Este texto é muito interessante. Concerteza servirá para refletirmos sobre o estado da justiça em Portugal.
Saudações sociais-democratas.
ppdpsdportosalvo@gmail.com
A justiça criminosa
Por uma vez gostava que em Portugal alguma coisa tivesse um fim, ponto final, assunto arrumado. Não se fala mais nisso. Vivemos no país mais inconclusivo do mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem concluir nada.
A justiça criminosa
Por uma vez gostava que em Portugal alguma coisa tivesse um fim, ponto final, assunto arrumado. Não se fala mais nisso. Vivemos no país mais inconclusivo do mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem concluir nada.
Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia que se sabe que nada acaba em Portugal, nada é levado às últimas consequências, nada é definitivo e tudo é improvisado, temporário, desenrascado. Da morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia, foi crime, não foi crime, ao desaparecimento de Madeleine McCann ou ao caso Casa Pia, sabemos de antemão que nunca saberemos o fim destas histórias, nem o que verdadeiramente se passou nem quem são os criminosos ou quantos crimes houve. Tudo a que temos direito são informações caídas a conta-gotas, pedaços do enigma, peças do quebra-cabeças. E habituámo-nos a prescindir de apurar a verdade porque intimamente achamos que não saber o final da história é uma coisa normal em Portugal e que este é um país onde as coisas importantes são "abafadas", como se vivêssemos ainda em ditadura. E os novos códigos Penal e de Processo Penal em nada vão mudar este estado de coisas. Apesar dos jornais e das televisões, dos blogues, dos computadores e da Internet, apesar de termos acesso em tempo real ao maior número de notícias de sempre, continuamos sem saber nada, e esperando nunca vir a saber com toda a naturalidade. Do caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos às escutas ao primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente ao caso da Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao Sport Lisboa e Benfica, da corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de Fátima Felgueiras a Isaltino Morais, da Bragaparques ao grande empresário Bibi, das queixas tardias de Catalina Pestana às de João Cravinho, há por aí alguém que acredite que algum destes secretos arquivos e seus possíveis e alegados, muito alegados crimes, acabem por ser investigados, julgados e devidamente punidos? Vale e Azevedo pagou por todos. Portugal tem um défice de responsabilidade civil, criminal e moral muito maior do que o seu défice financeiro, e nenhum português se preocupa com isso apesar de pagar os custos da morosidade, do secretismo, do encobrimento, do compadrio e da corrupção. Os portugueses, na sua infinita e pacata desordem existencial, acham tudo "normal" e encolhem os ombros. Quem se lembra dos doentes infectados por acidente e negligência com o vírus da sida? Quem se lembra do miúdo electrocutado no semáforo e do outro afogado num parque aquático? Quem se lembra das crianças assassinadas na Madeira e do mistério dos crimes imputados ao padre Frederico? Quem se lembra que um dos raros condenados em Portugal, o mesmo padre Frederico, acabou a passear no Calçadão de Copacabana? Quem se lembra do autarca alentejano queimado no seu carro e cuja cabeça foi roubada do Instituto de Medicina Legal?
Em todos estes casos, e muitos outros, menos falados e tão sombrios e enrodilhados como estes, a verdade a que tivemos direito foi nenhuma. No caso McCann, cujos desenvolvimentos vão do escabroso ao incrível, alguém acredita que se venha a descobrir o corpo da criança ou a condenar alguém? As últimas notícias dizem que Gerry McCann não seria pai biológico da criança, contribuindo para a confusão desta investigação em que a Polícia espalha rumores e indícios que não substancia. E a miúda desaparecida em Figueira? O que lhe aconteceu? E todas as crianças desaparecida antes delas, quem as procurou? E o processo do Parque, onde tantos clientes buscavam prostitutos, alguns menores, onde tanta gente "importante" estava envolvida, o que aconteceu? Arranjou-se um bode expiatório, foi o que aconteceu. E as famosas fotografias de Teresa Costa Macedo? Aquelas em que ela reconheceu imensa gente "importante", jogadores de futebol, milionários, políticos, onde estão? Foram destruídas? Quem as destruiu e porquê? E os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran mais os negócios escuros do grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal, onde é que isso pára? O mesmo grupo Carlyle onde labora o ex-ministro Martins da Cruz, apeado por causa de um pequeno crime sem importância, o da cunha para a sua filha. E aquele médico do Hospital de Santa Maria suspeito de ter assassinado doentes por negligência? Exerce medicina? E os que sobram e todos os dias vão praticando os seus crimes de colarinho branco sabendo que a justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda, coxa e marreca.
Passado o prazo da intriga e do sensacionalismo, todos estes casos são arquivados nas gavetas das nossas consciências e condenados ao esquecimento. Ninguém quer saber a verdade. Ou, pelo menos, tentar saber a verdade. Nunca saberemos a verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quem eram as redes e os "senhores importantes" que abusaram, abusavam, abusam e abusarão de crianças em Portugal, sejam rapazes ou raparigas, visto que os abusos sobre meninas ficaram sempre na sombra. Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e injustiças, de protecções e lavagens, de corporações e famílias, de eminências e reputações, de dinheiros e negociações que impede a escavação da verdade. Este é o maior fracasso da democracia portuguesa e contra isto o PS e o PSD que fizeram? Assinaram um iníquo pacto de justiça.
Clara Ferreira Alves
6 comentários:
Cara Clara Alves,~
Um texto muito positivo e com grandes verdades, acrescento ainda aos partidos que mencionou o PCP e o CDS, ja que em coligações de diferentes espectros estiveram envolvidos nas vilesas que menciona.
Em relação à Ordem dos Templários não concordo com a critica, mas o cerne da questão está nos polémicos casos do pós 25 de Abril. Os meus parabéns e apareça mais vezes em blog de Oeiras Local!
António Manuel Bento, um cidadão ao serviço da comunidade
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«Os meus parabéns e apareça mais vezes em blog de Oeiras Local!»
....... apareça mais vezes!!!!!
ahahahAHAHAHAHAHAHAH!
AHAHAHAHAHAHAHAHAHAH!
Ora aqui está um "convite" oportuno!
O "dr.-eco-cidadão-honesto" deixou de tomar os comprimidos receitados pelo seu (dele) psiquiatra,,, e deu nisto!
Em primeiro lugar, não sendo administrador nem constar da lista de colaboradores do "Oeiras Local", tem a distinta lata de "convidar" alguém para escrever no "Blog"... mais vezes;
A prova de que lhe fazem falta os comprimidos, reside ainda no facto de nem ter percebido que o texto publicado por Clara Alves (Jornalista do Expresso), foi enviado ao "O. L." por outrém (ppdpsdportosalvo@gmail.com).
Mas, convenhamos que já seria pedir muito a tão "distinto-dr.-eco-cidadão-honesto"!
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Sou eu e o rei...
Estou PASMADO !!
O Oeiras Local está a tornar-se uma verdadeira instituição, uma referência em blog de internet.
Até já conta com a Clara Ferreira Alves como colaboradora... AHAHAH...
FANTÁSTICO !!
Já agora, e porque não, convidarmos para colaboradores também o Marcelo Rebelo de Sousa, a Clara Pinto Correia, o Rato Mickey, o Pato Donald, a Elsa Raposo, a Filipa Vacondeus, o Miguel Esteves Cardoso (bem, convidar este ou o Pato Donald é a mesma coisa...), e alguns outros.
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e porque não o BENTO RECICLADO!
Isto explica muito do que aqui se passa com este 'cidadão'. O sujeito não percebe nada de nada.
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