quinta-feira, 12 de março de 2009

PONTOS DE VISTA por JORGE MIRANDA







FRACA PARTICIPAÇÃO


É frequente ouvirmos a queixa de que o Poder “faz o que quer e lhe apetece, sem dar cavaco a ninguém”. E muitas vezes o cidadão tem razão para este desabafo. Mas noutras perde a legitimidade para reclamar, por pecar pela ausência, quando lhe é dada a oportunidade de se informar e participar.
É um facto que ainda temos muito que aprender e muitos hábitos para adoptar com vista a alcançar uma vivência democrática no nosso quotidiano. O participar e estar informado é uma das condições indispensáveis.
Tudo o que se relaciona com a área da saúde, em princípio, a todos diz respeito. E, quando está em causa a construção de instalações onde os respectivos serviços irão funcionar, mais atentos e interessados em acompanhar o processo devemos estar.
Ao invés do que seria de esperar, a sessão extraordinária da Assembleia de Freguesia de Algés, que se realizou em 26 de Fevereiro, expressamente convocada para debater o projecto do novo centro de saúde que ali vai ser construído, registou “fraca assistência de público”, segundo lemos no Jornal de Oeiras.
A sessão contou com a presença dos presidentes da câmara de Oeiras e da junta de freguesia local, além da do autor do projecto e de demais autarcas. Só a participação da população interessada foi escassa!...
Se tivermos em consideração que o novo centro de saúde constitui uma insistente reivindicação local, dificilmente se compreende este alheamento. Mas, depois, quando a obra estiver concluída e a funcionar, lá se erguerão os dedos acusatórios, apontando eventuais deficiência e lacunas, esquecendo-se que tiveram oportunidade de apresentar os seus pontos de vista e… demitiram-se.
A democracia faz-se com participação e não com divórcio.

Jorge Miranda
jorge.o.miranda@gmail.com


Com os habituais agradecimentos ao Autor e ao Jornal da Costa do Sol pela cedência do artigo e à revista municipal oeiras actual pelo uso da foto.

3 comentários:

Anónimo disse...

Bem observado.

Tiazoca de Oeiras disse...

São absolutamente verdadeiras as afirmações produzidas no artigo pese embora algumas atenuantes a considerar nomeadamente a pouca publicitação do facto. Alia-se ainda o tipo de organização social que hoje condiciona e muito a participação ( horários de trabalho etc etc.) e o descrédito e desencanto da mesma, em Portugal ainda muito ligada à participação político-partidária, que a maioria está a rejeitar de forma muito intensa .

Eventualmente é preciso dar espaço e tempo ao cidadão para construir a sua cidadania sem a limitar mas antes desenvolve-la na sua plenitude .

Clotilde Moreira disse...

Estavam nesta Assembleia 3 pessoas que nunca tinham ido a qq coisa desse género (que fizeram o favor de me acompanhar) e mais umas 10 que muito raramente acompanham estas reuniões. Ás reuniões públicas da Junta talvez a média de presença do povo seja de uma pessoa e meia e nas Ass. a médica será 3/4. Depois tb muita gente que não concorda com a localização porque é apertadinha diz que já não vale apena - eles fazem o que querem. Ficava aqui a dizer o que dizem no café toda a manhã. É o nosso povo. Mas para todos os de Algés um abraço a pesar da indiferença com que olham a Freguesia.
Clotilde