quarta-feira, 16 de maio de 2007

E Barcarena, salva-se ou não?

São 2100 os novos fogos previstos, a construir em terrenos da Reserva Agrícola Nacional, de Barcarena, Tercena até Queluz-de-Baixo. Ia acabar por ter de falar disto mais tarde ou mais cedo, da guerra do Isaltino com o Conselho de Administração do Taguspark , e o mais recente projecto urbanístico do Grupo Espírito Santo também.

A verdade encontra-se presente na frase auto-explicativa de Isaltino Morais sobre este projecto:

"interesse manifestado por diversos proprietários em vir a desenvolver intervenções urbanísticas na área em causa e no interesse emergente em vir a consolidar a estrutura urbana dos aglomerados".

Podemos concluir que os "diversos proprietários" vão ganhar uma pipa de massa com a reconversão dos seus terrenos agrícolas para superfícies urbanizáveis. É aqui, na venda de terrenos, que se dão os maiores lucros. É normal haver rentabilidades a atingir os 80% ou mais, com a reconversão dos terrenos. A construção das habitações têm um retorno de 30%, espaçado pelo tempo de construção e venda, regra geral, 2 anos. É um modo de ganhar a vida.

Só para aguçar a curiosidade, apresento de seguida algumas fotos dos locais em questão. Uns já estão urbanizados, e noutros são objectos do plano de pormenor, um processo administrativo hábil de contornar o PDM e onde reside a grande parte do poder dos autarcas, mas que só deve ser utilizado se daí houver manifesto interesse público e não o interesse dos proprietários de terrenos.

Para mim é bastante claro que os vereadores do PSD ou a CDU devem apresentar uma queixa formal no I.G.A.T. ou no M.P, porque senão, estarão a ser coniventes com todo este processo. Não basta ficarem "assustados"... foi exactamente para este tipo de coisas que eles foram eleitos.


Os terrenos em questão, uma mancha verde da Reserva Ecológica Metropolitana que Isaltino Morais quer transformar em zona urbanizável.

Outra vista, onde se vê Tercena e Massamá, extensa mancha urbanizada, consolidada! É nisto em que Isaltino quer transformar o que resta do vale verde de Barcarena. É a força do "Habitar Oeiras"!

Aqui já se vê toda a mancha urbana, com as construções recentes de habitações junto à Fábrica da Pólvora e ribeira de Barcarena.

A terraplanagem da parte Oeste do Vale de Barcarena já começou, junto a esta vila, na extensão do sector 3 do plano de desenvolvimento do Taguspark.

Zona interior do sector 3 do plano de desenvolvimento do Taguspark.

Zona interior do "Cabanas Golf" que está a ser urbanizada com novas vivendas promovidas pelo G.E.S., área extensa que vai até junto da rotunda do Taguspark.

Futuros terrenos a serem urbanizados pelas vivendas promovidas pelo G.E.S.


A política de urbanizar terrenos outrora agrícolas acarreta um impacte ambiental, degradação da qualidade de vida, diminuição dos espaços de compensação e de refúgio ambiental, aumento do esforço nas redes de abastecimento de água, saneamento, electricidade e vias de comunicação.

Passando de um panorama de desenvolvimento policêntrico para um alastramento - ou consolidação segundo o ponto de vista de Isaltino - às áreas anexas, teremos uma mancha urbana onde os seus habitantes dificilmente poderão continuar a usufruir de um ambiente saudável, limpo e natural. Fica dado o alerta para as forças políticas responsáveis na questão e responsabilizáveis pela tutela se nada fizerem.

7 comentários:

Isabel Magalhães disse...

DC;

Excelente artigo. É essencial que se divulguem situações destas para que todos tomem conhecimento da actual realidade do concelho de Oeiras.

***
I.

Rui Freitas disse...

Eu também ainda acredito no "Pai Natal"... Ih! Ih!Ih!

Anónimo disse...

O caso apresentado não é novidade e já foi discutido em sede de reunião de bancada do grupo parlamentar da Assembleia Municipal do PSD.

Daí saiu uma decisão de ser necessário criar um Movimento Cívico designado " Salvem Barcarena " - em tudo semelhante ao criado em Caxias e que impediu a realização da Cidade Judiciária.

Penso assim, que é importante reunirmos um grupo de " defensores do património ecológico do Concelho " e lutar para que Barcarena não seja também ela, aglutinada pelo betão.

Saudações s-d.

E disse...

Estou completamente a favor desse movimento cívico. Sff enviem-me depois o contacto para poder participar. Ou então ao "OeirasLocal" para ser afixado no blog.

E disse...

SFF consultar edital 225/2007, de 11 de Maio da CMO e publicado hoje no DN. Será que têm alguma coisa a haver com isto? O terreno é em Tercena. Estará em discussão pública a partir de 28 de Maio, na CMO, divisão de licenciamento.

Quanto ao acesso via internet, ainda não estão disponível (nem sei quando é que vai ser) os editais no site da CMO. O motor de busca nas actas e deliberações também não funciona bem.

Anónimo disse...

É um abuso!
Como pode a Camara de Oeiras explicar a utilização de terrenos agrícolas devolutos para construir urbanizações sejam elas de luxo ou de "custos controlados", comprometendo assim o futuro de muitas gerações vindouras, em todas as suas vertentes; a descaracterização das localidades cujo patrimonio historico e cultural passa por preservar as suas casinhas típicas, campos de cultivo, recursos de água,ambiente familiar e de vizinhança, etc.

Construir prédios em bairros tipicos de aldeia,com ruas/caminhos de hortas inclinados, sem espaço suficiente para um carro, quanto mais para passeios laterais, ladeadas por moradias baixas antigas, destroi para sempre a alma de um povo.

Devia ser considerado crime, especialmente quando se vêm predios e predios dentro e fora da ciadade, degradados à espera da recuperação que tarda em chegar.

Jardas Guardian disse...

Tá tudo dito....