Gostaria de poder deslocar-me hoje ao mesmo lugar de onde foram obtidas estas vistas, para tirar outras e as poder comparar, coisa que muito nos poderia dizer da evolução e transformação da nossa terra, Oeiras. Mas infelizmente tal não é possível, em virtude de terem sido tiradas do terraço de um prédio que há uns anos foi coberto com um telhado. O acesso não é viável. Hoje, só se andássemos por cima dos telhados para chegar ao ponto de perspectiva aproximado, o que, convenhamos, era capaz de não ser lá muito boa ideia (o prédio tem 4 andares).
Mas o desaparecido terraço, posso localizá-lo. Pertencia ao prédio n.º 43 da Avenida Infante D. Henrique, em Oeiras. Este prédio encontra-se em posição quase frontal à estação do caminho-de-ferro de Oeiras e a poucos metros da Rua do Liceu. É o primeiro prédio do quarteirão que encontramos quando saímos da estação em direcção ao mar, antes de virar para a Rua do Liceu.
A qualidade das fotografias é muito fraca, quer pela antiguidade, quer devido à máquina utilizada (a), e infelizmente não consegui encontrar os negativos correspondentes, que me permitiriam reproduções de melhor qualidade. Tive que me socorrer destes originais muito danificados e, para mais, cortados (o formato de origem era quadrado).
A primeira fotografia, imagem 1, mostra a Vila de Oeiras. O plano próximo é o Largo Henrique de Paiva Couceiro na estação de Oeiras e a linha do caminho-de-ferro. Consegue-se distinguir a cobertura da estação de serviço a sobressair do meio duma massa escura, árvores, acima dum rectângulo branco que creio ser um painel publicitário. É possível também distinguir a Igreja Matriz com as suas duas torres sineiras, que sobressai do denso núcleo urbano. Mais acima existiam já as urbanizações do Bairro Augusto de Castro e da Figueirinha - note-se que estas urbanizações ainda estavam separadas da vila por terreno aberto, baldio. Junto ao bordo esquerdo consegue distinguir-se a torre ameada que se encontra nos terrenos da Junção do Bem atrás do edifício (escola Val do Rio).
As outras duas fotografias, imagens 2 e 3, foram tiradas na direcção do rio. Em ambas é perceptível a Rua do Liceu. Este mesmo Liceu de Oeiras aparece claramente na segunda. Os montes em primeiro plano estão hoje ocupados pelos Serviços Sociais das Forças Armadas. Na época ainda era possível dali ver o Bugio, a Cova do Vapor e o movimento de embarcações. Hoje, se o terraço ainda existisse, tal seria impossível devido à presença dos citados edifícios. A propósito deste terraço, do qual foram tiradas estas fotografias, escrevi um texto que os mais interessados podem ler AQUI.
Já agora, para uma melhor localização, completo com a imagem abaixo, elaborada a partir duma vista aérea extraída do Google Earth, na qual assinalei a área aproximada coberta pela primeira fotografia deste artigo (imagem 1).
(limitada entre as duas linhas verdes)
notas: (a) uma câmara Fujica Rapid S (ca. 1965), muito modesta, apenas com 2 diafragmas e botão de disparo incorporado na objectiva. Julgo que a lente era de 40mm.imagens: © josé antónio / comunicação visual e Google Earth (esta, manipulada em Photoshop) - CLIQUE PARA AMPLIAR
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7 comentários:
Mais um sapiente trabalho de investigação.
Os meus parabéns.
António Manuel Bento, um cidadão ao serviço da comunidade
Tenho também um pertinente trabalho para publicação, vem ele no seguimento do trabalho relativo ao chamado "aterro de Oeiras" gostaria de saber se pode o mesmo ser sujeito a publicação. Tambem tenho fotografias mas pois que as tenho que passar para o modo de computador ja que elas sao de filme.
Antonio Manuel Bento, um cidadao ao serviço da comunidade
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Sr. Bento,
Em primeiro lugar, obrigado pelos parabéns.
Em segundo, e acerca desse seu 'trabalho para publicação', relembro que desde que o blog foi criado há mais de um ano, que existe um canal próprio para esse tipo de questões, o endereço de email do Oeiras Local (que, aliás, o sr. já por diversas vezes utilizou, como deve estar recordado).
Boa noite,
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Mais um excelente trabalho.
O meu aplauso.
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Caro Anónimo (20 Outubro, 2007 13:38),
Agradeço o aplauso e fico satisfeito por o post lhe ter agradado.
Devo dizer a bem da verdade que não são encómios o que procuro.
O que quero é deixar alguma coisa de útil e interessante aos nossos leitores.
Sobretudo, contribuir para que aprendam a amar esta terra, tal como eu aprendi.
É nesse carinho à terra que frutifica o desejo, a vontade, de a transformar e torná-la um sítio cada vez mais belo e melhor para viver.
Obrigado.
Cumps,
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As fotos antigas têm um fascínio especial. Trazem um misto de alegria e nostalgia, de memórias passadas muitas vezes nem sequer vividas.
Nunca visitei Oeiras antes de 1970 e só conhecia as estações das praias; Carcavelos, Parede, Estoril, Cascais.
Também conhecia Algés e Cruz Quebrada Dafundo das visitas ao Aquário Vasco da Gama e de me levarem a lanchar aos pavilhões.
Abraço
I.
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Olá Isabel,
Também eu nasci para Oeiras em 1970, apesar de cá ter estado antes.
Concretamente por volta de 1958... :)
Tenho fotografias que o comprovam. De vez em quando vinhamos para as praias da Torre e Santo Amaro.
Claro que essas memórias estão apenas cristalizadas nas fotografias. No meu espírito nada existe. Eu tinha UM ano de idade.
Concordo contigo quando dizes que as fotos antigas nos causam uma nostalgia de tempos que não vivemos.
Penso que isso terá a ver com os nossos sonhos, nomeadamente com as estórias fabulosas de tempos passados que nos contavam quando eramos crianças, estórias que nos faziam sonhar. E desejar ter 'estado lá'. Reminiscências de um passado sonhado.
Mas sobre isto quem nos poderia esclarecer é a nossa 'desaparecida' Amiga Elsa, dada a sua formação em Psicologia.
A propósito, sabes porque é que ela deixou de vir ao Oeiras Local?
A mim, nunca mais me escreveu. Mas o blog dela está activo. Vou lá às vezes e vejo coisas novas.
Bjs,
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