

:)

M.A.R. disse...

Sugiro que comece por ler "Vai aonde te leva o coração"

clarinda disse...

Eu gostei de ler este texto, concordo com tudo o que é dito.

Penso que os livros terão sempre o seu espaço próprio independentemente de todas as tecnologias e avanços. Aliás, acho que os livros são imprescindíveis, insubstituíveis,mas, graças a Deus, transmissíveis.