O Terreiro do Paço precisa de respeito
O que está a passar-se com as obras no Terreiro do Paço e na Ribeira das Naus é absolutamente inacreditável. Passei lá esta semana com vontade de gostar, de apreciar o que está a ser feito, independentemente do respeito pela lei.
Ora é indescritível! Convido todos, lisboetas e outros cidadãos de Portugal, a fazerem o mesmo.
O estreitamento das vias de rodagem e as alterações nos passeios são um pequeno e lamentável exemplo do que está acontecer com os poderes dados a uma sociedade do Estado – a Frente Tejo –, com total desrespeito pelas regras mais elementares do Estado democrático de direito, incluindo a do bom senso.
Volto a perguntar: onde estão os estudos de tráfego que permitem estas alterações e que o vereador Sá Fernandes tanto reclamou para o túnel do Marquês? Onde está o estudo de impacto ambiental, também reclamado nessa situação? E o IGESPAR foi ouvido sobre tudo que lá está a ser feito?
Não me coíbo de escrever aqui sobre este assunto, porque não é um tema de campanha. Trata-se, como escrevi na semana passada, de uma questão nacional. Muito de Lisboa, mas de todo o país.
E, para além disso, a doutrina parece ter mudado em Portugal, nomeadamente por parte da Entidade Reguladora para a Comunicação Social. O actual presidente da Câmara continua a participar num programa televisivo, provavelmente porque continua a afirmar que não é candidato. Ora, não sendo ele candidato, ainda mais à vontade estou para escrever sobre os actos ou omissões da equipa que dirige.
O que mais impressiona é a maneira como alguns podem fazer quase tudo o que querem, sem que ninguém intervenha. Pensava-se que teria havido esta semana o embargo das obras, na sequência de uma providência cautelar do Automóvel Clube de Portugal.
Devo dizer (como se compreenderá) que não gosto nada de embargos judiciais às decisões do poder político. Mas também não gosto nada destes dois pesos e duas medidas. Os que não violam a lei têm as obras embargadas e paradas durante muito tempo; os que não querem saber da lei vão por aí fora. Sinceramente, é preciso que a normalidade democrática funcione.
Que fique também claro que não são obras à pressa que me impressionam. Digo-o com a devida humildade. Em 2001 João Soares também teve o Metropolitano a fazer grandes obras no Rossio e foram feitas outras na Praça da Figueira, mais o parque de estacionamento no Largo de Camões. Foi tudo inaugurado em cima das eleições, com fanfarra da GNR. E não ganhou as eleições.
A questão está em que não se pode fazer isto ao Terreiro do Paço e à Ribeira das Naus. O Terreiro do Paço precisa de sossego – mas precisa, antes de tudo, de respeito.
Pedro Santana Lopes - Equinócios e Solstícios - 19 de Junho de 2009
1 comentário:
http://lisboacomsentido.blogspot.com/2009/06/comunicado-de-campanha-antonio-costa.html
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