Estado das coisas
O aumento da criminalidade e da insegurança
O aumento da criminalidade e da insegurança
Chegou a hora de os autores desta política desastrosa darem a cara, sem falsas desculpas. Governar é assumir riscos.
Os dados oficiais do Relatório de Segurança Interna de 2008 vão ser, finalmente, do conhecimento dos portugueses. Já não adianta esconder esta negra realidade que confirma as piores expectativas.
Há muito que vimos dizendo que o estado das coisas, designadamente a política frouxa e permissiva no combate à criminalidade, as leis criminais que protegem mais o criminoso do que a vítima, a ausência de coordenação entre as várias forças policiais, uma política desadequada de policiamento das ruas e a falta de estratégia do Ministério da Justiça e da Administração Interna, iria contribuir para o aumento da criminalidade e da insegurança.
Rui Pereira e Alberto Costa têm tentado negar as piores expectativas, mascarando as estatísticas em função das conveniências políticas. Mas não há estatística que vença a força dos números e, sobretudo, o sentimento de insegurança que os portugueses vêm sentido nas ruas, na sociedade e em suas casas.
Chegou a hora de os autores desta política desastrosa darem a cara, sem falsas desculpas. Governar é assumir riscos e responsabilidades. O Governo é réu e os portugueses, que cumprem as suas obrigações no dia-a-dia, que pagam os seus impostos, são as vítimas.
Os dados demonstram que no ano passado o crime violento aumentou 10,7% e a criminalidade geral subiu 7,5%, ou seja, foram registados pelos órgãos de polícia criminal um total de 421 037 crimes, mais de 1100 por dia, dos quais, 24 313 foram graves e violentos.
Temos, em Portugal, ao que tudo indica, o maior crescimento criminal dos últimos dez anos. Dados esmagadores e preocupantes que espelham o falhanço das medidas de segurança e da reforma das leis penais. Que venham os defensores desta política criminal dizer que a culpa é da crise financeira internacional ou que este pico de aumento é sazonal, ao sabor das ondas. O aumento da criminalidade não é conjuntural, mas estrutural, e os decisores políticos ainda não perceberam. A culpa é das más políticas e de quem se serve do poder e age como se estivesse a gerir a sua quinta.
Em democracia os cidadãos também têm a sua quota-parte de responsabilidades. Está a chegar a hora de pedir contas e de castigar, com o voto, quem os engana. Demitirem-se deste nobre exercício é o mesmo que pactuar com os políticos responsáveis pelo aumento da criminalidade e da insegurança. A coragem política impõe que o tabu seja desfeito, em nome da verdade.
Rui Rangel
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