sexta-feira, 17 de abril de 2009

Experiências...




CM - 16 Abril 2009 - 09h00
Da vida real
Experiências...

Em recessão profunda, com uma contracção da economia por agora estimada em 3,5%, segundo o Banco de Portugal – que, com franqueza, não se tem mostrado particularmente fiável (lembremo-nos que partiu de uma previsão de 0,8%) – o Governo dá-se a experiências, prossegue a política de tudo funcionalizar e continua o deslumbre das novas tecnologias.


Está de ver que este é mesmo o momento para experiências absurdas em pilares do Estado como a Justiça. Quando precisamos de um pensamento consistente sobre um modelo para enfrentar os novos tempos, o Governo brinda-nos com "experiências". Ainda ninguém se convenceu de que vamos mesmo empobrecer e que é preciso arranjar do que viver com novos clusters e o regresso a outros há muito abandonados.

Supostamente o novo mapa judiciário entrou em vigor (peço desculpa mas há muita coisa que deixei de escrever com letra maiúscula), em três comarcas-piloto (esta das experiências-piloto pelos vistos também veio para ficar), e como é evidente sem que as condições estejam reunidas, apesar de já ter passado um ano depois de o dito mapinha ter sido aprovado. Enfim, o Governo deve ter tido pouco tempo. Lê-se que foi preciso um investimento de 17 milhões em obras de requalificação e construção de novos tribunais (novos tribunais quando 234 comarcas foram convertidas em 39 circunscrições?). Provavelmente é a pensar no desdobramento das comarcas, o que significa que a conversão não foi tanta assim. À custa da experiência ficam já por preencher 60 lugares de procuradores, o que para o resto do País não é uma boa notícia, mas o País também está habituado a não as ter propriamente boas. À boleia mais funcionalização para o Ministério Público.

Um País com duas justiças, a duas velocidades. E já agora vai de aumentar as custas que de tão elevadas mais configuram verdadeira denegação de justiça e impedem o acesso aos tribunais.

Ainda bem que alguém se lembrou de levar o monstrinho do mapinha ao Tribunal Constitucional. E que aí pereça. Já agora podia suceder o mesmo às custas.

Mas as experiências não se ficam – como se fosse pouca coisa – pelos pilares do Estado: é que é mesmo tempo – com a escassez de meios que por aí anda – de aprovar novos regimes de reabilitação urbana com vendas forçadas e obras coercivas... e é verdade, tem muito interesse receber por SMS o valor do reembolso do IRS... ainda se pudesse ser o dito...

Assim vamos nós.

Paula Teixeira da Cruz

6 comentários:

Rolando Palma disse...

Perdoem-me os mais entendidos ( porque não sou politico ) mas enquanto cidadão... confesso-me desiludido.
Este pequeno país até podia ser um oásis, no meio da anarquia que grassa por esse mundo fora...
Somos pacíficos, calmos e hospitaleiros.
Não temos problemas sérios de terrorismo
Não temos problemas de nacionalismos.

Mas, pelos vistos, continuamos com problemas de vaidades doutorais. Como sempre, a forma é mais importante que o conteúdo, a inauguração mais importante que o funcionamento, a vitória moral mais importante que a vitória... real.

Concordo com a análise amarga do seu post. Ainda acrescentaria algo mais; neste momento, o país escreve-se com letra pequena, assim.

portugal

Rolando Palma, Elvas

Anónimo disse...

Só se esquece de dizer, a Senhora, que o maridinho querido o Paulo Teixeira Pinto, andou a sacar à grande no BCP... abandonando o banco com uma reforma de largas dezenas de milhares de euros e um buracão gigante no banco... é bom ser-se esposa de banqueiros milionários e vir falar de dignidade nas instituições!

Anónimo disse...

Creio ter posto aqui um comentário pela manhã. É usual não publicarem os textos que afectam as susceptibilidades de quem se apoia?
Se assim for lamento profundamente.
Carlos Cunha

ososilva disse...

Meus amigos, noto por aqui uns anónimos assíduos que só tecem comentários básicos alheios ao assunto em questão.
Talvez umas «Renies» para a azia fizessem bem.

Isabel Magalhães disse...

Caro Sr Silva;

São uns anónimos pouco anónimos. São pessoas com graves problemas.

Segundo os entendidos 'Os agressores são sempre pessoas com problemas'.

Isabel Magalhães disse...

Caro Rolando Palma;

Não podia estar mais de acordo consigo (e com o artigo da PTC). E até com o facto de grafar 'país' com minúscula'.

Obrigada pela visita. Continue connosco.

Saudações

IM