terça-feira, 7 de abril de 2009

Um eléctrico para a Cruz-Quebrada


Vinha-se de eléctrico passar o domingo nas esplanadas do Jardim de Algés e os mais afoitos desciam no fim da linha, na Cruz-Quebrada e estendiam as pernas pela envolvente das árvores e bordas do Estádio Nacional. Retomava-se o eléctrico – que no verão tinha “paredes” de lona às riscas – e rumava-se à Capital.

O eléctrico 15 está reduzido: inverte em Algés e o percurso para a Cruz-Quebrada é feito no autocarro 76. Há um ténue movimento a favor do seu regresso: os carris continuam lá, mas a densificação desta freguesia com as politicas do deita abaixo e constrói lucrativas alturas entre a linha do eléctrico e a Av. Ivens/Marginal e as construções na encosta, apertam a Rua Sacadura Cabral sua espinha dorsal.

Depois há a falta de estacionamento e quem circula de carro nesta via tem de contar com as cargas e descargas e respectivos desvios o que os autocarros 76 podem fazer. Ora se fosse um eléctrico, a falta de mobilidade iria complicar ainda mais a circulação.

Lamento que não tenha havido uma correcta programação no desenvolvimento desta freguesia e que o regresso do eléctrico 15 seja, praticamente, uma miragem.


[Este artigo foi hoje publicado no 'Correio do Leitor' do 'Jornal de Oeiras']

6 comentários:

Isabel Magalhães disse...

Clotilde;

Não me lembro dos 'toldos de lona às riscas' mas lembro-me dos eléctricos abertos que, creio, só circulavam no verão.
Era um passeio muito agradável e, no términus na Cruz Quebrada, não havia lixo nem papeis no chão.

Clotilde Moreira disse...

Isabel,
Por volta de 1943/44 os eléctricos de bancos corridos tinham como que umas "cortinas" ao lado de cada banco que se puxavam para o sol não nos bater. Ou estarei a sonhar?
Clotilde

Isabel Magalhães disse...

Clotilde;

Pois... em 43/44 ainda não tinha 'chegado' e confesso que nas minhas memórias mais remotas não há cortinas. ;)

Anónimo disse...

"e os mais afoitos desciam no fim da linha, na Cruz-Quebrada e estendiam as pernas pela envolvente das árvores e bordas do Estádio Nacional"
E era preciso ser-se mesmo muito afoito para sair na última paragem na Cruz-Quebrada, é que saia-se à "porta" do acampamento de ciganos e as histórias que se contam não são as melhores!!..

Luisa Gomes

Fatima disse...

Clotilde é pena que o eléctrico 15 seja apenas uma miragem.
Lembro-me das muitas noites que passei sem dormir, quando estavam a preparar os carris para os eléctricos rápidos.
Foi um trabalho de meses e de muito investimento. O alcatrão foi todo removido, abriram-se com escavadoras os rasgos para colocação dos novos carris. A Rua Sacadura Cabral esteve cortada meses.
O trabalho ficou concluído, mas os eléctricos nunca mais voltaram.
Ainda hoje não percebo porque se fez tamanha obra!
Estou em crer que ainda vai haver eléctricos pela Cruz Quebrada!

Anónimo disse...

Fatima,

Não foi o alcatrão que foi removido, foram os paralelos pretos que constituiam o pavimento que foram depois da colocação dos carris substituidos por um pavimento em alcatrão. É bom sermos rigorosas.
Também eu passei muitas noites sem dormir, eu e o meu homem que deus tem.

Luisa Gomes