domingo, 24 de agosto de 2008

Segurança

Este país parece o Farwest. Ouço as notícias e mesmo tentando relativizar não consigo.

Quando ouvi que num assalto a uma carrinha de valores se utilizaram explosivos ... fiquei a pensar. Desde logo, que os políticos em especial o sr. Sousa, estão muito calados. Estes senhores não sabem o que querem e como.

Estes senhores deixaram que áreas fundamentais que o Estado devia assegurar com competência, como a Justiça, Segurança, Educação, por exemplo, se tenham degradado à conta de uma visão economicista do serviço público.

Vou dar uma exemplo singelo. A iluminação urbana. Quantas ruas nós passamos e estão literalmente às escuras. As lâmpadas fundiram-se e demoram meses ou anos a serem substituídas; os candeeiros públicos são escolhidos em função de um gosto estético e não em função do cumprimento de uma necessidade - Iluminar.

Vá digam lá que isso pertence à autarquia. Pois pertence. Mas tanto os autarcas como o poder central não percebem que a segurança começa na proximidade com o cidadão.

É pequeno o exemplo, propositadamente mas... a segurança faz-se também de gestos pequeninos.

E faz-se com o exercício da minha cidadania isto é, obrigá-los a estar ao serviço do cidadão, exigindo a definição de prioridades desde as mais pequeninas às mais complexas. E não me venham dizer que não tenho capacidade para escolher o mais competente para a função.


Eu não abdico da minha cidadania.

13 comentários:

Anónimo disse...

Tem razão. Existe o número 800 506 506 para se avisar de falta de luz na via pública, MAS às vezes levam meses a vir acendê-la. Reduziram abaixo dos minimos o nº de trabalhadores. Também é verdade que há muitos moradores que assobiam para o lado porque dizem que não têm que fazer o trabalho deles; deles! ou nosso também?

Depois há a falta de sensibilidade, de educação ou como lhe queiram chamar: cada vez mais se olha para o lado ou se reclama para o ar, mas ir aos sítos certos
informar, reclamar, insistir isso...
Clotilde

Unknown disse...

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É assim mesmo, Tiazoca,

Isto parece o Farwest...

Abriram os portões do rancho e deixaram entrar os índios e os cowboys... estamos entregues à bicharada (a começar pelo des-goveno).

A ver vamos.
O problema é que violência gera violência, e não me admira que comece a haver muito imigrante (ilegal mas também legal) a sofrer na pele as consequências.

Esta onda de crimes violentos é um rastilho para a xenofobia.
Depois... bom, depois paga o justo pelo pecador, como de costume.

E, também como de costume, os borregos ficam-se a rir...

bjs

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Isabel Magalhães disse...

Querida 'Tiazoca de Oeiras';

À sua lista de áreas fundamentais que o estado deveria assegurar com competência gostaria de juntar a Saúde que está cada vez 'mais doente'...

A respeito da iluminação urbana, ligo com assiduidade para reportar falhas mas as assistentes do serviço telefónico querem sempre saber o meu nº de contrato e eu, - sinceramente - não percebo porque é que tenho que ser cliente EDP para reportar faltas de luz na via pública. Já lhes fiz essa pergunta e dizem-me que são instruções de serviço. É estranho, no mínimo...

Os crimes, e a falta de segurança que cada vez se sente mais, vão obrigar muitos pacifistas a mudarem de atitude. A Polícia prende-os e os juizes, que tem que ir 'by the book' põe-nos na rua.

'Tásse' bem!

Oeiras disse...

Volto a referir o que vi no Japão, njm centro comercial: uma funcionária cujo trabalho era passar todo o santo dia a subir e descer um elevador e, de cada vez que abria a porta, anunciava quais os produtos que se podiam comprar nesse piso.

Um emprego perfeitamente desnecessário, à primeira vista; aualquer patrão português rir-se-ia de uma coisa destas, mas se olharmos para isto como um exemplo do que uma sociedade pode fazer para que não haja desemprego (e não Japão quase não há), já parece um emprego útil, não parece?

Uma pessoa a quem dão a oportunidade de trabalhar e ganhar o seu dinheirinho, por pouco que seja, tem menos vontade de fazer disparates e ilegalidades, não vos parece?

Também, fui buscar um dos países mais afastados de nós e não só geograficamente, aquilo é como ir à Lua. Podemos arranjar exemplos bem mais próximos aqui na Europa...

meninaidalina disse...

E verificaram hoje a notícia do Diário Económico em que refere o corte de 8% ( salvo erro ) para o MAI ? Não sei... não ...
Mas, ó Tiazoca a menina deve ter informação privilegiada ?

Isabel Magalhães disse...

O Japão está muito afastado... principalmente em euros! ;)

Anónimo disse...

Oeiras:
Parece que não é só no Japão.

Em 1986 estive na Coreia em Seul e os armazéns tinham no inicio das escadas rolantes umas meninas vestidas a rigor que cumprimentavam com véntias os clientes e em cada secção havia muitas meninas para atender. Informaram-me que esta era uma maneira de empregar todo o mundo.
É que além do dinheiro que todos precisam, também faz bem ao equilíbrio psico fazer alguma coisa e cumprir horários.

Clotilde

ososilva disse...

Cheguei aqui pela notícia do PÚBLICO que mencionava este blog e dou-vos os Parabéns pelo muito trabalho feito.

Já estou um bocado velho e faço algumas confusões. Então não é que o ministro está a desmentir a notícia?

Ora vejam lá.

Ministério da Administração Interna nega corte de verbas
Hoje às 15:24
O Ministério da Administração Interna negou o corte de verbas para 2009, tal como o Diário Económico tinha noticiado. O presidente do Observatório de Segurança e Criminalidade também considera que não se pode falar em corte no investimento para a segurança interna.

Profissionais criticam diminuição de verbas para Administração Interna.

Prometo mais visitas.

Os meus cumprimentos.

O S O Silva

Tiazoca de Oeiras disse...

Ososilva seja bem vindo e volte sempre. Mas olhe que nós no OL não acreditamos muito nos anuncios do governo . A realidade mostra que dizem uma coisa e fazem outra .

De qualquer maneira, I e Clotilde informo -vos que também cá temos uns " empregos protegidos " e não falo dos boys and girls , ma sim dos cursos de formação do IEFP, que leva a que as estatisticas do emprego diminuam, embora seja normal e aceitável que se diga o desemprego é uma consequência da eficácia e da produtividade. Neoliberais ricos é o que eles são.

Isabel Magalhães disse...

Caro leitor ososilva;


Obrigada pela visita, que espero seja a primeira de muitas, e também pelo comentário.

Esse tipo de notícias servem para memória futura quando o senhor ministro vier dizer que não disse o que disse ou que disse mas não era isso que queria dizer.

Aguardemos pois...

Saudações

Anónimo disse...

A criminalidade aumenta com a pobreza?! Então é por isso que os criminosos andam a assaltar bancos, a fazer carjacking, a traficar droga, a assassinar pessoas... é porque lhes falta uma carcaça para comer!...
A demagogia do costume.

Tiazoca de Oeiras disse...

Anómico : A pobreza não é causa fundamental, mas tb é uma das causas.
O menino não pensa que ser-se criminoso é assim uma vocação inata que alguns apresentam no seu código genético, pois não.Nem acha que ser-se "mauzinho - praticar o mal" depende da religião, da cor de pele, da orientaçao sexual e por aí fora.
Olhe que o problema é muito mais complexo. Aconselho vivamente tenatr perceber o porque de alguns se " desviarem" das normas instituidas ( e já estou a dar uma dica LOL)

Unknown disse...

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Caro Anónimo (31 de Agosto de 2008 12:46),

É claro que, como a Tiazoca já lhe disse, e muito bem, a pobreza não está na razão - raiz - da criminallidade.
A ser assim, não haveria pobre que não fosse um criminoso e rico que não fosse pessoa de bem...
Pensar/crer tal coisa é, para dizer o mínimo, completamente redutor e uma substantivação de espíritos medíocres,
É certo que existe pessoa que considera que ser pobre é ser uma encarnação do 'mal' e em certo sentido um 'crime' de lesa-qualquer coisa, pessoa que afirma que só é pobre quem quer, como se tal fosse uma escolha, uma opção de vida. Mas esta pessoa não é para aqui chamada.

Conheço muitos (muitos mesmo!) pobres honrados.
Gente que vive apenas do trabalho mal pago - com dificuldades que não lembram ao Mafarrico, mas lembram a certos políticos governantes. Gente que não opta pela criminalidade.
Serem pobres não faz deles criminosos. Não praticam qualquer crime.
E como sabemos há muita gente rica a dedicar-se ao crime - alguns enriqueceram precisamente assim...

Contudo existe um aspecto que merece que nos detenhamos e lhe demos a nossa atenção.
É ele, o facto inquestionável, de que é precisamente nos países onde é maior o abismo entre ricos e pobres, onde existem mais bairros de lata (vide favelas no Rio, p.ex.), que a criminalidade tem uma expressão maior.

Nos países mais civilizados, onde há maior equilíbrio económico, mais justiça social, onde o fosso ricos-pobres está muitíssimo esbatido, e onde alguém que nasça pobre pode ambicionar vir a ser 'rico' (significa: ter o suficiente para viver com qualidade), apenas dedicando-se a estudar e a trabalhar (sendo competente), nestes países enfim, a criminalidade é muito menor.

Isto não lhe diz NADA !? Nada MESMO !?
A mim diz-me imenso.

A discussão sobre o mito do bom selvagem rousseauniano fica para outras núpcias, O.K.? :)

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