10 April 09 09:00 AM
EM POUCOS dias, José Sócrates e o seu Governo avançaram com processos judiciais contra três jornalistas do Público, contra a TVI, contra o SOL, devido à divulgação de notícias relacionadas com o caso Freeport ou matérias afins. E até interpuseram uma queixa-crime contra um jornalista do DN por causa de um normal artigo de opinião, em tom de crítica irónica e corrosiva mas não ofensiva, que terá desagradado particularmente à irritadiça susceptibilidade do primeiro-ministro. Não há memória, no passado recente, de um chefe de Governo com tão exacerbado furor punitivo contra a comunicação social e com tamanha incompatibilidade de conviver com uma informação livre e plural, sem dependências nem constrangimentos, e, por isso, inconveniente para os poderes em exercício.
Sócrates revela-se um paroquial aprendiz de Berlusconi, na sua fúria antidemocrática contra a diversidade de críticas e opiniões que ponham em causa a sua figura, os seus actos, o seu transitório poder.
MAS este passo, o dos processos em tribunal e ameaças de pesadas indemnizações, é apenas o coroar de uma estratégia de condicionamento e intimidação da comunicação social não alinhada com o Governo. Estratégia que começou com pressões directas, de Sócrates e dos seus assessores, sobre vários jornalistas por ocasião das primeiras notícias sobre a sua estranha licenciatura na Universidade Independente. Que prosseguiu com manobras de coacção e de asfixia financeira sobre patrões e empresas de media. Que se acentuou, perante a sucessão de episódios mal esclarecidos da vida e da carreira de Sócrates, com intervenções e inquéritos da ERC em oportuna convergência com as reclamações do próprio.
E que culminou agora, já em desespero de causa devido ao continuado desgaste do caso Freeport, com pressões sobre magistrados e o poder judicial acompanhadas desta chuva de processos à la carte contra jornalistas e órgãos de comunicação social.
São sinais preocupantes de intolerância face a princípios e direitos basilares da vida democrática. E sintomas de uma perigosa deriva para o autoritarismo. Não era Mário Soares que falava dos riscos da «ditadura da maioria»? Mas é fácil e barato pôr acções intimidatórias em tribunal, para quem não suporta as custas dos processos e os honorários dos advogados. Sócrates e a sua maioria controleira decidiram, agora, usar advogados como novos coronéis do lápis azul da censura. Pagos, como dantes, pelo Estado.
jal@sol.pt
Sócrates revela-se um paroquial aprendiz de Berlusconi, na sua fúria antidemocrática contra a diversidade de críticas e opiniões que ponham em causa a sua figura, os seus actos, o seu transitório poder.
MAS este passo, o dos processos em tribunal e ameaças de pesadas indemnizações, é apenas o coroar de uma estratégia de condicionamento e intimidação da comunicação social não alinhada com o Governo. Estratégia que começou com pressões directas, de Sócrates e dos seus assessores, sobre vários jornalistas por ocasião das primeiras notícias sobre a sua estranha licenciatura na Universidade Independente. Que prosseguiu com manobras de coacção e de asfixia financeira sobre patrões e empresas de media. Que se acentuou, perante a sucessão de episódios mal esclarecidos da vida e da carreira de Sócrates, com intervenções e inquéritos da ERC em oportuna convergência com as reclamações do próprio.
E que culminou agora, já em desespero de causa devido ao continuado desgaste do caso Freeport, com pressões sobre magistrados e o poder judicial acompanhadas desta chuva de processos à la carte contra jornalistas e órgãos de comunicação social.
São sinais preocupantes de intolerância face a princípios e direitos basilares da vida democrática. E sintomas de uma perigosa deriva para o autoritarismo. Não era Mário Soares que falava dos riscos da «ditadura da maioria»? Mas é fácil e barato pôr acções intimidatórias em tribunal, para quem não suporta as custas dos processos e os honorários dos advogados. Sócrates e a sua maioria controleira decidiram, agora, usar advogados como novos coronéis do lápis azul da censura. Pagos, como dantes, pelo Estado.
jal@sol.pt
3 comentários:
"Pagos, como dantes, pelo Estado."
Pagos por todos nós. O Estado somos nós.
Viva, Isabel!
O que o JAL (José António Lima) e outros como ele se esquecem de referir é que apenas agora que os jornais e jornalistas estão ameaçados, resolvem indignar-se com a sanha do primeiro-ministro.
Quando essa sanha se dirigia inteiramente para um cidadão comum, que teve a coragem de denunciar no seu blog outras "aventuras" - quando jornais e jornalistas tudo calavam muito convenientemente - aí não houve indignação que os incomodasse.
Não merecem, pois, o mais leve respeito, porque, afinal, não andam muito longe daquele ou daqueles a quem agora verberam comportamentos.
O cidadão comum corajoso a que me refiro é, claro, António Balbino Caldeira, do Blog Do Portugal Profundo, cuja casa - e a da respectiva mãe - foi invadida logo numa manhãzinha, bem cedo, vasculhada de alto a baixo e dela retirados computadores e outros pertences, que apenas foram devolvidos anos após, quando Balbino foi absolvido.
António Caldeira começou esta verdadeira cruzada em 2005. Os todo-poderosos jornais e jornalistas só tiveram "balls" quando tudo já estava feito, ou seja, quando começaram a servir-se da leitura que faziam no blog de Caldeira para escreveram as "suas" notícias.
Portugal está podre.
Abraço
Ruben
Ruben;
Fez bem em lembrar o António Balbino Caldeira. É preciso que ninguém esqueça o que lhe foi feito.
Relembre-me, por favor, tenho ideia que lhe foram movidos dois processos; um pelo PM e outro pelo cidadão Pinto de Sousa...
Abraço
I.
Enviar um comentário