quinta-feira, 19 de março de 2009

PONTOS DE VISTA por JORGE MIRANDA



PRESENÇA DA MULHER


Assinalou-se, no dia 8 de Março, o Dia Internacional da Mulher. E mais uma vez nos interrogámos sobre a actual pertinência de tal evocação, aqui e no mundo.

A mulher já adquiriu, juridicamente, na ordem internacional, a paridade em relação ao homem. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, que a Organização das Nações Unidas adoptou, consagra-a. É evidente que existem países que não respeitam nem adoptaram ainda os preceitos estabelecidos. Mas esta negação envolve tanto mulheres como homens. O que, portanto, está em causa são os direitos, as liberdades e, sobretudo, a dignidade humana. Sobre estes tópicos, independentemente da questão de género, é que deve incidir a luta pela transformação das estruturas mentais (e dos sistemas económicos) que impedem ainda a irradiação global de uma ordem justa, igualitária e dignificadora, sem entorses.

Na véspera desta data tivemos de nos deslocar à extensão de Paço de Arcos do Centro de Saúde de Oeiras. Esclarecedora da posição que a mulher ocupa na sociedade portuguesa, verificámos que o quadro clínico da estrutura comporta 14 médicos, entre os quais se contam 11 mulheres e apenas três homens!

Há 50 anos, ou mesmo 30, seria possível encontrarmos esta situação?

Muito se progrediu em Portugal – e no Mundo – em termos de igualdade de direitos. E se persistem situações anómalas, que ofuscam os consagrados direitos humanos, há que continuar a lutar pela dignificação do Homem, sem atender à diferença de sexo, pois ambos se apresentam como vítimas. A tónica deve ser colocada no ser humano.

Jorge Miranda
jorge.o.miranda@gmail.com


Com habituais agradecimentos ao Autor e ao Jornal da Costa do Sol pela cedência do artigo e ao Boletim Municipal Oeiras Actual pelo uso da foto.

4 comentários:

Isabel Magalhães disse...

Amigo Jorge Miranda;

Desculpe não ter podido comentar atempadamente.

Infelizmente o quadro que nos apresenta ainda não corresponde à realidade, nem nas camadas sociais elevadas e muito menos nas mais baixas.

Há, de facto, mais mulheres do que homens com cursos superiores em Portugal mas a desigualdade a nível de salário, (salvaguardando a função pública) de oportunidades e de lugares de chefia atinge números elevados.

Vinha também mencionar a sobrecarga de trabalho diário que qualquer mulher suporta - para além da sua carreira profissional - como gestora do lar, trabalhadora doméstica e mãe (e sem esquecer que há alguns homens que já colaboram nessas tarefas) quando 'tropecei' num artigo escrito pela Hilarin Cliton e cujo link deixo para todos os interessados.

Nele estão também descritos outro tipo de flagelos que as mulheres suportam, em todos os continentes, pelo simples facto de serem mulheres.

"Sobre os Direitos das Mulheres" - 10 Março 2009

http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Opiniao/Interior.aspx?content_id=128543


Por tudo isso defendo que as MULHERES têm direito ao seu dia.

Um beijinho com amizade.

Isabel Magalhães

Clotilde Moreira disse...

Isabel,

Só agora vim aqui. Concordo com tudo o que diz excepto "Por tudo isso defendo que as MULHERES têm direito ao seu dia"

porque defendo

“há que continuar a lutar pela dignificação do Homem, sem atender à diferença de sexo, pois ambos se apresentam como vítimas. A tónica deve ser colocada no ser humano”.

Penso, no entanto, que devemos ainda guardar o dia 8 de Março não como dia da mulher mas como dia de um acontecimento em que seres humanos/mulheres foram mortas por melhores condições de trabalho.

Mas não sou radical ao ponto de não ir porque é dia da mulher. Vou e defendo o meu ponto de vista do ser humano que precisa ainda de caminhar muito para chegar a uma TERRA/PARAISO.

Clotilde

Isabel Magalhães disse...

Clotilde;

Bom dia!

Se defende que

"Penso, no entanto, que devemos ainda guardar o dia 8 de Março não como dia da mulher mas como dia de um acontecimento em que seres humanos/mulheres foram mortas por melhores condições de trabalho."

só estamos em 'desacordo' numa questão de data e de nome do dia.

Num ano anterior, talvez o de 2008, o meu post era, precisamente, sobre as 'novaiorquinas' que morreram queimadas numa fábrica quando lutavam por melhores condições de trabalho.

Abraço

I.

NB - A TERRA/PARAÍSO está, infelizmente, mais longe a todos os níveis.

Clotilde Moreira disse...

Isabel,

A TERRA/PARAÍSO está realmente muito longe, mas não matem o sonho que havemos de lá chegar.

Afinal, considero que estamos ambas do mesmo lado: pelo SER HUMANO que somos todos nós (uns mauzinhos outros a tentarem ser mais bonzinhos até chegarem a BONS)

Um abraço
Clotilde