terça-feira, 5 de agosto de 2008

os 'carroceiros' da Língua Portuguesa

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Não me considero de modo algum um perito da Língua Portuguesa. Sou apenas um utilizador preocupado, que tem por hábito, e acredito que também por dever, a preocupação com a conceptualização, ou seja, com a correcta definição do conceito a utilizar para uma eficaz articulação e utilização de um vocábulo que bem o defina (conceito), na aplicação ao objecto sem margem para ambiguidades, confusões, atrapalhações, dúvidas, etc.

Vem este palavrório a propósito dum objecto que me deram há dias e que muito jeito me faz, já agora.
Não estou de acordo com a designação que tem, que um qualquer espírito iluminado (pelo demo?) lhe deu.

Ignorância de engenheiro? De técnico? Os profissionais da indústria não primam pelo saber linguístico. Chamam às coisas os nomes mais estapafúrdios e ridículos. É só ler um qualquer manual técnico.
Erro de tradução? Quiçá. A pressa e a falta de rigor, têm destas coisas.

Mas a parvoíce atinge tais proporções que me 'cheira' a outra coisa qualquer.
Em concreto, que a designação tenha sido brilhante e habilmente inventada pelo fabricante (estrangeiro), e a comum inépcia das (inexistentes?!) entidades fiscalizadoras tenha permitido que passasse.

Eis as imagens:

- CLIQUE PARA AMPLIAR -

Aquilo que eu sem grande esforço designaria por ESTANTE é afinal, constato um pouco surpreso, uma CARROÇA BANHO !!


Aqui entre nós, claro que o facto de ter rodas é irrelevante. Muitos objectos as têm e isso não faz deles carroças: cadeiras de rodas, cadeiras de escritório com rodas, camas de hospital, estantes e armários, etc.

Elas - as rodas. no caso em apreço - destinam-se apenas a facilitar a deslocação para limpeza do local. O objecto não se destina a deslocar-se para transportar coisa nenhuma (função duma carroça) nem é puxado por tracção animal - a menos que estivessem a pensar na senhora da limpeza, o que é no mínimo grave e insultuoso.

Uma nota final, sem qualquer intuito xenófobo: O fabricante é espanhol.

Se tratamos tão mal a nossa própria Língua, não podemos esperar que outros a tratem bem!

fotografias: © josé antónio / comunicação visual
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5 comentários:

Isabel Magalhães disse...

Foram ao dicionário ver 'chariot' e, vai daí, sai 'carroça' mas, é estranho porque em espanhol até traduziram por 'carro'. Neste caso, da má tradução não vem perigo ou grande confusão para o comprador, o mesmo não posso dizer da tradução para português de um guia de instruções de uma placa vitrocerâmica da AEG.

Em inglês, no capítulo segurança consta:

"The frameless edge of the glass ceramic surface is susceptible to knocks"

e em português

"A borda sem caixilho da placa em vidro cerâmico dá choques."


Um comprador atento, - eu sou, leio tudo - indaga como é que uma placa vitocerâmica com os bordos em bisel, onde se toca constantemente quando em utilização, "dá choques"?!

Copyright by AEG
319 640 400-A-210602-03

Unknown disse...

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... "dá choques"?!

Com ou sem tinta? :)

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Unknown disse...

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A sério, a sério... ninguém leva isto (Portugal) a sério!!

É por essas e por outras que leio sempre a secção em inglês dos manuais e borrifo-me para a tradução em 'tuga' (que aquilo nem merece a designação de Português).

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Isabel Magalhães disse...

J;

Comparar as traduções é um exercício 'lúdico'! ;)

Oeiras disse...

É como aqueles papelinhos muito fininhos que vêm em anexo aos electrodomésticos chineses, num Português muito mal escrito...

Já para não falar das coisas que se vêem no Algarve; ainda na semana passada, na Praia da Rocha, vi um restaurante que traduzia "Cozido à Portuguesa" por "Cooked Portuguese Style"...