JN - 00h30m
Trinta e tal anos de Democracia trouxeram-nos até onde? Tantas vezes afirmámos já que a Democracia está adulta e, no entanto, não temos resposta para uma série de questões.
Veja-se o provedor de Justiça. Não há acordo; o PS resolveu divulgar o nome que tinha proposto e relativamente ao qual nem obteve resposta do PSD, partido que, no entanto, acusa os socialistas de querer preencher todos os lugares públicos.
Quem tem razão? Provavelmente, como quase sempre acontece em Portugal, cada um deles tem uma parte da razão. Boa política, própria de democracia adulta, seria, sem pestanejar, o PS convidar o PSD a indicar um nome que conseguisse recolher dois terços de votos. Seria boa política e obrigaria, naturalmente, a reciprocidade quando houvesse rotação no poder.
Numa democracia adulta, uma maioria absoluta seria uma coisa natural. Em Portugal, não. Ouvindo-se as oposições, uma maioria absoluta é meio caminho andado para um quero-posso-e-mando do partido maioritário. Quase uma ditadura. Como a memória é curta, já ninguém se lembra do que se dizia quando Cavaco era primeiro-ministro com maioria absoluta ou da imagem que Soares usou na sua corrida presidencial contra um candidato apoiado pela maioria de então, dizendo que não se devia pôr os ovos todos no mesmo cesto. São esquecimentos que dão jeito, mas que não são próprios de uma democracia adulta.
Numa democracia adulta, um primeiro-ministro não comenta depreciativamente uma manifestação de trabalhadores, ainda que possa saber de algumas manipulações. Numa democracia adulta, as classes profissionais acatam as leis que as regem e não agem corporativamente.
Numa democracia adulta, não há mal em um político, mesmo que esteja no poder, ser investigado. Em Portugal, não. Somos lestos a culpar. Uma acusação a um político, algum fundamento deve ter. Pensamos todos erradamente assim: os adversários políticos que o querem ver enfraquecido, os amigos que preferem passar a ideia de que os adversários querem é denegrir a sua imagem e que não estão interessados numa investigação serena e justa e até muitas vezes o próprio, que sabe quanto o amachuca a divulgação pública de uns quantos factos. Aliás, em termos de justiça, estamos muito longe da idade adulta: os processos arrastam-se, sujeitos a manobras dilatórias de toda a espécie, sem respeito por nenhum dos intervenientes e deixando quase sempre a convicção de que quem tem dinheiro para um bom advogado se pode salvar . Não faltam exemplos. Em matéria de segredo de Justiça estamos conversados, perante a ligeireza com que alguns estão prontos a denegrir a imagem de terceiros. E, no campo oposto, até temos magistrados que ousam dizer - como ontem fazia Maria José Morgado - que há políticos pobres que ao fim de uns anos estão milionários. Numa democracia adulta, uma magistrada foge do protagonismo e desempenha o seu papel. No nosso triste caso, descontando embora alguma sede de protagonismo, é preciso que uma magistrada venha para um jornal despertar consciências.
Temos muito caminho a percorrer. Como lá bem no fundo todos sabemos, temos muito que aprender, pelo menos enquanto formos o único país da Europa em que os condutores vêem o amarelo do semáforo e… aceleram, a ver se passam. O nosso mal é andarmos sempre a querer passar ao lado das regras .
Trinta e tal anos de Democracia trouxeram-nos até onde? Tantas vezes afirmámos já que a Democracia está adulta e, no entanto, não temos resposta para uma série de questões.
Veja-se o provedor de Justiça. Não há acordo; o PS resolveu divulgar o nome que tinha proposto e relativamente ao qual nem obteve resposta do PSD, partido que, no entanto, acusa os socialistas de querer preencher todos os lugares públicos.
Quem tem razão? Provavelmente, como quase sempre acontece em Portugal, cada um deles tem uma parte da razão. Boa política, própria de democracia adulta, seria, sem pestanejar, o PS convidar o PSD a indicar um nome que conseguisse recolher dois terços de votos. Seria boa política e obrigaria, naturalmente, a reciprocidade quando houvesse rotação no poder.
Numa democracia adulta, uma maioria absoluta seria uma coisa natural. Em Portugal, não. Ouvindo-se as oposições, uma maioria absoluta é meio caminho andado para um quero-posso-e-mando do partido maioritário. Quase uma ditadura. Como a memória é curta, já ninguém se lembra do que se dizia quando Cavaco era primeiro-ministro com maioria absoluta ou da imagem que Soares usou na sua corrida presidencial contra um candidato apoiado pela maioria de então, dizendo que não se devia pôr os ovos todos no mesmo cesto. São esquecimentos que dão jeito, mas que não são próprios de uma democracia adulta.
Numa democracia adulta, um primeiro-ministro não comenta depreciativamente uma manifestação de trabalhadores, ainda que possa saber de algumas manipulações. Numa democracia adulta, as classes profissionais acatam as leis que as regem e não agem corporativamente.
Numa democracia adulta, não há mal em um político, mesmo que esteja no poder, ser investigado. Em Portugal, não. Somos lestos a culpar. Uma acusação a um político, algum fundamento deve ter. Pensamos todos erradamente assim: os adversários políticos que o querem ver enfraquecido, os amigos que preferem passar a ideia de que os adversários querem é denegrir a sua imagem e que não estão interessados numa investigação serena e justa e até muitas vezes o próprio, que sabe quanto o amachuca a divulgação pública de uns quantos factos. Aliás, em termos de justiça, estamos muito longe da idade adulta: os processos arrastam-se, sujeitos a manobras dilatórias de toda a espécie, sem respeito por nenhum dos intervenientes e deixando quase sempre a convicção de que quem tem dinheiro para um bom advogado se pode salvar . Não faltam exemplos. Em matéria de segredo de Justiça estamos conversados, perante a ligeireza com que alguns estão prontos a denegrir a imagem de terceiros. E, no campo oposto, até temos magistrados que ousam dizer - como ontem fazia Maria José Morgado - que há políticos pobres que ao fim de uns anos estão milionários. Numa democracia adulta, uma magistrada foge do protagonismo e desempenha o seu papel. No nosso triste caso, descontando embora alguma sede de protagonismo, é preciso que uma magistrada venha para um jornal despertar consciências.
Temos muito caminho a percorrer. Como lá bem no fundo todos sabemos, temos muito que aprender, pelo menos enquanto formos o único país da Europa em que os condutores vêem o amarelo do semáforo e… aceleram, a ver se passam. O nosso mal é andarmos sempre a querer passar ao lado das regras .
2 comentários:
A Dra. Maria José Morgado tem toda a razão!
Vamos ver a partir do início do julgamento no próximo dia 25, como é que o DR. Isaltino justifica a sua fortuna pessoal!
Lembremo-nos que chegou em 1986 à CMO a conduzir um dois cavalos e a viver num T2 em Carnaxide!
Dizia que nunca seria arguido. Foi.
Dizia que nunca seria acusado. Foi.
Dizia que nunca seria julgado.Será.
Dizia que não será condenado. Veremos!
A justiça tarda, mas acaba por chegar!!!
Também disse, frente às cãmaras da TV, que é inocente e que bem podem procurar que não encontram provas.
Enviar um comentário