segunda-feira, 14 de abril de 2008

Jorge Pedreira diz o que já sabíamos

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recebido por email em 11-04-2008 sob o título em epígrafe:

Jorge Pedreira admitiu hoje o óbvio: a Avaliação do Desempenho não tem por objectivo cimeiro aumentar a qualidade da oferta educativa das escolas e, muito menos, promover o desenvolvimento profissional dos docentes. Nas palavras do Secretário de Estado (que é Jorge mas que de educação nada percebe) apenas visa contribuir para a redução do défice público. - Eureka! O enigma da má-fé ministerial fica finalmente revelado.

No fórum da 'TSF' da manhã de hoje, Pedreira (o tal que é Jorge e por acaso é Secretário de Estado), justificou os motivos pelos quais o ME discorda da proposta de António Vitorino em adiar a avaliação e testar-se o modelo preconizado pelo ME em escolas piloto durante um ou dois anos.

Pedreira (o Jorge, que até é secretário da ministra Lurdes), confessou o politicamente inconfessavel: 'Terá de haver avaliação para que os professores possam progredir na carreira e assim possam vir beneficiar de acréscimos salariais' (sic).

Ou seja, aquilo que hoje se discute no mundo ocidental (democrático e desenvolvido, como rotula mas desconhece a primeira ministra), gira em torno da dicotomia de se saber se a avaliação do desempenho docente serve propósitos de requalificação educativa (se para isso drectamente contribui) ou se visa simplesmente constituir-se em mais um instrumento de redução do défice público.

Nesta matéria, Pedreira (o tal que é Jorge e ao mesmo tempo teima em ser secretário da ministra que também parece oriunda de uma pedreira), foi claro: Importa conter a despesa do Estado com a massa salarial dos docentes; o resto (a qualidade das escolas e do desempenho dos professores) é tanga(!).

Percebe-se, assim, porque motivo este modelo de avaliação plagia aquele que singra na Roménia, no Chile ou na Colômbia. Países aos quais a OCDE, o FMI o New Public Management americano impôs a desqualificação da escola pública em nome da contenção da despesa pública; Percebe-se, assim, porque razão a ministra Maria de Lurdes (que tem um secretário que é Jorge e, como ela, também é pedreira) invoque a Finlândia para revelar dados estatísticos de sucesso escolar e a ignore em matéria de avalição do desempenho docente. Percebo a ministra pedreira: não se pode referenciar aquilo que não existe. A Finlândia, com efeito, não tem em vigor qualquer sistema ou modelo formal e oficial de avaliação do desempenho dos professores!

Agradeço à pedreira intelectual que graça no governo de Sócrates (que por acaso não é Jorge nem pedreiro - até é engenheiro), finalmente nos ter brindado com tão eloquente esclarecimento. Cito-os:

A avaliação dos Docentes é mais um adicional instrumento legislativo para combater o défice público
(!).

Obrigado, Srs. Pedreiras, pela clarificação do óbvio.
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8 comentários:

Isabel Magalhães disse...

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"A falar é que a gente se entende"

Não fora o caso tão sério, por tudo o que implica, - país, professores, alunos - e daria vontade de rir... mas assim não dá. Espera-se, sim, que no local devido e na altura devida se faça uso do direito de avaliação deste desgoverno dando-lhe a NOTA NEGATIVA que merece.

Unknown disse...

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Pois...

Andaram meses a dizer que 'não e não e não senhor'...
Agora vêm desdizer tudo o que disseram e confirmar que quem denunciou a tramóia estava com a razão !

Às vezes sinto que esta gajada des-governada ( ou que se governa bem... ), quando vai para a comunicação social botar faladura, é só para gozar com a nossa cara !!

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Isabel Magalhães disse...

Olha J, 'gozo' dava-me poder ver a cara de uns quantos anonimamente assíduos que andam aqui há meses largos a crucificar os professores... ehehehe

Ruvasa disse...

Viva, José António!

Concordo com tudo o que refere.

Por isso mesmo é que, ainda que abjurando a posição dos pedreiros-governantes, ainda consigo perceber a sua posição; o que não consigo de modo algum "engolir" é a dos sindicatos que, depois de tanto alarido, com razão, vêm agora apresentar razões pífias para que os professores engulam todo o ferro que lhes estava a ser preparado.

Quando os docentes deste país, os formadores de mentalidades deste povo se comportam assim, que esperar da ignara massa?

Abraço

Ruben

Unknown disse...

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Olá Ruben,

Sempre ( na minha vida profissional; nas muitas profissões que tive ) achei que havia sindicatos que 'sim', outros que 'não' e outros que 'assim assim'...

Sempre achei que este 'costas voltadas' entre os sindicatos por razões partidárias nunca traria nada de bom. A não ser àqueles que beneficiam com isso, e que não são os trabalhadores.

Já todos ouviram falar no famoso "dividir para reinar", mas nunca vi um real esforço para contrariar esta tendência. Lamento.

Assim, nada me surpreende nas posições dos sindicatos.

n.b.: Fui sindicalizado. Nunca fui sindicalista.

Abraço

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Oeiras disse...

Como diria um antigo chefe meu, espanhol, "que desgracia..."

Unknown disse...

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Caro Oeiras,

Ponha 'DES-' nisso...

Cumps

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Anónimo disse...

O INSUCESSO ESCOLAR VAI SER COISA DO PASSADO MUITO EM BREVE.

As reprovações nas escolas públicas vão ser gradualmente banidas e a tendência será a de que ao fim de 12 anos de escola todos os alunos possam ter o 12.º ano de escolaridade, fazendo subir com isso os índices de escolarização dos portugueses. O nível de conhecimentos adquiridos será inevitavelmente muito baixo, mas o que importa são as ESTATÍSTICAS, e assim Portugal poderá figurar "orgulhosamente" na lista de países com maior número de anos de escolaridade.

O 12.º ano vai ser em breve a escolaridade mínima obrigatória. Embora os jovens passem a sair do sistema de ensino com poucos conhecimentos académicos, pelo menos, enquanto por lá andam também não figuram nas estatísticas dos desempregados, o que também é bom para as tais ESTATÍSTICAS.

Assim, o facto de virem a exibir o certificado de habilitações do 12.º ano deixará em breve de dar qualquer indicação às entidades empregadoras relativamente às reais qualificações dos jovens que então vão sair das escolas e, em consequência, terão que ser as entidades empregadoras a testar os conhecimentos dos candidatos aos empregos que oferecerem. Não começaram já a fazê-lo há algum tempo?

Os alunos que frequentarem as escolas públicas poucas possibilidades terão de atingir os necessários conhecimentos para prosseguirem os estudos. Assim, os pais que desejem para os seus filhos um curso superior terão que começar a consciencializar-se desde já que a escola pública não será o caminho aconselhável para a preparação dos seus filhos, mesmo que sejam crianças inteligentes e interessadas. O ambiente não será o melhor para que tenham sucesso por vários motivos:

1.º) na mesma sala coexistirão muitos alunos com fracos conhecimentos, porque não havendo reprovações, não haverá necessidade de empenho, nem nos estudos, nem na assiduidade às aulas;
2.º) com o fim do ensino especial terão por colegas jovens com deficiências várias: auditivas, de comunicação e até psíquicas;
3.º) porque todos os jovens são obrigados a frequentar a escola enquanto menores, mesmo que por ela não revelem qualquer interesse, terão por colegas outros jovens que apenas por lá andam porque o sistema a isso os obriga. Alguns deles utilizam a escola, os colegas e até os professores para se divertirem, gozando-os e boicotando as aulas.

Enfim, o Ensino vai de mal a pior!

Zé da Burra o Alentejano