Talvez seja mesmo uma característica deste nosso país, mas sempre gostámos e gostamos de não cumprir, de encontrar uma forma de beneficiar além das regras, de não pagar ou pagar muito menos do que está estabelecido, passarmos à frente de uns tantos porque temos uma cunha e por aí adiante. Por isso, todos temos alguns “rabos de palha” que, felizmente, a grande maioria das vezes não foi além de uma galinha, no passado, ou de uma caixa de bombons, no presente.
Porém, tem existido e está a tomar proporções alarmantes os favores e subornos, as omissões e ocultações e outras coisas mais que ultrapassam milhões, prejudicam terceiros, hipotecam mesmo o futuro de regiões, põem em perigo até pessoas e bens, muitas vezes mascaradas de grandes e desinteressadas obras a favor da nação, quando parte importante de património desviado é encontrado na posse de uma certa classe ligada a cargos públicos, que devia ter um comportamento exemplar.
Esta apropriação em proveitos próprios tantas vezes denunciada e comprovada - pois, como diz o povo, “quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado lhe vem” – não tem conduzido à real condenação de tais procedimentos, antes pelo contrário: desdobram-se explicações de vários quadrantes, esmiuça-se que enquanto não for condenado é inocente (e atrasa-se os processos o possível para caducarem), nomeiam-se para cargos bem remunerados noutros sectores, deixam-se continuar com argumento que fazem parte de listas votadas pelo povo, enviam-se para o estrangeiro até criarem outra imagem, arranja-se um grupo de apoio estridente, promovem-se almoços e jantares com anúncios na comunicação social que conduzem a tempos de antena e fala-se, fala-se de cabalas, de obra feita (omitindo-se como) e pronto temos subida em cargo público.
É triste que muitos dos cargos públicos deste País esteja a ser ocupado por gente com percursos tão duvidosos. E que o nosso bom povo português esqueça, se entusiasme e vote nestes cidadãos com “rabos de palha” tão grandes, e não se interrogue e esclareça sobre os reais interesses que os motiva, de onde vem dinheiro para tanto espalhafato, quem está interessado neste tipo de nomeações. Ao povo, ao português anónimo que é a força de trabalho deste País, só lhe caberá as migalhas que aqueles dos cargos públicos e os que por trás deles estão, entenderem deixar cair para os ir calando.
O Povo tem a força do seu voto e é esta força consolidada e bem exercida que contribuirá, verdadeiramente, para a construção de um mundo melhor.
M.C.M.
Este artigo foi publicado nas Cartas ao Director – Jornal Público de 5 de Maio de 2005 e - infelizmente - continua actual.
5 comentários:
E com ele não poderia estar mais de acordo. Mas, infelizmente, a "mioria" (não, não me refiro à do (des)governo...), até gosta, concorad e aplaude!
"Robou, mas fez..."!
Dahhhh! Quando é que acordamos?
Perdão: onde está "mioria", claro que deve ler-se "maioria".
O POVO tem a força do Voto, é certo, mas não tem a força do exercício.
Os eleitos dizem uma coisa, e na véspera da eleição, já estão regimentados e a fazer outras absolutamente diferentes, isso passou-se com o PS a CDU, o PSD onde a grande maioria desses eleitos, alinharam ao lado do IOMAF, estão junto ao poder e aos favores (isso é corrupção), quando não fizeram pior, vejamos o PS em Oeiras.
A outra questão é, porque vota esse POVO em pessoas com o perfil de Isaltino Morais, Fátima Felgueiras e tantos outros, uma vez, somos enganados, mas duas vezes, isso é letargia cívica e social, é opção de um povo igualmente incapaz e corrupto também.
Mais grave ainda, o concelho de Oeiras está a ser governado por estranhos ao concelho (aventureiros e provincianos, nem saloios são …) e cujo único fim, são os jogos de influência e a exploração, pouco dispostos estão no desenvolvimento desta Terra e da gente que pelo já cá habitava. Esta é a grande verdade. Apenas pensam neles e no seu bem-estar material, pessoal e familiar, tudo o mais não importa.
Antes de Isaltino, já aqui vivia POVO (há séculos), gente que continua na miséria e sem meios para evoluir, porque todos os recursos são usados nessa exploração lucrativa, desenfreada e desmedida do isaltinismo dos últimos 23 anos.
O problema é que quem se sujeita ao voto são pessoas que já estão maculadas (com escepções). A maioria das outras, ou por comodismo ou porque não tem pachorra intelectual ou física, não está para isso. Cria-se, assim, uma classe de políticos profissionais que se auto-sustenta como quqlquer outra corporação!
Ou se acredita que as coisas estão a mudar, que existem ventos dessa mudança contra a corrupção e o compadrio, o roubo e a fraude ao mais alto nível dos dirigentes ( eleitos por todos nós !!), e contra qual vale lutar e denunciar situações, ou, se nos conformamos e ficamos a assistir do nosso sofá ao que está a acontecer, estaremos a hipotecar o futuro dos nossos filhos e netos.
Tenho 48 anos, já assisti a tudo neste nosso pobre país e noto que pela primeira vez neste úlimos 30 anos, existe um clima internacional que terá de contagiar o nosso contra este "fartar vilanagem".
Ou acreditamos nisso ou mais vale desde já incentivarmos os nossos filhos a serem muito bons profissionais naquilo que os realizar mas a emigraren assim que puderem para um país civilizado.
Oeiras, Felgueiras, Gondomar, Braga e tantos outros, nunca mais...ou Jamais...
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